Seriedade, comprometimento e respeito. Seja com os participantes, público, patrocinadores, comunidades, autoridades, entidades, imprensa ou opinião pública.
Assim pode ser resumido o comportamento da coordenação do Ibitipoca Off Road. Em entrevista concedida ao tradicional programa “No Giro da Bola”, da Rádio CBN Juiz de Fora nesta quarta-feira, dia 3, Manoel Resende contou detalhes não só da parte técnica como do extra trilha do rallye de regularidade mais charmoso do Brasil.
E o relato de Resende ao apresentador Marcelo Juliani e ao repórter Franklin Ribeiro tornou-se um retrato fiel de como o evento é preparado com tanto cuidado para que esteja sempre a altura da expectativa de todos.
30 Anos
“Parece que foi ontem né? A gente estava aqui falando da 29ª edição do IOR e já vamos completar 30 anos de evento. É muito gratificante para nós o reconhecimento dos pilotos com o evento, que nós tratamos sempre com muita responsabilidade. Isso foi criando uma legião de seguidores. Esse ano vamos bater outro recorde de participações e estamos com uma fila de espera já de, em média, 35 pilotos. Já conseguimos encaixar alguns. Vamos para a 30ª edição e fazer história.”
Motos: grid cheio
“As inscrições de motos já estão encerradas há dois meses. Tivemos mais de 650 pilotos pré-inscritos de todo o país. Temos gente vindo desde o Rio Grande do Sul até o Piauí. Goiânia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, óbvio, muita gente. As pré-inscrições começaram em dezembro e nós limitamos a 500 vagas, mas tivemos até que estender um pouquinho mais em função do Campeonato Mineiro. Isso porque alguns pilotos aguardam para saber se eles estão indo bem no ranking, deixam para fazer a inscrição muito no final e acabam perdendo o prazo. Com isso, nós temos que abrir um pouco mais para dar oportunidade a essas pessoas de continuarem na competição.”
Como funcionam as categorias
“Nós fomos aumentando o número de categorias aos poucos e, para esta edição, são 18 só nas motos. Para que isso? Para que a gente desse oportunidade a todos os tipos de piloto. Nós temos, por exemplo, na categoria master, pilotos experientes, que correm pelo Campeonato Brasileiro, que têm um potencial de disputa enorme. Depois vêm as categorias mais abaixo delas, que são as de ascensão, vamos chamar assim. Além disso, temos a over-40, para pilotos com mais de 40 anos. Na sequência, criamos a over-45. Aí o pessoal comentou que queria mais: fizemos a over-50 e depois a over-55. Esse ano temos a over-60, e é uma categoria que está tendo muita gente. Então é uma prova bem democrática porque dá para todo mundo competir e buscar subir no pódio.”
Pais e Filhos
“Além de termos as duplas, de amigos, irmãos, que já é uma competição mais acirrada, os pilotos falavam “Ah, meu filho é novo ainda, tá iniciando. Eu gostaria muito de dar uma oportunidade a ele”. Com isso, nós criamos a categoria Pais e Filhos, tanto para os carros quanto para as motos. É uma categoria que tem um número legal e na hora do resultado é muito emocionante.”
“O interessante, que até dá uma discussão saudável, é que tem pais que estão na prova ao lado de filhos, que também já são pilotos, e os dois acabam se juntando e formando duplas fortes. Assim, fica até meio desigual com o pai que está com o filho mais novinho. A nossa ideia ali é fazer uma confraternização e a competição acaba ficando em segundo plano nessa categoria.”
Loja Oficial
“Nós vamos fazer a abertura da loja oficial e vamos convidar imprensa e patrocinadores. Na loja, vamos ter os produtos para venda, exposição de troféus que são feitos desde 1990, os mais rústicos e simplórios, que eram feitos em Lima Duarte, na comunidade, por pequenos aprendizes de marceneiro. Era uma maneira de darmos um retorno para a comunidade. Eram garotos mais simples e tinha um marceneiro que ensinava. Era uma espécie de uma escolinha e lá eles confeccionavam esses troféus.”
“Nós estipulamos um horário de funcionamento de 14h às 22h, todos os dias. Vamos ter uma motocicleta da Yamaha, que é utilizada em competições, e outra que nós caracterizamos de acordo com o evento.”
Ações fora da trilha
“Desde que iniciamos o evento, a cada ano nós fazíamos alguma ação que desse um retorno para a sociedade. Em Conceição do Ibitipoca, fazíamos ação nas escolas e recentemente incrementamos, através do Ivan Elias e da Mônica Valentim (Misto Quente Comunicação), que estão muito envolvidos no evento, com a campanha do Carbono Zero, que foi muito legal e talvez a gente consiga esse ano novamente. É uma campanha cara, porque trás uma equipe de fora e faz um levantamento de toda a emissão de gás. Esse ano fizemos outra, que será um plantio simbólico no Parque da Lajinha, na véspera do evento, onde criaremos um bosque do IOR e as árvores vão ter nomes de pilotos campeões.
Nos comprometemos também a fazer um plantio em uma área bem degradada do Parque da Lajinha e estamos também com a coleta de lixo eletrônico tanto em Juiz de Fora quanto em Lima Duarte. No ano passado, coletamos 5 toneladas de lixo eletrônico. Após coletado o lixo, nós doamos, para as escolas que necessitam, computadores originados de peças coletadas. Eu, inclusive, estou usando um na minha loja e são peças de alta qualidade e que atendem muito bem a necessidade das escolinhas.
Foi criada uma escola em Conceição do Ibitipoca e foram doados seis computadores e eles estão ensinando os garotos a lidar com essa ferramenta. Em Lima Duarte também tivemos doações de computadores, me parece que foram 12. Além disso, a Suprema faz controle de glicose e pressão arterial tanto em Juiz de Fora, quanto em Lima Duarte e Conceição do Ibitipoca. São ações que temos feito para dar um retorno para a sociedade.”
Dinâmica da prova
“O enduro de regularidade é uma prova que nós fazemos antes todo o trajeto de determinamos as médias horárias e de velocidade para cada trecho. É confeccionada uma planilha, que hoje é toda digital, e cada piloto é rastreado através de um equipamento chamado Rastro. A cada 20 segundos, larga um piloto. Vamos imaginar que tivéssemos 510 pilotos, são 170 minutos largando motocicleta. Quando tem gente largando aqui em Juiz de Fora, já tem gente que chegou lá em Lima Duarte. Tem gente chegando em Lima Duarte, a prova já chegou em Conceição do Ibitipoca.
As categorias mais experientes vão na frente, e atrás vêm os outros. Por a prova ter ficado com um número muito alto de pilotos, nós fazemos pernas. Em determinado momento, os pilotos mais experientes vão para a trilha mais difícil e os outros vão para uma trilha média e outros para uma mais fácil. Na verdade, são três provas daqui para lá, e três provas de lá pra cá.
Para tudo isso, nós fazemos um levantamento antes e testaremos a prova com um piloto que não conhece a região e não está inscrito na prova. Isso nos permite saber se as médias que estipulamos estão compatíveis com o trecho. Eu vou atrás dele para saber se tem alguma coisa a ser resolvida e nós discutimos e entramos em acordo para fazer eventuais modificações.”
Carros: ainda há tempo!
“Ainda há inscrições. Nós limitamos a 70 carros participando da prova e estamos com 60 confirmados. Nessa modalidade há uma particularidade, porque a prova de carros depende muito do resultado. Isso porque a Copa Novo Rally ainda está em andamento e eles dependiam desses resultados para saber se viriam ao IOR. O pessoal dos carros, como quase nunca estoura o número de vagas, eles geralmente deixam para última hora, mas a expectativa é de que tenhamos entre 70 e 75 inscritos.”
O ganho da região
“Quando o evento vai ganhando muito volume, alguns órgãos começam a não ter o mesmo carinho e sofrer influência do lado financeiro. Nós tínhamos as TVS que vinham, como o SporTV, fazer cobertura. O Esporte Espetacular já veio duas vezes e fez matérias enormes inclusive sobre a competição e também sobre o lado místico de Conceição do Ibitipoca, e isso divulgou muito a região. Uma produtora vendia material que ele fazia para companhias aéreas (a VARIG, na época, comprou. Em um vôo Rio-Paris, teve um amigo meu que estava dentro do avião e me falou que passaram seis minutos sobre a prova na televisão). Tudo isso tem um valor enorme para a divulgação da região.”
Brincadeira virou coisa séria
“Quando eu comecei esse evento, eu tinha uma concessionária de motocicletas e o Vinícius Kamil, que tinha uma relação forte com Ibitipoca, sugeriu de fazermos um evento, inicialmente em tom de brincadeira e sem nenhuma pretensão. O negócio tomou um vulto, e a região ajuda muito nisso porque é muito favorável à prova, e foi crescendo muito. Logicamente, a nossa responsabilidade foi crescendo, porque a partir do momento que sua prova faz parte de Campeonato Brasileiro, Campeonato Mineiro, você se envolve de uma maneira tal que, hoje, é uma obrigação que começa em janeiro.”