Juiz de Fora vai entrando para a história do esporte mundial mais uma vez. Com início nesta quarta-feira, 26, até o dia 4 de dezembro, a décima edição do Campeonato Mundial de Xadrez Escolar vem ocorrendo na cidade, no Independência Trade Hotel, ao lado do Independência Shopping. É a primeira vez que o torneio é realizado fora da Europa, trazendo à Manchester Mineira enxadristas de 6 a 17 anos de 28 países de todo o mundo.
O entusiasmo era visível no semblante de professores e jovens atletas. Ainda mais perceptível na equipe juizforana “Xadrez sem grades”, idealizada pela professora de Educação Física, Simone da Silva Lima, da Escola Municipal Gabriel Gonçalves da Silva, do Bairro Ipiranga. O projeto, de dois anos de execução, é composto por cerca de 60 alunos, mas a falta de patrocinadores não permitiu que a equipe completa participasse do Mundial. Ainda assim, o Xadrez sem grades vem sendo representado por 25 jovens na competição, enérgicos com a inédita oportunidade.
“Assim como foi a Liga X (torneio de xadrez em Juiz de Fora), tenho certeza de que o Mundial veio trazer para eles uma novidade de intercâmbio cultural, fazendo com que entendam culturas tão diferentes, reunidos em uma linguagem universal, que é o esporte. Então muitas crianças vieram me dizer que não sabiam falar japonês, mas respondi que há essa linguagem universal, então que você cumprimente seu oponente antes da partida, jogue com as regras universais e ao final cumprimente mais uma vez. O xadrez é isso”, analisou Simone.
Encabeçando o projeto de um esporte que ainda pede por popularização na cidade e no país, Simone vê a inserção do xadrez em escolas municipais e estaduais como fundamental no futuro de jovens: “Esse evento é um marco na história do xadrez e Juiz de Fora precisa despertar de uma forma muito mais forte ainda para esse jogo, esporte e arte que está espalhada no mundo inteiro. O xadrez está crescendo na cidade, mas ainda há muito o que fazer. Vejo que as autoridades locais e escolas privadas já alavancaram esse esporte até mesmo em sua grade curricular, mas as escolas municipais e estaduais precisam abrir os olhos para a importância do xadrez, popularizando o esporte. Acho ainda que há uma carência de formação de pessoas capacitadas para ensinar o xadrez na UFJF. Quanto maior o incentivo dessas entidades, teremos mais interesse e motivação no esporte, podendo descobrir novos talentos”, avaliou Simone, que a todo tempo era pausada pelo ânimo incontido de seus alunos, satisfeitos com as performances no primeiro dia de jogos.
Intercâmbio e linguagem universal Características acima mencionadas pela professora do Xadrez sem grades eram evidenciadas em vários momentos. No meio do salão próximo ao local das partidas, cinco jovens enxadristas praticavam o esporte em um tablet e, ao mesmo tempo, se conheciam, como conta a estudante Ana Clara, 13, do Sesi de São João Nepomuceno (MG), sétima colocada no Brasileiro Escolar de Xadrez. “Mesmo não falando espanhol consigo jogar xadrez com ele e adicionar no Facebook. Acho que isso é o mais legal, fazemos novas amizades nesses campeonatos”, contou, logo voltando à atenção ao jogo.
Aprovação do presidente Colaborando com a organização do evento, o presidente da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), Darcy Lima, elogiou, em conversa com o Toque de Bola, a escolha de Juiz de Fora como sede do evento: “A Confederação está muito feliz em ter trazido o Mundial para Juiz de Fora. O salão está muito bom e estamos com 28 países, o que é um marco para o Campeonato, então estamos muito satisfeitos pela escolha da sede na cidade mineira”, destacou o presidente, que ainda ressaltou acreditar no crescimento do número de enxadristas juizforanos por conta da realização do Mundial na cidade. “Esse evento é muito importante na área do desporto escolar e sabemos que quando se realiza acaba existindo uma grande mobilização, o que facilita o crescimento de uma nova leva de enxadristas”, finalizou.
Texto: Bruno Kaehler Fotos: Toque de Bola