Há seis anos no Fluminense, o atacante juiz-forano Gustavo Gomes Veiga de Oliveira Nascimento, 16 anos, assinou recentemente seu primeiro contrato com o Clube. São cinco anos de contrato, com multa estipulada em 70 milhões de euros (equivalente a 453 milhões de reais), caso surja uma proposta do exterior.
O Toque de Bola conversou não só com o artilheiro, que tem se destacado a ponto de ser lembrado em convocações para as seleções de futebol de base do Brasil, como com o pai dele, Luiz Guilherme, para avaliar e repercutir esta nova etapa da carreira de mais uma boa promessa brasileira.
Confira, abaixo, o papo com Gustavo.
Toque de Bola: O que representa assinar o primeiro contrato como profissional?
Gustavo: É um passo importante na minha carreira
TB: O que passa pela cabeça quando você fala: sou um atleta profissional. É a realização de um sonho?
Gustavo: Posso dizer que é o início de um sonho, tenho muito a conquistar ainda
TB: O que muda a partir de agora?
Gustavo: Agora sou um atleta profissional de um clube enorme que é o Fluminense mas a caminhada continua, trabalhar firme para conquistar os objetivos
TB: O clube estipulou uma multa para o caso de uma eventual transferência. Como o atleta encara isso? É uma valorização?
Gustavo: Estou muito feliz no Fluminense, não penso muito na multa, meu trabalho é dentro de campo
TB: Quais os planos agora?
Gustavo: Manter o pé no chão e trabalhar bastante para conquistar os objetivos.
Luiz Guilherme: “Tão perto e tão longe”
Pé no chão, como diz o Gustavo, é o mais importante na avaliação de Luiz Guilherme, pai do jovem atacante das divisões de base do tricolor. Ele explica: “Ao mesmo tempo que assinar o primeiro contrato aos 16 anos representa coroar o esforço feito por ele desde os tempos de Juiz de Fora e desde que chegou ao Fluminense, aos 10 anos de idade, isso não quer dizer que ele já possa se considerar um jogador que vai dar certo nos profissionais. Ao mesmo tempo que está tão perto, esta tão longe”, observa, na entrevista exclusiva ao Toque de Bola.
Luiz Guilherme revela que insiste com Gustavo sobre os perigos que os elogios podem trazer para a sua trajetória. “Digo a ele desde o início: cuidado com o elogio. Se você recebe uma crítica, você pode responder se não concordar ou aceitar aquela crítica. O elogio neste mundo do futebol é perigoso porque pode trazer uma acomodação e a gente sabe que tem centenas, milhares de pessoas que querem estar ali no lugar daquele atleta. E se o elogio vem e a pessoa acha que está tudo bem, que não precisa trabalhar mais para se manter e evoluir na carreira, pronto.”
O pai de Gustavo diz ainda ao Toque de Bola que ele, como responsável, é quem assinou o contrato do artilheiro com o Fluminense, mas que duas empresas, uma brasileira e outra da Inglaterra, são responsáveis por administrar a carreira dele. Sobre o alto valor estipulado como multa no caso de uma transferência para o exterior, Luiz Guilherme acredita que é um valor irreal, considerando as últimas transferências de jogadores da base não só do Fluminense mas do futebol brasileiro de forma geral.
Ele cita até o exemplo da negociação de Vinícius Júnior, então na base do Flamengo, para o Real Madrid (na época, foi informado valor de 45 milhões de euros, R$ 164 milhões): “É um dos poucos casos em que um clube da Europa pagou o valor integral da multa, mas eram outros tempos e antes da pandemia, hoje o cenário é bem diferente. No caso do Gustavo, o valor estipulado no contrato é altíssimo, mas a gente sabe que se houver uma boa proposta, mesmo bem abaixo do que foi registrado, pode ter interesse do clube em abrir negociação. É uma maneira que os clubes têm de se proteger.”
O mais importante, enfatiza a cada instante o pai de Gustavo, é este “tão perto e tão longe”, é conviver a cada momento com esta consciência de que basta se deixar envolver ou iludir por elogios e deixar de se dedicar para comprometer os próximos passos da carreira do filho e de tantas valorosas promessas das divisões de base.
Texto: Ivan Elias – Toque de Bola
Fotos: Arquivo Pessoal e Divulgação
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