O Estádio Municipal Radialista Mário Helênio abriu as suas portas na tarde desta quinta-feira, 11, para atletas que, em sua maioria, nunca tinham pisado em seu gramado. Em jogo, o título do torneio de Futebol dos Jogos Intercolegiais. Na final da categoria Infantil, um clássico estudantil marcado pelo equilíbrio: Instituto Granbery x Colégio dos Jesuítas. Melhor para o Granbery, que venceu, de virada, por 4 a 2, com destaque para a atuação de Luiz Gustavo, autor de três gols, sendo o último um golaço. Na final da categoria Juvenil, o Colégio dos Jesuítas venceu com autoridade a equipe da Escola Estadual Delfim Moreira por 4 a 0. Destaque para as atuações de Yuri, participou de três gols, e Luiz Otávio, balançou as redes duas vezes.
Cadê o documento?
A tarde de Luiz Gustavo começou tumultuada. Ele esqueceu a carteira de identidade em casa e por pouco não entra em campo. Valeu o apoio do pai de outro jogador do Granbery, que buscou o documento. Mas, a essa altura, a partida já havia começado, com o Jesuítas pulando na frente. Rodrigo Moreira abriu o placar. Em um contra-ataque rápido, Matheus Ferrarezi foi à linha de fundo e cruzou na cabeça de Matheus Taninho, que só teve o trabalho de empurrar para o fundo da rede: 1 a 1. Mas, logo em seguida, o Jesuítas voltou novamente a ficar em vantagem. Após contra-ataque, Bernardo Callais fez 2 a 1. O gol foi um balde de água fria na equipe granberiense.
Durante o intervalo, o técnico Alfredo Coimbra parece ter conseguido motivar sua equipe, até então atrás no placar. O Jesuítas ficou pressionado e desperdiçou a chance de marcar o terceiro. Já na metade do segundo tempo, Coimbra fez uma alteração que mudaria o resultado da partida. “Tirei meu lateral para avançar o time. Logo em seguida, tivemos um pênalti a favor, quando empatamos a partida, e depois foi só fluir o jogo”, afirma, ressaltando que foi o sexto título do Granbery na categoria Infantil dos Jogos Intercolegiais.
No empate, Luiz Gustavo cobrou o pênalti no ângulo. No terceiro, em outro pênalti em que ele mesmo terminou a jogada iniciada por Camarota, deslocou o goleiro. No último minuto da partida, o artilheiro arrancou do meio de campo, passou entre a zaga adversária, fragilizada pela ausência de um jogador, entrou na área, driblou o goleiro e tocou com calma para o fundo da rede. Festa em azul e amarelo no Estádio Municipal.
“Fui feliz. Tive sorte do conseguir o pênalti. O time estava bem no jogo, estava melhor em campo. Dei sorte de fazer três gols, sair como artilheiro do campeonato e craque da partida”, diz Luiz Gustavo, para depois comentar como foi jogar no estádio. “Aqui a grama é mais alta, mais pesada. Com dez minutos você está morto, qualquer piquezinho você fica cansado. Eu, que era goleiro e vim jogar o Intercolegial na linha, consegui suportar bem e conseguimos a vitória”, destaca o jogador, que, como goleiro, já esteve nas categorias de base do Cruzeiro.
“Foi um jogo bem difícil. Por duas vezes estivemos à frente do placar. Tivemos chance até de ampliar, mas não fizemos o gol. O Granbery voltou com uma pressão muito grande e a gente não suportou. Depois, no finalzinho, colocamos o time para frente, mas abrimos muito a defesa e eles mataram o jogo no contra-ataque. A garotada está de parabéns, principalmente pela disciplina. Mesmo com o vice-campeonato, para a gente foi muito proveitoso” analisa do técnico do Jesuítas, Arthur Castelões.
Yuri comanda o Jesuítas rumo ao título
Na categoria Juvenil, o Jesuítas não deixou o título escapar. Com um time técnico, talentoso e com bom Toque de Bola, a equipe de Yuri e Luís Otávio – o Tatá, com passagem pelas divisões de base do Vasco – não deu chances para a Escola Estadual Delfim Moreira ao vencer por 4 a 0. Tatá abriu o placar logo nos minutos iniciais ao chutar da entrada da área. Pedro Horta ampliou pouco depois cabeceando escanteio cobrado por Yuri. O terceiro, ainda no primeiro tempo, foi um golaço. Yuri dominou na entrada da área, saiu de dois marcadores, foi até a linha de fundo e olhou para dentro da área. Ao ameaçar o cruzamento, deu um corte seco no zagueiro adversário e, quando o goleiro crescia à sua frente, tocou para o centroavante Vinícius, dentro da pequena área, escorar para o fundo da rede. No segundo tempo, Tatá faria mais um batendo cruzado, fechando o placar.
Ao final da partida, Tatá, encabulado por dar entrevista, disse que a passagem de três meses pelo Vasco serviu para dar experiência. Sobre os dois gols, preferiu dividir os méritos com a equipe, que a essa altura escutava a conversa do jogador com o Toque de Bola, arrancando risadas de Tatá com as brincadeiras. Mais sério, Yuri comentou a contusão sofrida na semifinal, disputada na quarta-feira, 10.
“Acabei machucando meu joelho no jogo de ontem [quarta], na hora em que fui concluir em gol. Mas não atrapalhou na partida de hoje. Consegui ajudar a minha equipe em três gols. A equipe toda ajudou, conseguimos trabalhar bem a bola”, destaca o jogador, revelando opinião semelhante á do técnico da equipe, Rafael Belei. ” O trabalho no colégio é feito desde quando eles são novos. Esse time tem base na equipe campeã no Infantil em 2010. É um trabalho que envolve outros professores também. Hoje, eles trabalharam muito bem a bola, todos chutam muito bem”, diz, afirmando que a escolha do campo privilegiou a sua equipe.
Após a partida, um dos responsáveis pela equipe da Escola Estadual Delfim Moreira, Rodrigo Duque, enalteceu o esforço dos jogadores. “Considerando a falta de estrutura, a dificuldade de treinamento, não termos campo nem tempo para treinar, a participação foi extremamente honrosa, os meninos deram o melhor deles, conseguimos chegar à final, o que não era esperado, por puro mérito e esforço desta garotada”, analisa.
Um dos destaques do Delfim Moreira foi o meio de campo Iago de Oliveira, o Balotelli. Após a partida, mesmo com a derrota, não deixou de exibir um sorriso no rosto. “Estávamos unidos, mas não tivemos tempo de treinar. A equipe dos caras entrou mais organizada e, em um campo grande, isso favoreceu o time deles. Tocaram melhor a bola. Quando fomos correr atrás, já estava muito tarde”, diz, comentando ainda o apelido. “Isso é moda que a gente inventa. Brincadeira com a rapaziada”. Perguntado se treina em algum clube local, Balotelli revelou que no passado treinou futebol, mas que não tem grandes sonhos com a bola. “O tempo para jogar bola já deu. Agora é só correr atrás, estudar e seguir a vida”, revela o estudante do 3º ano do Ensino Médio.
Texto e fotos: Thiago Stephan