Por Thiago Cara (ESPN Brasil)
Eram 23 minutos da segunda etapa, o Granada ia conseguindo um improvável empate contra o Barcelona, em pleno Camp Nou, quando Messi recebeu lançamento de Daniel Alves. Na cabeça do argentino, a iminência de se tornar o maior artilheiro, em jogos oficiais, do clube catalão. Na do goleiro Júlio César, um filme se repetia. Mais uma vez, tinha um craque a sua frente, prestes a fazer história.
Nessa terça-feira, com a frieza costumeira, o argentino deu um toque sutil, encobrindo o arqueiro, e conseguiu o feito histórico. Porém, há cinco anos, a situação foi diferente. Em 2007, Júlio César tinha apenas 20 anos e defendia as cores do Botafogo. O artilheiro na equipe adversária era Romário, jogando pelo Vasco, buscando apenas um tento para atingir a marca de mil gols.
Foram duas oportunidades, em dois jogos válidos pela da Taça Rio, do Campeonato Carioca. No primeiro duelo, pela quinta rodada, Romário teve exatamente quatro chances para marcar. Em uma delas, com o capricho da história e a genialidade de grandes jogadores, o Baixinho recebeu passe e também tocou por cobertura. A bola passou pelo goleiro, mas subiu muito e foi por cima do travessão.
Dias mais tarde, Vasco e Botafogo voltaram a se enfrentar. Romário e Júlio César se viram frente a frente mais uma vez. Dessa vez, pelas semifinais do segundo turno do Estadual, o goleiro teve que buscar a bola nas redes em quatro oportunidades. O arqueiro falhou, foi encoberto, mas não sofreu o milésimo do Baixinho.
O jogo terminou empatado em 4 a 4, e a decisão ficou para os pênaltis. Júlio César defendeu a cobrança de Morais, atualmente no Bahia, e ajudou o Botafogo a se classificar para a final da competição. Mais tarde, o clube alvinegro conquistaria o título do turno, mas perderia a decisão do Campeonato Carioca para o Flamengo.
O arqueiro foi muito criticado na ocasião, após ter sido expulso na primeira partida das finais. Sem espaço entre os titulares, Júlio César rumou para o futebol português. Contratado pelo Belenenses, não conseguiu evitar o rebaixamento de seu time, mas com boas atuações chamou a atenção do Benfica, que o contratou em 2009.
Em Lisboa, não conseguiu se firmar como titular e, no início da temporada, foi emprestado para o Granada, da Espanha. O que Júlio César não esperava é que seria em seu primeiro ano em um clube recém-promovido à primeira divisão do Campeonato Espanhol que a história voltaria a cruzar sua trajetória. Mas cruzou.
Se Lionel Messi irá se tornar o melhor jogador de futebol de todos os tempos será difícil saber. O certo é que já está escrito na história que o argentino superou César Rodríguez, se tornando o maior artilheiro em jogos oficiais da história do Barcelona, porque balançou as redes defendidas por Julio César Jacobi, do Granada Club de Fútbol. Ao menos isso, ninguém poderá questionar.
Texto: www.espn.com.br
Foto: EFE