Bicampeão olímpico (Barcelona 1992 e Atenas 2004) e campeão mundial (Argentina 2002) com direito a fazer o ponto do título com um ace, o juiz-forano Giovane Gávio tem uma história recheada de grandes momentos e muitos louros coletados com a seleção brasileira. Após encerrar a carreira do lado de dentro da quadra, ele volta a fazer parte do selecionado nacional, desta vez como treinador do time Sub-21 masculino.
Ao Toque de Bola
Quando jovem, nos anos 80, Giovane defendia o Clube Bom Pastor e foi aprovado numa “peneira” do Banespa, na capital paulista. Em São Paulo, conseguiu se destacar e passou a ser chamado para divisões de base da seleção de vôlei com frequência, até “estourar” com carreira de bicampeão olímpico, além de diversas outras conquistas internacionais e premiações individuais.
Toque de Bola: Como você vê essa faixa de idade que vai treinar, quando se lembra que também foi jogador das divisões de base da seleção, antes mesmo dos 21 anos? O que tem de mais diferente tanto tempo depois?
Giovane: “Os desafios inerentes à juventude, como nervosismo, ansiedade e incertezas são as mesmas, mas as condições de trabalho são infinitamente melhores. É uma geração que precisa entender o porquê das coisas. Na minha geração fazíamos o que era pedido e pronto, agora procuramos criar um ambiente de entendimento e comprometimento”.
Toque de Bola: Você disse em algumas entrevistas que seu objetivo é treinar a equipe principal. Acha que em quanto tempo poderia alcançar este objetivo? Aceitaria um convite em breve caso o Bernardinho não renove agora ou saia num futuro próximo?
Giovane: “Agora não é hora de pensar nisso. Responsabilidade é grande aqui, estou retomando agora a carreira de treinador, tenho que ralar bastante. Estou montando um time de vôlei aqui no Rio de Janeiro também, então tenho que pensar no presente. Não dá para pensar no futuro ainda não. Melhor cuidar direitinho do que está acontecendo agora porque está sendo muito bacana”.
“Responsabilidade bacana”
Giovane assumiu o cargo após os Jogos Olímpicos Rio2016, quando encerrou o projeto como Gerente de Competições de Voleibol do evento. Agora ele tem pela frente o desafio de passar às novas gerações a importância de defender as cores do Brasil.
“Recebi o convite da CBV com uma alegria muito grande, é uma honra poder ter a oportunidade de voltar à seleção brasileira. Este é um ambiente em que fui muito feliz e alcancei muitas conquistas, mas agora tenho uma responsabilidade bacana de contribuir. Um dos maiores aprendizados que tive dentro da seleção brasileira foi aprender a servir. E a sensação agora é essa, estou aqui para servir, compartilhar um pouco da minha história com eles”, contou Giovane à assessoria da Confederação Brasileira de Vôlei.
Sul-Americano na Argentina
A primeira grande competição será no próximo mês: o Sul-Americano da categoria, a ser realizado em Bariloche, na Argentina. Além do título, estarão em jogo a hegemonia continental e uma vaga no Mundial da República Tcheca em 2017. No entanto, o treinador parece tranquilo para enfrentar os desafios de manter a bandeira brasileira no topo do pódio e inspirar os jovens atletas.
“Acho que a maior contribuição que eu posso dá-los é inspirar, encorajá-los a trabalhar, buscar o melhor deles, entender o que isto representa, o quanto essa camisa é importante. Eles precisam entender isso desde novos. É uma responsabilidade vestir a camisa da seleção brasileira. Existe muita dedicação e amor a isso, acima de tudo uma responsabilidade de dar continuidade do legado das outras gerações. De certa forma existe uma vontade maior de ouvir, de querer. Estou muito contente com isso. O time está muito imbuído de trabalhar, buscar novos conhecimentos. Temos uma comissão técnica muito bacana, a gente divide as experiências, é um grande aprendizado. Estou chegando cheio de entusiasmo”, comentou o novo treinador em entrevista à Assessoria de Comunicação da CBV.
Testes no ginásio do Bota
O bicampeão olímpico Giovane Gávio assumiu o comando da seleção brasileira masculina Sub-21 a pouco menos de um mês e já está em plena atividade. Com a proximidade da primeira competição oficial na nova função, o Sul-Americano da categoria, que acontece no final de outubro na Argentina, o treinador já pôs à prova os jovens talentos do voleibol nacional. Nesta semana o time brasileiro disputou um quadrangular amistoso no Rio de Janeiro (RJ).
Os participantes do torneio, além da seleção sub-21, foram o Bolívar (ARG), um dos principais times da Argentina e que está em fase de preparação para o mundial de clubes que acontece também em outubro em Betim (MG); o SESC-RJ, equipe recém-formada e que conta com nomes já rodados na superliga como o central Tiago Barth e o levantador Everaldo; e o Botafogo (RJ), que sediou as partidas no ginásio Oscar Zelaya, na sede de General Severiano do alvinegro carioca.
“Considero a nossa participação positiva, foi um belo desafio jogar contra times mais maduros, com a velocidade dos levantadores e o alcance dos atacantes bem diferente da nossa realidade. Foram três partidas importantes para conhecer ainda mais as reações e comportamentos de cada jogador, gostei do que vi, e foi uma semana de muito trabalho e crescimento”, comentou Giovane.
Na estreia contra os argentinos, na terça-feira (13.09), os brasileiros foram superados em três sets (22/25, 22/25 e 3/25). No jogo seguinte, na quarta-feira (14.09), um duelo equilibrado contra o SESC-RJ que terminou com vitória do selecionado brasileiro no tiebreak (21/25, 25/22, 22/25, 25/17 e 15/12). Nesta quinta-feira (15.09), mais uma partida equilibrada, mas os anfitriões do clube carioca acabaram levando a melhor em 3 sets a 1 (23/25, 11/25, 25/19 e 19/25).
“No primeiro jogo o time conseguiu jogar muito bem nos dois primeiros sets, mas cometeu alguns erros na parcial final, e, uma equipe com a qualidade do Bolívar não perdoa. Contra o SESC Rio já nos sentimos mais à vontade em quadra e conseguimos manter um padrão mais elevado de saque e ataque, jogamos mais soltos e conseguimos a vitória. No último jogo, contra o Botafogo, optei por entrar com o time que ainda não tinha jogado e não fomos bem na organização do sistema ofensivo. Também cometemos muitos erros na recepção”, analisou o treinador.
Após a semana movimentada no Rio de Janeiro (RJ) a seleção Sub-21 terá mais um grande desafio na sequência com uma série de cinco amistosos contra a Argentina Sub-21 no Centro de Desenvolvimento de Voleibol (CDV) em Saquarema (RJ) entre os dias 19 e 24 deste mês. Para Giovane o desafio não será menos duro.
“Semana que vem teremos um período importante de treinamento, pois jogaremos uma série de amistosos contra a seleção da Argentina da mesma categoria e que é forte adversária para o Sul-Americanos”, completou o técnico.
O torneio Sul-Americano Sub-21 masculino acontece entre os dias 17 e 24 de outubro, em Bariloche (ARG), e além do título vale vaga no mundial da categoria na República Tcheca, em 2017.
QUADRANGULAR AMISTOSO
13.9 (TERÇA-FEIRA) – BRASIL 0 x 3 Bolívar (ARG) (22/25, 22/25 e 13/25)
14.9 (QUARTA-FEIRA) – BRASIL 3 x 2 SESC-RJ (21/25, 25/22, 22/25, 25/17 e 15/12)
15.9 (QUINTA-FEIRA) – BRASIL 1 x 3 Botafogo (RJ) (23/25, 11/25, 25/19 e 19/25)
Texto: Toque de Bola e Assessoria de Comunicação CBV
Edição: Toque de Bola
Fotos: Assessoria de Comunicação CBV
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