
Neste final de semana, o juiz-forano Israel Lima de 18 anos escreveu mais um capítulo do novo desafio na carreira.
Para quem não o conhece, ele é lateral-direito na equipe do Cruzeiro que disputa o Brasileiro sub-20. O time empatou neste sábado (1 a 1) diante do Goiás. Com duas vitórias (contra Vasco e Santos) e uma derrota (para o Bahia), a equipe ocupa a quarta colocação.
“Estar no Cruzeiro para mim tem sido um recomeço. Após ter uma passagem de 5 anos pelo Fluminense, a expectativa é imensa de ser campeão. Acredito que fica marcado na história quem vence”, disse ao Toque de Bola.
Ele foi contratado pelo time mineiro em agosto. E o acerto prevê que ele esteja à disposição da equipe profissional.
“Subir ao profissional do Cruzeiro também é uma de minhas metas. Isso é um sonho não só meu, mas de todos que sempre estiveram comigo. Nessa trajetória tive muitas pessoas que me ajudaram e me incentivaram, como meus treinadores Walmir Lima e Renato Neder, do São Bernardo. Foram pessoas que me ajudaram a evoluir e me preparar para chegar aonde estou hoje. Sou grato a eles por tudo que fizeram por mim”, destacou.

Para entender a origem nos campos de Juiz de Fora e a base desta promessa do futebol, o Toque de Bola conversou com o pai de Israel, Jones Moreira de Lima, e o treinador do Bonsucesso, Walmir Lima.
Foco e determinação
O talento de Israel se manifestou desde pequeno. Jones conta que os treinadores ficavam surpresos e diziam que ele tinha potencial para seguir no futebol. E para desenvolver o talento, variou de posição.
“Eu já o vi jogar de meia, volante e, no Fluminense, colocaram ele de lateral-direito. Ele foi disputar uma competição em 2017 e não dava pra levar 22 jogadores. O que fizeram? Botaram ele de lateral-esquerdo. Até goleiro! Ele cata bem, mas eu falei pra ele não ir pro gol. O problema é que, se o goleiro toma um frango, xingam a coitada da mãe. A mãe dele não merece isso, não”, disse Jones.

Foto: arquivo pessoal
A ligação com os parentes é outra característica importante na formação de Israel, segundo o pai. “Ele é um menino que sempre ouviu os conselhos meus, da mãe, das tias, tem um tio que é a mesma coisa que um pai pra ele. Todo santo dia ele liga, pede benção, pede pra gente colocá-lo nas orações. Ele sempre foi muito família mesmo”.
Jones define o filho como alguém que dá tudo em campo e que é muito crítico de si mesmo. Neste ano, após o fim do contrato com o Fluminense, se cuidou para estar em forma para quando surgisse uma nova oportunidade.
“Quem o conhece sabe que ele é educado, responsável, não gosta de farra, de bagunça, não tem vícios, ele é focado naquilo ali. Durante a pandemia, a minha varanda dos fundos foi local de treinamento. Ele treinava com bola, arrumou uns cones para saltar, para fazer dribles. Ele é muito focado”.
Jones Moreira de Lima afirmou que todos os treinadores contribuíram para a formação do caráter, da personalidade e para que Israel se aprimorasse como jogador. E é aí que a história encontra outro personagem: Walmir Lima.
Exemplo e felicidade
O pai garante que muitas medalhas do filho em casa se devem ao tempo em que Israel jogou sob o comando de Walmir Lima, no Bonsucesso Futebol Clube. O jovem de 18 anos começou e ficou por cerca de cinco anos no projeto de Juiz de Fora que usa o esporte para tirar crianças e adolescentes das ruas. Inclusive ele foi um dos entrevistados na matéria do Toque de Bola, em 2016, que falava sobre o projeto.
No vídeo, Israel aparece (em 2016) no tempo 7:40
E manteve o contato com as origens, segundo o treinador Walmir Lima. “Ele está muito feliz, converso com ele direto. É um menino muito bom, dedicado, humilde. Sempre que está de férias, vem aqui no campo e treina e brinca com os meninos. Isso é o que eu acho mais importante nele. No início do ano, tivemos um campeonato em Belmiro Braga. Ele jogou com a gente e fez o gol do título”, contou.
Por isso, o avanço na carreira foi celebrado pelos amigos que deixou em Juiz de Fora. O texto na rede social define “Orgulhosos com cada conquista de um filho”. A nova casa de Israel foi uma boa notícia para Walmir Lima em tempos de atividades suspensas por causa da pandemia.
“Estou sem trabalhar há seis meses. Espero essa vacina chegar para ter mais tranquilidade. Todo cuidado é pouco. Eu faço esse trabalho há mais de 20 anos e mexo com garotos dos 9 aos 18, 19 anos. A gente fica feliz de saber que ele está focando no que quer ser e emocionado porque é uma criança saiu daqui”, resumiu.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: arquivo pessoal e divulgação