FMF cogita retomada! Baeta diz que não é obrigado…

  Depois da volta de Atlético, Cruzeiro e América aos treinos, o presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Adriano Aro, se animou a fazer uma previsão de retomada do futebol em Minas Gerais. Mas, se depender do Tupynambás, o Campeonato Mineiro não retorna.

Aro prevê que o futebol em MG volte em junho ou julho

  Em uma live na quinta, dia 21, Aro disse que a primeira quinzena de junho é a previsão mais otimista para o Estadual voltar. Destacou que a entidade depende do Governo de Minas e das prefeituras para isso, e que o prazo mais realista seria o mês de julho. Nesta segunda, dia 25, deve ser promovida uma reunião virtual entre o mandatário da Federação e os representantes dos clubes da elite do estado.

  Para o fim do torneio, ainda segundo o presidente, seriam necessárias seis ou quatro datas, a depender da possibilidade de realizar as semifinais e final em jogo único.
  O mandatário reforçou também que a FMF não trabalha com a hipótese de não terminar o Campeonato Mineiro em campo, e disse que, por terem recebido toda a cota de TV de 2020, as equipes seriam obrigadas a cumprir um número mínimo de jogos.

Rota de colisão  

  As declarações de Aro não pegaram bem na diretoria do Tupynambás, como aponta o vice-presidente e homem forte do futebol do Baeta, Cláudio Dias. “Junho é semana que vem. Como vamos voltar se não temos posição oficial, datas? Como querem que a gente volte para algo que depende do Governo de Minas e das prefeituras? Não há sinalização, por exemplo, da Prefeitura de Belo Horizonte, em liberar os jogos. Somos radicalmente contra esse posicionamento. Morrendo mais de mil pessoas por dia no país e ele falando em campeonato?”

Segundo Cláudio, Baeta não tem obrigação de jogar

  O dirigente local lembra que os treinos estão proibidos em Juiz de Fora por decreto municipal e considera que o Baeta não é tem obrigação de jogar por conta do compromisso com a TV detentora dos direitos de transmissão. 
  “O Tupynambás não se sente obrigado a jogar. Nosso contrato com a FMF é de que o campeonato terminaria em 26 de abril. Poderia haver um pequeno atraso, mas esse com a pandemia foi completamente imprevisível. A cota de TV se refere aos jogos contra Cruzeiro, Atlético e América. Ninguém transmite URT x Uberaba, por exemplo. Isso o Tupynambás já cumpriu, entregamos o produto.”

Rasgar o regulamento

  “As equipes não se negaram terminar a competição em campo até 26 de abril. Mas já tem um mês além dessa data. Da mesma forma que recebemos a cota de TV, ela era para pagar atleta até o fim do último mês. Vamos receber mais um valor para pagar o período a mais aos atletas? Aconteceu um problema, a pandemia, que afetou tanto a Federação quanto os clubes. O país, o estado e o município estão em calamidade pública. Isso justifica não acabar a competição, sem essa cobrança da televisão. Estávamos disponíveis para jogar até o fim do período. Mas não foi possível. Não é culpa da FMF ou do Baeta ou de outros clubes. Então, não há obrigação em jogar”, avalia.

   O cartola do Baeta também criticou a falta de informações da FMF neste período de pandemia e a proposta de encurtamento do Mineiro ventilada por Aro. “A Federação fez uma reunião no dia 15 de março e só. Já realizou um encontro com o times do Módulo 2, mas conosco nada. Se quiserem terminar o Mineiro, têm que fazer todo pacote. As duas rodadas da primeira fase, as semifinais ida e volta e a final no mesmo sistema, além da Taça Inconfidência e da Recopa Estadual. Se não, ela mesma vai estar descumprindo o próprio regulamento. Não pode chegar agora e mudar o sistema de disputa. Se quer acabar, tem que acabar tudo. Como os clubes são obrigados a jogar se a Federação não é obrigada a cumprir o regulamento”, questiona Dias, acrescentando que, em seu entendimento, nada pode ser imposto.

Para Aro, o regulamento feito no arbitral poderia ser mudado

Desequilíbrio 

  Os custos de uma nova montagem de time, já que os contratos do elenco venceram no fim do último mês, também seriam empecilhos para a volta do Baeta ao Mineiro. “Os jogadores receberam até o fim, até abril. Agora, para colocar o time em campo novamente, precisamos contratar atletas por mais, o mínimo de dois meses. Quem é que vai pagar as custas dos novos contratos? A Federação? A TV? Não existe como se achar um culpado pelo que houve. Nenhum juiz, que tenha um raciocínio no mínimo sério, vai punir o clube por isso (deixar de jogar). Querem continuar o campeonato? Paguem a cota de mais dois jogos, e colocamos em campo um time que vai cumprir tabela”, diz Cláudio.   

  A previsão do dirigente é que a competição, caso retorne, seja de baixa qualidade ou esvaziada. “O que vai ocorrer é que nenhuma equipe que não está jogando para fugir do rebaixamento vai investir para remontar o time. Jogará com atletas com nível mais baixo. Isso mexe no equilíbrio da competição. A URT já dispensou o elenco, o Patrocinense, o Uberlândia. Eles enfrentam equipes que influenciam diretamente no rebaixamento, prejudicando o Tupynambás. Isso a FMF não tem como resolver. Não tem como voltar. Pode fazer como fez o Gaúcho, não haver descenso. Desta forma, nós também não iremos gastar dinheiro para montar um time para cumprir tabela. Isso não seria interessante para o torneio, a meu ver”, considera Dias, prevendo um verdadeiro fiasco caso o Estadual retorne. 

Justiça 

URT, última adversária do Baeta, dispensou jogadores

  Cláudio acredita que, caso o impasse permaneça, o Baeta pode até mesmo ir aos tribunais para defender seus interesses. “A possibilidade de acionar a Justiça existe. É um direito. A partir do momento que estamos fora do período de contrato, vamos fazer ou não conforme nossas condições. Não estamos dizendo que não queremos jogar. Estamos informando que não temos como jogar. A não ser que a Federação mude tudo. Da forma como está colocada a volta, não há obrigação e vamos procurar os direitos do clube”, adianta.

Sem desistência prévia 

  Mesmo com o impasse no horizonte, Dias quer aguardar uma posição da entidade para que o clube se posicione também. “Não vamos fazer um documento, como o Tupi, desistindo do Campeonato Mineiro. Vamos aguardar um posicionamento oficial da Federação.  Atualmente, precisamos de pelo menos 40 dias para montar e preparar a equipe em um tempo muito rápido, seria recorde eu diria.”

  Série D: outra incógnita

  O mesmo serve para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série D. “Temos patrocinadores e atletas para a Série D. Também precisamos de um posicionamento oficial. Era para se iniciar em maio, mas não foi possível. Precisamos saber quando começa, como será o sistema. Caso mude, por exemplo, do sistema de chaves com jogos em turno e returno para mata-mata, por exemplo, não é interessante. Por enquanto, as pessoas estão falando, falando, mas nada oficial”, lamenta Cláudio.     

Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos com informação do Instagram @professorjulianolopes

Fotos: divulgação FMF; Rise Up Mídia; divulgação URT

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