No verão, os praticantes de esporte, profissional ou amador, devem redobrar os cuidados com a pele, para não ter que lidar com consequências mais tarde.
Por isso, o Toque de Bola conversou com a dermatologista do Plasc, Laís Villela, para elencar as dicas, os cuidados e os riscos de quem ignora ou não se atenta à importância de se proteger adequadamente para se exercitar ou se divertir neste período do ano.
E ainda tem um adendo: ninguém pode descuidar da pandemia do novo coronavírus, que registra aumento de casos provocados pela variante ômicron.
“Nós ainda vivemos no cenário de pandemia. Além de manter o uso da máscara e manter o distanciamento social, vamos nos lembrar de vacinar a segunda dose e também a dose de reforço. É muito importante para que a vacina tenha eficácia e que a gente consiga diminuir e manter esse vírus em baixa circulação”, reforçou.
Regra básica: se proteger dos raios ultravioletas (UV)
A dermatologista explica que, para a saúde da pele, é necessário aplicar filtro solar diariamente. E o ideal é se expor ao sol no máximo até as 10h e depois das 16h, especialmente no verão.
Vai nadar na piscina ou na cachoeira ou pedalar ou fazer qualquer exercício ao ar livre? Laís Villela reforça que todos devem fazer uma consulta ao dermatologista para entender que os cuidados começam com o filtro solar adequado.
“Aplicar o filtro solar 20 minutos antes de se expor ao sol. Deve ter um fator de proteção no mínimo 30, tentar usar um específico para esportistas, daqueles que não saem com o suor. Reaplique o filtro solar a cada 2h e caso transpire ou tenha contato com água”, disse.
No entanto, a médica ressalta que as medidas preventivas não devem parar no uso adequado do filtro solar. “Utilize também roupas com proteção solar, por exemplo, chapéu, boné, camisa. É importante utilizar óculos escuros. E não podemos se esquecer de nos hidratar”.
Pós-sol e alimentação
Após sair do sol, a dermatologista explicou que as pessoas devem se hidratar e usar um hidratante dermatológico e também substâncias calmantes, como aloe vera, chamados de “pós-sol”.
A escolha por determinados alimentos também ajuda na manutenção de uma pele saudável. Laís Villela diz quais devem ser priorizados.
“Alimentos que possuem ação antioxidante ajudam a saúde e a beleza da pele, porque o sol, os raios solares oxidam a pele. É muito comum que as pessoas se lembrem de frutas cítricas como a laranja, mas acabam se esquecendo de outros que também tem essa função, como linhaça, azeite de oliva, aveia, açafrão, mamão, abacaxi, frutas vermelhas”.
O preço do descuido
Muitas vezes, a empolgação por estar ao ar livre, fazendo uma atividade que gosta, leva ao esquecimento de uma destas medidas de proteção. E a pessoa pode terminar precisando de atendimento médico.
“O mais comum que vemos no consultório, quando as pessoas chegam com queimaduras ou então desidratadas. É muito importante se hidratar, lembrar que no verão a gente desidrata muito mais rápido, principalmente quando estamos fazendo atividade física ou expostos ao sol, porque transpiramos mais. Além da queimadura solar, que causa dano muito grande, tanto estético como incomodo”.
O excesso de exposição da pele ao sol causa o envelhecimento precoce e o danos a pele, como explica Laís Villela.
“Manchas, melasmas, que são aquelas manchas acastanhadas no rosto, melanoses solar, que são aquelas manchas acastanhadas nos braços, as leucodemias, que são pontinhos brancos muito comuns nos membros superiores e tronco, além disso poiquilodermias e telangiectasias, que nós chamamos de fotodano. É quando a luz solar acaba dilatando os vasos, então fica com aspecto avermelhado no tórax, pescoço, no torço”.
A queimadura solar costuma ser desencadeada pela pressa em ter uma pele bronzeada. A prevenção é ter paciência e usar autobronzeadores junto com o protetor solar, ambos com a orientação médica. E nada de arriscar receitas sem comprovação científica.
“Muito cuidado com essas receitas caseiras para bronzeamento porque isso é muito perigoso, pode dar também reações alérgicas graves além de queimaduras solares. Devemos lembrar que, para bronzear, nós precisamos ativar a melanina e os melanócitos. Isso é gradual. Não existe bronzeado de ‘ficar um dia só na piscina sem usar o protetor solar’ Isso é muito grave, pode gerar a queimadura solar e provocar com o tempo o câncer de pele”, destacou a dermatologista do Plasc.
Câncer de pele: o mais comum no Brasil
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) informa que 30% dos cânceres no país são registrados na pele. A exposição prolongada e repetida ao sol é um dos fatores de risco para a doença.
O tumor mais frequente no Brasil é o não melanoma, que é o de menor mortalidade, mas que pode deixar mutilações expressivas se não for tratado corretamente. Em 2020, a estimativa era de 176.930 novos casos no Brasil, sendo 83.770 em homens e 93.160 nas mulheres. O Atlas de Mortalidade por Câncer contabilizou 2.616 mortes: 1.488 homens e 1.128 mulheres.
O tipo mais grave de câncer de pele é o melanoma, que corresponde a 3% dos casos. É o que possui alta possibilidade de metástase, quando afeta outros órgãos.
Em 2020, a estimativa apontava 8.450 novos casos no país, divididos quase que igualmente entre homens (4.200) e mulheres (4.250). O Atlas de Mortalidade por Câncer indicou 1.978 mortes, a maioria de homens, 1.159.
Pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. O diagnóstico precoce favorece o prognóstico dos pacientes. Por isso, Laís Villela recomenda atenção ao aparecimento de sinais no corpo.
“Lesão de aparência brilhante, tenha mais de um tom, seja avermelhada ou então acastanhada, rosada que tenha uma crosta que sangra facilmente ou uma pinta escura preta ou castanha. Se a mancha mudou sua textura, tornou-se irregular nas bordas, ou é ferida que não cicatriza, que continue a crescer, apresente coceira, crosta ou então sangramentos. Caso tenha essas características, procure imediatamente um(a) dermatologista”.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Imagens: Freepik