Quando a bola voltar a rolar na maioria dos países pelo planeta, as partidas podem contar com uma mudança nas regras para aliviar a sequência de jogos em intervalo de tempo curto.

  Pensando em preservar os atletas, a Fifa propôs no início desta semana que os times possam fazer até cinco substituições por jogo, ao invés das três usuais. A medida teria que passar por avaliação da International Board (IFAB), que cuida das normas e regras do futebol, duraria até o fim de 2021 e já causa repercussão. Na opinião de quem está envolvido no dia a dia dos atletas, o número maior de troas pode fazer um efeito produtivo não só no aspecto físico, mas também nas partes técnica e tática das partidas.

Na arbitragem

  O ex-árbitro Álvaro Quelhas, que recentemente contribuiu com exclusividade para a rádio Nas Ondas do Toque sobre mudanças nas regras a serem testadas em um futuro próximo, também considera acertada a medida. 

  “É uma boa medida, considerando o cansaço e o excesso de jogos. A Fifa está no caminho certo. Chamo a atenção pois não é uma alteração de regra. É só a adoção de um período que seria adotado isso. Não haverá tempo para os testes, relatórios e análises tradicionais. O que será feito é um pedido para a International Board para que se autorize esse período de exceção. Certamente vai se abrir uma porta para a análise de mais substituições no futuro”, avalia Quelhas que é favorável ao aumento de substituições no futebol, mas acredita que o tema requer avaliações mais profundas. 

Mudar e poupar

  Para o preparador físico Luís Augusto Alvim, com passagens em clubes como Tupi, Sampaio Corrêa-MA e São Bento-SP, o expediente pode evitar o esgotamento dos atletas. “Entendo que vem a contribuir com o jogo e o espetáculo. Quando o desempenho começar a cair, você tem um ganho. Com relação ao risco de lesão, pode ser muito útil. Você não precisaria levar o atleta ao limite. Evitar que ele deixe o jogo esgotado, com risco até de não se recuperar para os próximos jogos. Como podem ser relacionados 12 atletas no banco agora, poderia usar mais alternativas.”

  Chefe do departamento de saúde do Tupynambás, o fisioterapeuta Marco Aurélio “Dezoito” del Papa, destaca quem pode ter mais benefício com a adoção de mais substituições. “É interessante em todo os sentidos. Técnico e táticos, além do físico. Essa ideia de que eles podem voltar com jogos em intervalos de 48 horas requer uma avaliação fisiológica de cada jogador. Principalmente quem produz mais, no meio, ataque. Jogadores de força e explosão, além dos mais velhos, poderiam ser beneficiados com esse expediente”, considera.

Trâmites

  A proposta da Fifa vem em um contexto no quem algumas ligas e federações ainda esperam completar a temporada, apesar de diversas algumas das principais competições pelo mundo já estarem sendo canceladas. Para que os torneios continuem, a previsão é de que rodadas de diferentes disputas nacionais e continentais teriam que ser realizadas em um período mais curto que o normal assim que os jogos forem retomados.

  Em email enviado à Agência Reuters, da Inglaterra, a Fifa informou: “uma preocupação é que a frequência de jogos acima do normal pode aumentar o risco de lesões em razão de uma sobrecarga nos jogadores”.  Assim, “cada time teria a possibilidade de utilizar até cinco substituições em uma partida, com uma substituição adicional no tempo extra, quando necessário”, explicou a entidade na nota, acrescentando que as mudanças teriam de ser feitas em um máximo de três blocos, além do intervalo entre o primeiro e o segundo tempo.

Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos com informações da Agência Reuters

Fotos: Facebook Fifa; Facebook The IFAB; e Júnior Ayupe/Tupi FC