Em partida que terminou com muitos protestos junto à arbitragem da Federação Mineira justo num choque mineiro pela Superliga, o Vôlei UFJF foi derrotado pelo Minas por 3 sets a 0 (15/25, 22/25 e 27/29) na noite deste sábado, 20, no ginásio da Faculdade de Educação Física da UFJF, pela segunda rodada do returno da Superliga masculina 2014/15.
Com o resultado, a equipe juizforana permanece fora da zona de classificação para os playoffs, com 12 pontos, três atrás de Montes Claros e a ainda viu a distância para o Vôlei Canoas aumentar para quatro pontos – neste sábado Canoas superou Ziober Maringá, em Maringá, por 3 sets a 1.
Já a tradicional equipe de Belo Horizonte voltou a ultrapassar na classificação o Sesi-SP, que também venceu – 3 a 1 sobre o Voleisul/Paquetá, mais cedo, em Novo Hamburgo (RS). O Taubaté bateu Vôlei Brasil Kirin, em Taubaté, por 3 a 0.
A segunda rodada do returno da Superliga masculina 2014/15 tem mais dois jogos programados: neste domingo, 21, 19h30, entre Montes Claros e Sada Cruzeiro, e no dia 21 de janeiro, reunindo as duas equipes com menor pontuação: o lanterna São Bernardo receberá o São José, penúltimo colocado.
O lance polêmico do jogo
Depois de um primeiro set que começou equilibrado, mas terminou fácil para o Minas – 15/25, a equipe juizforana subiu de rendimento a partir do segundo set, equilibrando o jogo em diversos momentos – na reta final, o sexteto da capital mostrou mais tranqüilidade e fechou em 25 a 22.
No terceiro parcial, o time local começou muito bem e entusiasmou o torcedor. Começou a abrir vantagem já nos primeiros pontos e chegou a 14 a 10. Foi neste momento que ocorreu o lance que pode ser considerado a “gota d´água”, como foi tratado pela direção do Vôlei UFJF após a partida.
O experiente Manius, camisa 13 da Federal, disputou uma jogada próximo a rede e levou a melhor. Seria o ponto do 15 a 10. Sem que houvesse em quadra reclamação por parte dos atletas do Minas e antes que a partida prosseguisse, o segundo árbitro Ivan Eustáquio Cardoso informou uma suposta irregularidade no posicionamento de Manius na jogada ao primeiro árbitro Luis Henrique Coutinho. Aparentemente sem contra-argumentar, o primeiro árbitro aceitou a informação e reconsiderou, dando o ponto para o Minas, apesar da incredulidade do atleta da Federal ante a intervenção no placar.
Dali em diante, coincidência ou não, o Minas reagiu de vez e a partida seguiu equilibrada, com as duas equipes tendo a oportunidade do o ponto do set, até que os azuis do Minas fecharam o parcial em 29 a 27 e a partida em 3 a 0.
“Desabafo de oito anos”
Assim que a partida terminou, o Diretor Técnico do time juiz-forano, Maurício Bara Filho, que foi treinador desde o início do projeto, em 2008, reclamou com veemência da dupla de arbitragem.
Fazendo questão de dizer que a vitória do adversário foi justa, o dirigente encarou sua reação como “um desabafo de oito anos”, numa conta rápida considerando o início do projeto do vôlei da UFJF, que teve como conseqüência a entrada na Superliga – esta é a quarta temporada consecutiva do time na competição.
Veja trechos da entrevista concedida ao Toque de Bola, ainda em quadra: “Antes de mais nada, a vitória do Minas foi merecida. Mas o lance que seria o nosso 15 a 10 (terceiro set), o primeiro árbitro deu a nosso favor e depois voltou atrás. Mas isso é um desabafo de oito anos, sendo prejudicado pela Federação Mineira de Voleibol. Sempre procurei manter minha fidalguia e tranquilidade, mas chega uma hora que fica difícil. São várias situações em outras temporadas. A vida segue. Pedimos à Federação que faça cursos de capacitação de árbitros, e eles nunca fizeram. Gastamos muito com arbitragem. Aqui em Juiz de Fora mesmo, temos vários árbitros capacitados. Quando há amistosos internacionais aqui, temos arbitragens locais boas”.
O dirigente admite que as reclamações da forma como foram feitas por ele podem gerar sanções, mas acredita que, pelo menos dessa forma, a posição da entidade sobre a questão da arbitragem ficou bem explícita.
O supervisor da equipe, Heglisson Toledo, também não conteve a revolta: “Isso aqui é uma Universidade, não é um picadeiro”, exclamou.
Sem esconder erros da equipe
O treinador Carlos Augusto Chiquita revelou outras situações. Segundo ele, há no regulamento uma condição que permite ter arbitragens de outros estados, e não se sabe o motivo de isso não ser cumprido em relação às partidas da UFJF. “O regulamento da Confederação diz que no segundo turno nós não somos obrigados a ter o primeiro árbitro mineiro. Então, está na hora da gente cumprir isso, já que nós pagamos pela arbitragem, que venha um árbitro do Rio, São Paulo, de onde for”, protestou o técnico.
Questionado sobre a eventual necessidade de a equipe juiz-forana ter uma atitude mais forte nos bastidores, foi taxativo: “O chefe da arbitragem é o presidente da Federação Mineira, só isso. Falar sobre isso na CBV falamos todos os dias. O que tem que ser feito é o árbitro vir aqui e apitar direito. Só isso”.
Assim como Maurício, Chiquita destacou, já no início da entrevista, que a contrariedade com a arbitragem não deve esconder as falhas do time juizforano. Ele concordou com o que tem sido abordado com frequência nas transmissões ao vivo dos jogos pela web rádio do Toque de Bola, principalmente pelo ex-jogador do Minas e hoje treinador das equipes de base do Sesi Juiz de Fora, José Eduardo Bara.
Chiquita admite que o time não aproveita lances capitais do jogo, que podem resultar em vantagens no placar, em igualdades, em momentos finais dos sets, por exemplo, ou em manutenção de uma larga vantagem – exatamente o que ocorreu no terceiro set, independentemente do que foi atribuído ao erro da arbitragem
Próximos jogos
O time treinado por Carlos Augusto Chiquita volta a jogar em 4 de janeiro, diante do Montes Claros, em partida pela Copa Brasil –competição que reúne os oito primeiros lugares do primeiro turno – a UFJF terminou em oitavo. Na Copa Brasil, só se vencer Montes Claros é que o sexteto local prossegue brigando pelo título.
Pela Superliga, a tabela marca jogo diante do Vôlei Brasil Kirim, em Campinas, no dia 7 de janeiro, e o reencontro com a torcida em 10 de janeiro, quando a UFJF receberá o Sesi-SP.
O Vôlei UFJF chega para as festas de fim de ano com várias dúvidas extra-quadra. Haverá punição? E no próximo jogo: virá novamente uma dupla do quadro da Federação Mineira?
Transmissão
Com apoio de Farmácia de Manipulação Las Casas e Prefeitura de Juiz de Fora, a web rádio do Toque de Bola transmitiu, novamente com grande audiência, a partida entre a UFJF e o Minas, com coordenação e produção de Mônica Valentim (Misto Quente Comunicação), dos repórteres Bruno Kaehler e Guilherme Fernandes, dos comentaristas convidados José Eduardo Bara e Eugênio Gomes e do técnico de som Webert Britto.
O trabalho dinâmico e pioneiro nas transmissões dos jogos da Federal tem conquistado o respeito e a admiração de milhares de internautas. Aproveitamos para agradecer a todos os envolvidos na cobertura e aos nossos parceiros, que valorizam o esporte local.
Grande José Eduardo
Antes do início do jogo deste sábado, José Eduardo Bara recebeu uma camisa do Minas do supervisor da equipe de Belo Horizonte, Cebola. O comentarista convidado marcou época no Minas, alcançando títulos nacionais, sul-americanos e sendo convocado para a seleção brasileira na década de 80.
Texto: Ivan Elias
Fotos: Toque de Bola