São Paulo (SP), 1° de julho de 2011
A farmácia de manipulação que produz suplementos para Cesar Cielo assumiu a culpa pelo exame positivo do campeão olímpico e mundial. A empresa mandou um relatório à Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) avisando que causou a contaminação das cápsulas de cafeína ingeridas por Cielo e outros três nadadores.
“A farmácia nos mandou o relatório e eu entreguei em mãos e em caráter de urgência ao Ladetec, que reconheceu a contaminação e identificou a presença da furosemida e de outro diurético”, revelou ao UOL Esporte Sandra Soldan, médica da CBDA responsável pelo antidoping.
Sandra também confirmou que as amostras de urina foram testadas novamente para averiguar se o PH tinha sido alterado pela função diurética da furosemida. “Pelo PH e pela densidade, ficou provado que eles não tiveram essa intenção de mascarar outras substâncias”, afirmou.
Cesar Cielo testou positivo para a furosemida, um diurético famoso por esconder outras substâncias proibidas, em exame realizado no Troféu Maria Lenk, no início de maio. Mas o resultado só foi divulgado nesta sexta-feira. Além do campeão olímpico e mundial, os nadadores Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinícius Waked também testaram positivo para a substância.
O painel de Controle de Doping instaurado pela CBDA optou por “advertência aos quatro atletas uma vez que não foi identificada culpa ou negligência por parte dos mesmos no episódio”. E o relatório da farmácia de manipulação de Santa Bárbara D’Oeste foi decisivo para a aplicação da punição branda.
“A gente entende que não houve negligência nem culpa. Há dois anos Cesar Cielo vai sempre na mesma farmácia e toma o mesmo suplemento fabricado nela. Já passou por vários controles de doping e nunca acusou nada. Ele tem o cuidado de consultar médicos e nutricionistas antes”, explicou Eduardo De Rose, que presidiu o painel de Controle de Doping.
Leia a íntegra da nota de Cielo
Flagrado no exame antidoping pelo uso da substância furosemida nesta sexta-feira, o nadador Cesar Cielo emitiu uma nota oficial, na qual alega que o caso é um “fato isolado”. Ele explica que a presença da substância foi fruto de uma “contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento” e se diz um “atleta exemplar” neste aspecto. O campeão olímpico e mundial e outros três nadadores receberam apenas uma advertência e perderam os resultados do Troféu Maria Lenk, em maio.
Confira a íntegra do comunicado:
“Quero dar minha posição a respeito de uma notificação de um painel realizado nesta sexta-feira pela CBDA, no Rio de Janeiro, sobre a presença da substância Furosemida, encontrada em alguns atletas da seleção brasileira que disputaram o Troféu Maria Lenk, em maio.
Durante o painel, todos os dados foram levantados e comprovada a presença da substância por meio de contaminação cruzada durante a manipulação de um suplemento (excepcionalmente, isso pode ocorrer, mesmo que observadas normas e protocolos de manipulação sob orientação da Vigilância Sanitária).
Sempre fiz uso desse suplemento e nunca um controle feito anteriormente apresentou problema. Pela segurança que tenho na utilização desse suplemento, creio que este resultado tenha sido um fato isolado. Por causa dessa mesma confiança, outros atletas também fizeram uso do suplemento.
Fato que nos ensina muito.
Durante toda a minha carreira, sempre tive o maior cuidado com todo tipo de medicamento ingerido. Me considero um atleta exemplar neste aspecto. Nunca utilizei nenhum recurso ergogênico ilícito que pudesse favorecer a minha performance.
Acredito que todo mérito de um atleta seja resultado de muito treino, dedicação e seriedade. Tenho a convicção de que todos os resultados que conquistei na minha carreira sigam esses pilares.
Faço controles constantemente – este ano, já fui testado cinco vezes. Fiz, inclusive, teste de sangue na França, durante o Aberto de Paris. Passo por controles periódicos e sou um dos atletas que integram o programa de rastreamento da Fina, o que significa que preciso sempre informar a entidade cada vez que me desloco. Posso ser testado a qualquer momento, em qualquer lugar. São as regras do jogo e eu sempre soube disso.
No dia 26 de abril, quatro dias antes de começar o Troféu Maria Lenk, recebi uma carta da Usada, órgão oficial antidoping dos Estados Unidos, me parabenizando pelos resultados dos testes antidoping realizados em Michigan, durante o Grand Prix.
Em nenhum momento fui imprudente ou negligente ou usei de imperícia. Não uso nenhum tipo de medicamento ou suplemento sem me certificar da segurança de sua utilização. Em qualquer lugar do mundo em que esteja, consulto sempre meu médico e meu pai, que é médico, sobre os componentes de todo medicamento ou suplemento antes de ingeri-los. Sou extremamente cuidadoso com isso e tenho a consciência tranquila de que não fiz nada para melhorar artificialmente meu desempenho.
Pelo respeito, pela confiança depositada em mim e consideração que tenho pelo brasileiros e a comunidade da natação e do esporte, estou esclarecendo a situação.”
Textos: www.uol.com.br/esporte e www.globoesporte.com