Porto Alegre (RS), 11 de abril de 2011
A apresentação de Falcão pode ser considerada um evento histórico. Afinal, antes de tudo, é um ídolo consagrado da década de 1970 que está regressando ao Gigante. Por volta das 16h30 desta segunda, 11, o novo comandante do time Campeão de Tudo adentrou o mesmo vestiário no qual há mais de 30 anos viveu a exitosa carreira de jogador.
Foi um momento de reencontros. Falcão caminhou até o balcão da rouparia, onde um velho conhecido ainda é o responsável pelo material utilizado pelos jogadores: trata-se de Gentil Passos, desde 1974 no Inter, e que um dia alcançou as chuteiras para o eterno camisa 5 do Inter. “É uma pessoa muito tranquila. Quando era jogador, deixava tudo sempre organizadinho. Não dava trabalho”, conta Passos.
Também cumprimentou outros funcionários do Clube, muitos deles que nem tiveram a sorte de vê-lo atuar, mas que sabem muito bem da sua importância na história de 102 anos do Colorado. Em tempo: Falcão foi tricampeão brasileiro (75, 76 e 79) e cinco vezes campeão estadual (73, 74, 75, 76 e 78). Em 1993, também teve uma experiência como treinador do time que disputou o Campeonato Brasileiro.
Adiantando o trabalho
Antes mesmo de ser apresentado oficialmente, Falcão reuniu-se com os membros da comissão técnica – médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos – para já dar início ao trabalho no comando técnico do time. “Fiquei surpreso ao entrar na sala e ver o Falcão reunido com a comissão técnica. Ele nem havia sido apresentado e já estava trabalhando”, elogiou o presidente Giovanni Luigi. “Este é um momento único, no qual o passado de glórias se encontra com o futuro”, afirmou o vice-presidente de futebol Roberto Siegmann.
As ideias de Falcão
Exatamente às 17h45, a coletiva de imprensa teve início no vestiário profissional. Vale destacar que Tinga, Rafael Sobis, D’Alessandro, Bolívar e Kleber acompanharam as primeiras palavras do novo comandante. “A presença destas lideranças já dá um pouco a ideia de coletividade que quero dar o time. Só de maneira unida é possível alcançar os objetivos”, disse Falcão
Durante 40 minutos, o novo técnico falou sobre o desafio de dirigir o Campeão de Tudo, as propostas táticas e a metodologia de trabalho que pretende utilizar neste seu retorno ao Beira-Rio. Confira os principais trechos:
De volta à casa
“Este é um momento de muita satisafação pessoal. Comecei aqui no Inter aos 11 anos. Mais tarde fui para o Roma, mas nunca me desliguei do Inter. Retornei como técnico em 1993 e agora estou mais uma vez de volta. Neste período que fiquei trabalhando na imprensa, por uma questão profissional, tive que deixar a minha história, meu carinho pelo Clube, um pouco anestesiado. Mas hoje estou do outro lado, do lado dos atletas, da instituição. Este é um momento histórico. Não consigo viver sem esta adrenalina do futebol. Estava com saudade.”
Um técnico que é ídolo
“Não tenho problemas com isso. A minha responsabilidade é grande. Na verdade os ídolos hoje são os jogadores que estão aqui. São eles que irão em busca das vitórias. Não quero ser protagonista. Quero participar dos resultados.Tenho convicção de que a gente tem um grande grupo. Tenho dois objetivos: ser campeão e ficar o maior tempo possível no comando do time.”
Grupo forte para lutar por tudo
“Não posso ser incoerente com as coisas que dizia quando estava na imprensa. Temos que disputar todas as competições para ganhar. Temos um grupo forte para jogar tudo para ganhar. Vamos em busca disso. É o nosso objetivo. É difícil, mas tudo que é difícil é mais gostoso.”
Futebol com alegria
“Futebol para mim é divertimento. Não é peso. Quero que o torcedor saia do campo com alegria após ver o time jogar. Temos que nos divertir com seriedade. O ambiente do vestiário tem que estar leve. Com respeito à hierarquia, mas com alegria na busca pelos resultados. Vejo o futebol dessa maneira e tenho convicção de que pode dar certo.”
Time compactado
“Não acredito no futebol sem compactação. A minha ideia é que o time tenha condições de se defender e atacar com muita capacidade. Será uma questão de tempo, mas vou em busca disso.Trabalho com muita objetividade e seriedade.”
Time de 70 e o atual
“Não gosto de comparações. O time maravilhoso que a gente tinha na década de 1970 não foi campeão da América como este atual foi, por exemplo. São outros tempos, outra estrutura, com pessoas diferentes.’
Torcida é aliada
“Me marcou muito o embarque do Internacional para o Japão, em 2006. A torcida tem que ser respeitada sempre. É preciso que a massa esteja sempre ao nosso lado.”
Pronto para o desafio
“Me preparei para este momento, para segurar um pouquinho a minha emoção. Acho que estou me saíndo bem. Há meses estive dando uma palestra para as categorias de base. Acho que, inconscientemente, comecei a me preparar para voltar ao Inter naquele momento. Temos um tempo pequeno de preparação para duas decisões – contra Santa Cruz (Gauchão) e Emelec (Libertadores), mas temos que aproveitar o máximo possível. Não tem como lamentar. Temos que buscar o resultado já no sábado.”
Texto: site do Internacional
Foto: Lucas Uebel/Vipcomm