Exclusivo! Larissa Martins de Oliveira abre o jogo no Toque de Bola e já mira Tóquio 2020: “Começa um novo ciclo”. Também em vídeo

Recordista Sul-Americana dos 100m livres, a juiz-forana Larissa Martins de  Oliveira representou o Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016, sua primeira Olimpíada. Com desempenho “dentro do previsto”, ela já mira as próximas competições e os jogos de Tóquio 2020. Em Juiz de Fora, a nadadora conversou com o Toque de Bola sobre seus resultados, bastidores dos jogos, polêmicas e agradecimentos à torcida.

Foi a primeira entrevista de Larissa depois de sua participação na Rio 2016.

Não fugiu de nenhuma pergunta, seja sobre o seu desempenho ou a polêmica sobre os atletas militares olímpicos ou as supostas irregularidades da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Nas Olimpíadas, ela disputou os 100m livre (21ª posição), 200m livre (35ª posição), revezamento 4x100m medley (13ª posição), revezamento 4x100m livre (11ª posição) e revezamento 4x200m livre (11ª posição).

  Vídeo

Orgulho!

A primeira entrevista de Larissa Martins Oliveira após a Rio 2016 é para o www.toquedebola.esp.br, veículo da Misto Quente Comunicação.

Confira, abaixo, a íntegra da coletiva  em vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=pkrXbqfY9Q0&feature=share

 

Larissa competiu em cinco provas nos Jogos Olímpicos
Larissa competiu em cinco provas nos Jogos Olímpicos

Como  avalia seu desempenho na Olimpíada?

É claro que a gente sempre quer nadar um pouco melhor do que a gente nada. É sempre exigente com a gente mesmo. Mas eu saí satisfeita. É um evento muito grande, foi minha primeira Olimpíada. Para primeira Olimpíada foi dentro do esperado, dentro do previsto. Agora é aquilo: começa um novo ciclo, começo a treinar para 2020.

Aconteceu alguma coisa no dia da competição que influenciou em seus resultados, em função de ficarem abaixo de suas marcas habituais, especialmente nos 200 metros?

Não aconteceu nada. É até bom explicar. Natação é um esporte individual, um esporte um pouco mais difícil do que o esporte coletivo quanto a resultado. Nem sempre o que você treina você consegue chegar na hora e botar. Se a gente tiver um centésimo de erro na primeira parcial, esse um centésimo já implica um segundo a mais no seu resultado final. Então realmente é muito difícil você sempre estar na sua performance. A gente pode até ver pelos outros atletas que são favoritos sempre, que nem sempre conseguem chegar na Olimpíada e ter o melhor resultado.

Você tinha objetivo de atingir suas melhores marcas na Olimpíada  ou mais a longo prazo?

É muito difícil você melhorar sempre. Mas a gente pensa sempre em quatro anos. Se você for pensar, em 2012/2013 quando começou o ciclo olímpico para 2016 eu tinha 2min4s de 200m livres e hoje eu tenho 1min57s. De 100m livre eu tinha 57s e hoje eu cheguei a 54s. Durante esses quatro anos a melhora é bem significativa. Agora é o mesmo plano que a gente tem para o próximo ciclo olímpico. Então é pegar esses tempos, ver onde pode melhorar, onde está a diferença para as campeãs e conseguir trabalhar em cima disso para em 2020, já que não vai ser a minha primeira Olimpíada, conseguir ter um resultado mais expressivo.

O ambiente da Vila Olímpica

É maravilhoso! A estrutura; é tudo muito grande, tudo muito grandioso. A Vila, a própria piscina de competição, as piscinas de apoio que são enormes. Só para ter uma ideia, eram quatro piscinas que a gente tinha à nossa disposição 24 horas. A Vila é gigantesca. São, se não me engano, trinta prédios, cada um tinha vinte andares, todos divididos por delegações. O refeitório era 24 horas e você tinha mais dois refeitórios de apoio, fora o McDonald’s que também está lá para você comer. É tudo maravilhoso. Se eu pudesse eu queria ter Olimpíada não era nem de quatro em quatro anos, nem de um em um ano: eu queria ter Olimpíada todo mês!

Convivência com ídolos mundiais

A gente tem que “fazer a acostumada”. Porque a gente está ali comendo do lado do Michael Phelps, do lado da Simone Biles. A gente tem que fingir que está tudo certo, que a gente é tudo esportista, tudo normal, porque por dentro está “aquela louca” (risos). Mas tem que ficar ali mantendo a calma, fingindo que está tudo certo porque você se desconcentra, desconcentra o próprio esportista um pouco mais famoso.

Estar na Olimpíada significa que atingiu e vai continuar atingindo o seu objetivo desde que passou a treinar no Pinheiros, em São Paulo,em 2o11, com o pensamento de ser uma atleta de ponta?

Sem dúvidas. A gente quando está lá, quando fui nadar eu escutava a arquibancada toda, a torcida toda gritando o meu nome, gritando “Brasil”. Passa toda aquela sua história na cabeça. A minha vida inteira foi aqui em Juiz de Fora e eu saí justamente para buscar melhorar. E eu acabei conseguindo melhorar, porque realmente não é fácil. São poucas pessoas, poucos atletas que conseguem chegar numa Olimpíada. Quando eu cheguei lá, realmente eu tive essa certeza que valeu a pena abrir mão de cidade, de família, dos amigos do colégio para tentar o que eu queria, que era o meu sonho de ir para uma Olimpíada.

Como viu algumas críticas recebidas pelos atletas militares (durante os Jogos do Rio houve alguns comentários na mídia e em redes sociais sobre atletas olímpicos do Brasil fazerem o sinal de continência quando eram premiados)?

Eu sou uma atleta militar, ingressei no exército em 2014. Todo ano a gente faz um treinamento militar. Hoje eu tenho toda a capacidade militar que um soldado que estava lá na Olimpíada fazendo a segurança tem. Eu sou treinada para isso. E essa parte da continência eu acho que acaba virando muito polêmica justamente porque muita gente que não tem a informação acaba criticando e gera uma informação que nem sempre é a informação certa. A continência nada mais é do que um sinal de respeito quando toca o hino nacional enquanto sobe a bandeira do Brasil. A gente não é obrigado a fazer isso, tanto é que você vê vários atletas que são militares e não fazem a continência porque não tem essa obrigatoriedade. É mais um sinal de respeito que todo militar tem. Então tanto a gente que é atleta como os que estavam lá fazendo a segurança do Rio de Janeiro, que estão atuando em várias missões fora do Brasil vão prestar continência quando ouvirem o hino nacional.

Como vê as irregularidades da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos – CBDA (recentemente, a entidade tem sido alvo de investigação, inicialmente pela mídia e depois pelo Ministério Público)? Acompanha de perto ou prefere focar só no nas competições?

A gente sempre está acompanhando, já que envolve o nosso meio. Mas acho que essa parte de “se roubou, se não roubou” não cabe a mim que sou atleta. A minha parte é chegar, treinar, chegar na competição e dar o meu melhor para representar meu clube e o meu país, seja o que for que eu tiver que representar. Essa parte de julgar cabe à justiça, cabe ao Ministério Público. O que talvez poderia ser um pouco mais justo é ter um pouco mais de atenção nos atletas. A gente vai ter um Mundial no Canadá no final do ano e até agora ainda não liberaram nenhum boletim, sendo que a seletiva foi no Finkel. Se fosse para dar uma opinião eu daria mais nesse sentido de talvez se organizar. Eu sou muito organizada, eu tenho essa mania de loucamente querer organizar tudo. Então acho que talvez só para isso, para podermos voltar ao treinamento sabendo como vai ser, quem vai, quem não vai, como vai, quando vai. Acho que essa parte de corrupção, se roubou, se não roubou cabe mesmo à justiça falar.

Todos pensam: depois da Olimpíada, os atletas devem ter pelo menos um mês de descanso…

Mentira! Logo depois da Olimpíada a gente já voltou aos treinamentos. Acho que eu fiquei dois dias parada, mais por conta do encerramento, que a gente foi lá para o Rio para curtir um pouco o encerramento. Mas logo depois a gente já voltou ao treinamento, tive a seletiva para o Mundial de Curta que vai ser no Canadá em dezembro. Férias mesmo foi logo depois desse Finkel, que foi agora, duas semanas. Mas segunda-feira já estou de volta, a gente não para.

Larissa sorridente no quarto, diante de um incalculável número de medalhas e premiações
Larissa sorridente no quarto, diante de um incalculável número de medalhas e premiações

Metas após a Olimpíada

A gente pensa a longo prazo mesmo. O evento principal da natação é a Olimpíada, mas para esse ano ainda tenho o campeonato Open, que vai ser em Florianópolis, e depois tem o Mundial de Curta, que vai ser no Canadá, em Windsor. Depois tenho mais um recesso e já focar no ano que vem que tem Mundial de Longa em Budapeste.

Sobre a carga emocional de disputar uma Olimpíada. Você tem acompanhamento de profissional de psicologia esportiva no Pinheiros?

Eu tenho acompanhamento com uma psicóloga esportiva. Não só pela convivência com outros esportistas, mas também para ajudar durante os treinamentos, durante as competições. Eu acho que faz totalmente a diferença, é um apoio a mais que você tem. Qualquer ajuda é bem-vinda.

Agradecimento ao apoio que você recebe em grande quantidade nas redes sociais, inclusive de crianças

Sem dúvida. Isso é uma coisa que é muito gratificante você receber, estar lá no meio da competição e ver que tem muita gente torcendo por você. Eu queria agradecer de verdade a todo mundo que torceu por mim, várias crianças que mandaram mensagens no Instagram, Facebook desejando boa sorte ou desejando parabéns. Obrigada mesmo, gente, a torcida de vocês é fundamental!

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No quarto "recheado" de conquistas, espaço especial para as homenagens conferidas a Larissa pelo Panathlon Club Juiz de Fora, entidade que está completando 40 anos
No quarto “recheado” de conquistas, espaço especial para as homenagens conferidas a Larissa pelo Panathlon Club Juiz de Fora, entidade que está completando 40 anos

 

Texto: Lucas Bernardino e Ivan Elias, do Toque de Bola

Fotos: Toque de Bola

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