Exclusivo: Ademilson abre o jogo sobre ação, problema de saúde, pensão e permanência

O casamento entre Ademilson e o Tupi está terminando? Quais as razões que levaram o principal ídolo da torcida nos últimos anos a entrar na justiça contra o clube?

O Toque de Bola apresenta neste domingo, 8, entrevistas exclusivas, feitas durante a semana com o próprio atacante, os advogados do atleta e o advogado do Tupi.

Entrevista Ademilson

Antes de viajar para Poços de Caldas, onde integrou a delegação carijó para o confronto da sexta rodada do Mineiro contra a Caldense, sábado, 7, Ademilson, concedeu entrevista exclusiva ao portal Toque de Bola e falou sobre o corte do jogo contra o Alecrim, situação física e ação na Justiça do Trabalho em que solicita o pagamento de salários atrasados ao clube, esclarecendo pontos polêmicos como o pedido de pensão vitalícia.

  Na história

Hoje com 40 anos, Ademilson chegou ao Alvinegro de Santa Terezinha em 2007.  Segundo informações do professor de Educação Física, Léo Lima, naquela temporada o atacante marcou seu primeiro gol pelo clube em 23 de setembro, na vitória juizforana por 3 a 0 sobre o Uberaba, na Taça Minas. Desde então, o jogador conquistou o carinho das arquibancadas, construindo, com gols e recordes batidos pelo Tupi, uma relação de idolatria com grande parte dos carijós.

Alguns dados históricos fornecidos por Lima traduzem a importância de Ademilson para o Tupi:

– Maior artilheiro do clube no Módulo I do Campeonato Mineiro: 22 gols;

– Maior artilheiro da Taça Minas: 10 gols;

– Maior artilheiro da Série D: 21 gols;

– Maior artilheiro do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio: 43 gols em 73 jogos;

– Maior artilheiro do Tupi em jogos oficiais: 62 gols;

– Autor de um hat trick (três gols em uma partida) em cinco oportunidades;

– Campeão e artilheiro da Série D de 2011: 11 gols;

– Campeão e artilheiro da Taça Minas de 2008;

– Campeão Mineiro do Interior em 2008 e 2011.

Ademilson, em jogo-treino contra o Bangu, na pré-temporada carijó este ano: ídolo da torcida abriu o jogo  em entrevista ao Toque de Bola
Ademilson, em jogo-treino contra o Bangu, na pré-temporada carijó este ano: ídolo da torcida abriu o jogo em entrevista ao Toque de Bola

 

  A decisão

Alegando o não cumprimento de salários desde 2012, Ademilson resolveu entrar com uma ação na Justiça do Trabalho contra o clube, pedindo o que lhe é de direito: “Não tenho o tempo correto, mas venho reclamando de 2012, 2013 e 2014. Nesse ano também já está pendente de novo, então fica uma situação difícil”, contou o atleta.

A atitude, de acordo com o ídolo alvinegro, foi o último recurso do jogador, que afirmou ter buscado contato com a direção do clube para que a situação fosse resolvida sem chegar a tal ponto: “Procurei várias vezes, há muito tempo sempre querendo conversar, mas sempre me deram as costas como resposta, então tive que tomar uma atitude, até porque além de profissional sou um pai de família, tenho filhos e a maioria dos jogadores aqui também têm e sabem como é. As contas não esperam você e tive que tomar uma atitude, mas sobre as conversas com a diretoria, até hoje ninguém me procurou. É seguir a vida e continuar trabalhando com a mesma determinação como se fosse meu primeiro dia aqui”, explicou.

  Primeira audiência e pedido de pensão vitalícia

O primeiro encontro entre os advogados do atleta e a defesa do Tupi ocorreu em fevereiro, sem acordo entre as partes. A notícia de que os representantes do atacante solicitaram uma pensão vitalícia por parte do clube pegou todos de surpresa. O requerimento, paralelo à reclamação dos salários atrasados, partiu pelo fato de o atleta atribuir o surgimento de sua hipertensão à infiltrações submetidas pelo atleta para que suportasse realizar partidas, visto que o atacante apresentava lesão no joelho. A doença surgiu, de acordo com Adê, logo após as infiltrações. O quadro, inclusive, teria feito com que o ídolo fosse poupado de jogos por cuidados com a saúde.

“Até falaram que eu pedi essa pensão em decorrência do rompimento de tendão, mas não foi o que aconteceu, jamais faria isso, não sou jogador com esse caráter. O que aconteceu é que essas infiltrações levaram minha pressão a chegar a 18, a 20, então não disputei o Mineiro de 2013 porque não tinha condições, foi passado para mim que podia ter um infarto dentro de campo. Tive uma convulsão no chão e fui internado na Santa Casa. Então foi em função disso que pedi a pensão, mas nada a ver com a lesão, com o joelho. Só acho que quem fez isso comigo tem que se responsabilizar. Tenho exames que comprovam que não tinha esse problema de 2007 a 2011. De 2012 para cá já virei um atleta hipertenso, em certos treinos tenho que medir a pressão para ver se posso participar”, relembrou Adê.

Um perito já foi designado para convocar o atacante para a realização de exames e, após análise, chegar a conclusão se a doença tem, de fato, relação com as medidas médicas reclamadas pelo atleta. Não há projeção de quando os resultados vão ser divulgados.

A segunda audiência está marcada para o dia 2 de setembro e o jogador segue aberto a conversas com a direção em busca de um acordo amigável.

  Corte técnico? 

De fora da partida de estreia do Tupi pela Copa do Brasil na quarta, 4, contra o Alecrim-RN, em Goianinha (RN), Ademilson foi chamado por Surian para ir a Poços de Caldas na partida contra os donos da casa pelo Mineiro. A opção do comandante alvinegro intrigou o atacante, que se diz em totais condições de jogo: “Fisicamente e tecnicamente estou pronto. Não sei por que não fui, alguns disseram que estava com problemas particulares e realmente tive, mas só não treinei na parte da manhã(de segunda, 2). Resolvi o que precisava, voltei de tarde e treinei com o grupo, mas quando cheguei meu nome não estava na lista, então fui para casa e continuei treinando a partir do dia seguinte”.

Ao ser questionado se acreditava em um corte por questões técnicas, o atacante não hesitou: “Não acredito que seja técnica. A partir do momento que estou bem e me coloco à disposição, acho meio difícil, porque nos outros jogos eu estava sendo relacionado. No meio de semana não fui, mas para Poços de Caldas já voltei a ser chamado, então creio que não é técnico. Não sei te dizer o que aconteceu, mas a gente sabe o que está acontecendo extra-campo e acredito que isso tenha influenciado um pouco. Paciência, estou apenas buscando por direito o que é meu”, opinou.

Com menos de dez minutos em campo contra o Alecrim, o meia-atacante Ygor saiu lesionado com problema no joelho. Vetado para o jogo do Estadual, Ygor deu lugar a Ademilson na delegação.

Permanência no clube 

Mesmo com a situação, Ademilson não pensa em pedir para sair do Tupi. Com proteção da Lei Pelé (9.615/98), em que os artigos 31 e 32 dão direito ao atleta de rescindir contrato com o clube e se recusar a competir, respectivamente, o ídolo alvinegro segue em busca de uma vaga na equipe: “Já fui para um clube onde não gostei, o ambiente era ruim, mas nunca pedi para ir embora, o que dirá um lugar que eu gosto. Se eles quiserem me mandar embora, fiquem à vontade, é direito deles. O que for melhor para as duas partes. Se acontecer, pego minhas coisas e sigo meu caminho”, reiterou.

Mesmo em capítulo triste da história entre o atacante e a agremiação juizforana, Ademilson não tem dúvidas de que nenhuma página será manchada, independente do desfecho: “Acho que não tem como, porque sempre fui um atleta dedicado, sou um profissional dentro e fora de campo, então o que eu fiz pelo Tupi não se apaga assim, apesar de que não dá para agradar todo mundo. Mas para a maioria, que eu saiba, isso não vai se apagar e eu procuro sempre estar retribuindo a essas pessoas que sempre torcem por mim com dedicação, gols e fidelidade também”.

 

Texto: Bruno Kaehler

Foto: Toque de Bola

 

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