Pensar por 11 jogadores e encontrar soluções para superar o adversário. Estes são os desafios do Vinícius Pires Diniz de Oliveira, que joga FIFA.
O juiz-forano de 21 anos está no 5º período de Engenharia Elétrica e deve ser um dos representantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nos Jogos Universitários Mineiros (JUMs) e-sports e comemora o maior interesse pelas modalidades eletrônicas. “A indústria vem só crescendo e vem sendo muito benéfico para os atletas e jogadores casuais, e principalmente se tornando cada vez mais democrática.”
De acordo com a Federação Universitária Mineira de Esportes (FUME), a competição será disputada de forma remota em março. As inscrições estão abertas até o fim deste mês.
O Toque de Bola conversou com Vinícius sobre o jogo, o impacto na vida cotidiana e as expectativas para a participação no JUMs E-sports.
Boas expectativas
Na conversa, Vinícius contou que será a primeira participação dele na competição. E está otimista.
“Já disputei várias competições, principalmente em Minas Gerais e consegui me sair bem nelas. Agora estou entrando no cenário universitário e espero continuar nesse ritmo. Vou me inscrever no JUMs e espero trazer mais um título para a UFJF”, deseja o jogador.
Do real para o virtual
O universitário contou que o amor pelo futebol o levou para o jogo, mas começou ‘para valer mesmo’ há seis anos. “Sempre gostei muito de futebol e, por consequência, acabei me interessando pelo FIFA, pelo PES. Mas eu não tinha videogame, então não jogava com tanta frequência. Foi só em 2016 que comecei a jogar de verdade. E em 2018, joguei meu primeiro campeonato em Juiz de Fora e ganhei. Depois disso foquei bastante em treinar visando alguns campeonatos”, relembra Vinícius.
Embora experimente outros jogos, é difícil ficar longe dos gramados virtuais por muito tempo. Nos últimos anos, também foi uma forma de distração e proximidade com os amigos. “Jogo muitos jogos eletrônicos, por causa dos meus amigos que jogam comigo, e acaba que na pandemia é uma forma de estarmos juntos. Porém o foco sempre foi no FIFA”, conta.
Controlando o time do coração
Vinícius contou que pratica em torno de quatro horas por dia, em média. Pouco perto dos jogadores de alto nível que treinam dez horas, todo dia. No entanto, é uma carga completamente inviável para um estudante universitário ou quem tem outros compromissos e não vive exclusivamente do esporte.
“Quem joga jogos eletrônicos pensa que vai conseguir ficar mais tempo que um atleta de futebol, por exemplo. Só que o tempo que ele consegue ficar em alto nível é menor. Então conheço muita gente que tem a minha idade e está jogando agora e vai fazer a faculdade depois. E realmente uma pessoa que faz faculdade e uma pessoa que trabalha não tem como fazer essa quantidade de treino. É muito difícil. Quase impossível. Muitos jogadores juntam o dinheiro pra pagar a faculdade depois”, relata Vinícius.
O universitário confessou que é emocionante poder controlar todo um time, especialmente quando na vida real o clube do coração passa por momentos complicados. “Para um vascaíno, a possibilidade de controlar um time inteiro é muito satisfatória [risos]. E como o player controla 11 jogadores, acaba que o jogo fica bem diferente do futebol que nos vemos na TV”, constata.
Além de se aperfeiçoar como jogador, a prática constante também ajuda a desenvolver habilidades que serão úteis em outros aspectos da vida, como explica o universitário. “O principal é a capacidade de numa situação difícil. Ter calma e conseguir ver outras possibilidades para o problema.”
Atualização constante
No mundo dos esportes eletrônicos, a necessidade de estar melhor é constante, ainda mais diante das atualizações dos jogos. Vinícius Oliveira apontou as habilidades que o FIFA exige de quem está comandando os times. “Como o meta muda todo ano, e o FIFA é um jogo que é baseado na probabilidade de uma jogada funcionar, a principal capacidade de um jogador de FIFA é manter o foco. Jogar 20 partidas em sequência de forma regular. Isso exige muito treino e principalmente o psicológico do atleta”, explica.
Por isso, não dá para ter um time ideal. Mas saber se adaptar às alterações no jogo e encontrar a melhor estratégia para utilizar os jogadores disponíveis em condições de vencer. “A cada FIFA, o meta é bem diferente, mas nunca foge muito de precisar jogar com um time rápido e forte fisicamente. As qualidades como passe e finalização não são priorizadas. Tento escolher sempre um time que se adéqua as necessidades da gameplay, e muitas das vezes não é o melhor time da vida real”, constata.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: Vinícius Pires Diniz de Oliveira/arquivo pessoal; e easportsfifa/reprodução