Estevam Soares admite atuação ruim: “Se começar a ter desespero, a vaca vai para o brejo”

Uma tarde em que nada deu certo. Em resumo, pode ser esta a definição da entrevista coletiva do treinador do Tupi, Estevam Teixeira, após a derrota por 1 a 0 para o Bragantino, sábado, 3, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, pela 23ª rodada, quarta do returno, da Série B do Campeonato Brasileiro.

Uma vitória deixaria o único representante mineiro na competição a dois pontos de diferença do primeiro clube fora da zona de rebaixamento – o Goiás, que perdeu na rodada e já anunciou o afastamento do ex-técnico carijó Leonardo Condé. Em campo, o técnico admitiu que em nenhum momento a atuação foi boa.

Falou ainda em astral ruim, comportamento estranho de jogadores querendo dar drible a mais ou chapeuzinho, disse que o episódio da falta de ambulância foi mais prejudicial ao time anfitrião: “Inadmissível”.

Estevam orienta Hiroshi, uma das três alterações na equipe que acabaram não interferindo no resultado
Estevam orienta Hiroshi, uma das três alterações na equipe que acabaram não interferindo no resultado

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista coletiva do treinador após a partida:

   Formação

Estevam: Deu tudo errado. Um astral ruim hoje. Durante os 90 minutos não tivemos uma equipe que respondeu, com confiança. O que me estranha é não ter sido falado isso (questionamento sobre a escalação) na terça-feira. Fiz essa mesma formação e todo mundo aplaudiu porque o time ganhou de três. O futebol é inconstante, imediatista e de resultado. A mesma formação que fizemos, foi a que usamos em Belém e ganhamos. Em alguns momentos variei. Joguei o Jonathan para o lado esquerdo porque é o lado forte dele. É engraçado: quando perde, bananas. Quando ganha, troféus.

A derrota

Estevam: Temos que analisar e falar coerentemente. Não temos que ver a parte tática e, sim, que hoje o time, do primeiro minuto ao final, foi na base do abafa. Uma equipe completamente fora do normal, do foco. Parece que estava ‘brisando’. No primeiro tempo já éramos para ter saído com o placar adverso. Demos sorte. No segundo tempo tentamos, o cara foi feliz no chute e acabamos tendo a derrota.

Derrotas nos confrontos diretos

Estevam: Preocupa e muito (as derrotas). Agora estamos dentro de um parâmetro normal. Deste momento para frente fica difícil. Vai espremendo, entrando num funil. Hoje tínhamos uma convicção e esperança, não em menosprezo ao adversário, que sabíamos que viria fechado. Não contávamos com uma apatia tão grande como aconteceu. É de assustar e preocupar. Tudo que foi pedido nos foi fornecido. Nós fizemos uma viagem horrível (Belém – Juiz de Fora), pedimos para a presidente uma concentração antecipada, ela conseguiu, ou seja, tudo foi feito e planejado para que pudéssemos ter uma melhor performance.

Atraso da ambulância

Estevam: Falei antes de começar o jogo sobre isso. Não sei quem é o responsável, mas isso é inadmissível. É mesma coisa que eu não vir. O jogo começa às 16h e eu fico no hotel. A ambulância faz parte de um contexto importante. Não vou justificar dizendo que isso prejudicou, mas num jogo em que a nossa equipe é favorita, não só por jogar em casa, mas pelo momento, qualquer coisa atípica é prejudicial ao time da casa. É prejudicial a quem está com mais chance de vencer o jogo. Você vem pra cá para catimbar, fazer o tempo passar e jogar por uma bola. Não credito a derrota a isso. Sou homem para assumir que não jogamos nada. E quando digo ‘nós’, significa jogador, comissão técnica, todo mundo. Mas isso pode ajudar para um contexto em que tiveram muitos.

Comportamento da equipe

Estevam: Apática e dispersa. Não estou falando aqui, disse para os jogadores no intervalo. Alguns jogadores estavam querendo fazer algumas coisas que não estávamos acostumados. Um drible a mais, um chapéu, um calcanhar. Isso não existe. Na minha conversa com os atletas na reunião foi direcionada para isso: o comportamento dos grandes atletas. O sentimento é o pior possível. Tomamos uma facada no peito do tamanho do mundo. Era um jogo para a gente ganhar, ter a segunda vitória, conseguir afirmação no campeonato. Jogamos uma água fria. É difícil de digerir. Perdeu? Perderam eles, perdeu o treinador e comissão técnica. Ninguém é culpado sozinho. Culpados somos nós.

Foi a primeira derrota que nos preocupou muito. Perdermos jogos que poderíamos ter ganhado, mas volto a frisar que não estamos crucificando os jogadores. O time lutou também. No final do jogo foi para cima e tentou. Foi aquele dia em que nada deu certo.

Menosprezo ao adversário?

Estevam: Isso é uma qualidade do jogador brasileiro, tanto que poderíamos ter dez ou onze copas. Temos cinco: três na era Pelé e Garrincha e uma nos pênaltis. O nosso emocional, do atleta brasileiro, é muito inferior ao do europeu. Não a parte técnica, mas a concentração. Na reunião de hoje, volta a frisar, citei os grandes jogadores e os grandes clube. O grande clube quando tem um jogo mais fácil, goleia. O grande atleta faz dois, três, quatro gols. Não acredito que seja isso. Acredito que seja uma apatia geral que se abateu sobre nós e que vai, e está, nos custando caro.

Anulada a vitória contra o Paysandu?

Estevam: Não anula porque ganhamos os três pontos, mas volta para estaca zero. Conversávamos no vestiário que agora se começar a ter desespero e faz coisa errada, a vaca vai para o brejo, afunda. Foi um knockdown muito grande, muito bem aplicado, nos jogou na lona. É difícil até para eu vir falar. Nem o mais pessimista dos torcedores não tinha esse pensamento. É hora de ter tranquilidade.

Próximo jogo (Joinville, sexta-feira, dia 9, em Joinville, 19h15)

Estevam: Ainda está muito longe, mas saindo daqui vou para o hotel, tomar um banho, descansar e assistir o jogo do Joinville. Vou conversar com meus auxiliares e traçar. Não podemos perder o rumo, senão jogamos a toalha. A não ser que queiram jogar a toalha. Eu não quero. Tomamos um knockdown dos mais fortes que se pode tomar. Ainda estamos dentro da luta. Agora cabe a nós termos força para nos reerguer.

Texto: Toque de Bola

Foto: Toque de Bola

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