O peso médio Esquiva Falcão está a três rounds de ser o primeiro pugilista brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos. Nesta sexta-feira, 10 de agosto, no ringue do Excel South Arena 2, ele derrotou o britânico Anthony Ogogo em luta válida pela semifinal da competição. Neste sábado, Esquiva decidirá a medalha de ouro contra o japonês Ryota Murata, que venceu o uzbeque Abbos Atoev na outra semifinal da categoria até 75kg. Esta é também a primeira vez que um brasileiro chega à uma final olímpica do boxe.
O primeiro round foi o único equilibrado da luta. Foi um assalto de estudo e com poucos golpes desferidos. Como ninguém quis se arriscar, houve empate na contagem de pontos: 3 a 3. Mas no segundo e terceiro rounds, Esquiva Falcão encaixou seus goles e por três vezes derrubou Ogogo com diretos e cruzados. Ele venceu por 6 a 3 e 7 a 3, respectivamente, o que acabou lhe valendo a vitória no final por 16 a 9.
Dividindo o quarto com o irmão, o meio-pesado Yamaguchi Falcão, Esquiva conta que o dia inteiro os dois pensam na emoção de chegar ao lugar mais alto do pódio – Yamaguchi está na semifinal da sua categoria e lutará ainda nesta sexta-feira, às 18h, para tentar chegar à final. “Eu falo pra ele que nós temos chances de sair daqui com a medalha de ouro e fazer história”, confidencia Esquiva, que logo após a luta falou pelo telefone com Servílio de Oliveira, primeiro pugilista brasileiro a conquistar uma medalha olímpica (Cidade do México 1968).
Mas para conquistar o ouro olímpico, o brasileiro terá que superar o algoz Ryota Murata, que o venceu no Mundial de 2011. Para ele, o combate tem sabor de revanche. “Vai ser uma luta muito dura. Já perdi para ele uma vez, o que valeu a minha eliminação da final do Mundial. Apanhei muito naquela luta (22 a 12 no placar a favor do japonês), mas hoje estou preparado e confiante. Se pudesse lutar contra mim mesmo, o Esquiva de hoje atropelaria o Esquiva que perdeu no ano passado”, comparacom bom humor.
Esquiva Falcão diz que está focado na grande decisão deste sábado. “Cada noite assisto a um vídeo dele e não tiro este japonês da cabeça. Quando ganhei a medalha de bronze no Mundial, disse pra mim mesmo que seria campeão olímpico”, relembra o pugilista. Filho do lutador Touro Moreno, ele revela que há um outro irmão na família Falcão (Estivan Júnior, de 15 anos), que também luta boxe na categoria até 60Kg. “Todos falam que ele será melhor do que eu e o Yamaguchi juntos”, profetiza.
Texto: Alexandre Bittencourt para o Comitê Olímpico Brasileiro