Especial Toque de Bola: um ano do acesso carijó. Osmar exalta a conquista: “Vai ficar marcado para sempre”

Um dos destaques do Tupi no histórico ano do acesso à Série B, Osmar deixou o clube após o Campeonato Mineiro de 2016. A temporada foi um turbilhão de emoções na carreira do lateral. Começou o ano com a expectativa de jogar a Série B do Campeonato Brasileiro, se decepcionou ao ser emprestado depois do Estadual e volta ao clube com um título nacional no currículo. “Os momentos de tristeza no final do Campeonato Mineiro viraram de alegria sendo campeão da Série D”, comemora o lateral, que disputou o Brasileirão pelo Volta Redonda.

Em entrevista ao Toque de Bola, o ex-capitão carijó relembra o histórico 19 de outubro de 2015, fala sobre o dia da decisão, a polêmica saída do Tupi, situação do Carijó e futuro.

   Um ano do acesso

Esta é uma das  entrevistas especiais do Toque de Bola que  marcam um ano do acesso do Tupi à Série B  do Campeonato Brasileiro. Em 19 de outubro de 2015, uma segunda-feira, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca, Alagoas, o Carijó derrotou o ASA por 2  a 1, gols de Kaio Wilker e Marco Goiano, descontando Uederson, de pênalti, aos 41 minutos do segundo tempo, no jogo de volta do “mata-mata do acesso”. Na partida de ida, em Juiz de Fora, em 3 de outubro, um sábado, o  Tupi venceu por 2 a 0, gols de Sidimar e Fabrício Soares, ambos de cabeça e em passes de Marcos Goiano (um em cada tempo), no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.

Osmar foi o capitão do Tupi na campanha do acesso em 2015
Osmar foi o capitão do Tupi na campanha do acesso em 2015

Entrevista – Osmar

O que está mais vivo na sua memória em relação àqueles jogos contra o ASA?

Estão vivos na memória os dias que antecederam o jogo, a sensação de ansiedade que todo jogador tem antes de jogos importantes. Sempre quando lembramos, vem flashes dos momentos antes, da campanha e, principalmente, a alegria depois do jogo… A viagem de Arapiraca para Maceió, a chegada em Juiz de Fora. Acho que vai ficar marcado para sempre na memória. É difícil de apagar. Ainda está presente no meu coração.

Continua em Volta Redonda ano que vem?

Foi uma conquista importante. Tem um gosto muito especial para mim, especialmente pela maneira que saí do Tupi. Conseguimos dar a volta por cima e ganhamos um campeonato de dimensões nacional, de maneira invicta. Joguei todos os jogos. Foi muito bom deixar o nome marcado na história do clube. Acho muito difícil alguma outra equipe fazer uma campanha igual a que fizemos. Isso já faz parte do passado. Tenho que pensar para frente. Não tenho nada definido a respeito da minha carreira. O que está definido é que tenho que voltar para o Tupi no dia primeiro de novembro, já que estou emprestado ao Volta Redonda. O Tupi paga 60 ou 70% do meu salário. Agora volto e reapresento para ver o que acontece: entrar num acordo, acertar uma rescisão. O que está certo, por enquanto, é isso.

Quando saiu do Tupi alegaram que queriam um jogador mais jovem para a posição. Isso chateou você?

Fiquei muito triste, chateado. Não escondi isso de ninguém. Meus números eram bons. Era feito um trabalho muito bom pelo João (Felipe Boaventura), na análise de desempenho. Eu era munido dessas informações, mas nada disso foi levado em conta para me mandar embora. Não olharam o que eu tinha feito pelo clube, e não só eu. O Fabrício Soares também. Tínhamos muito para oferecer ao clube, na equipe desta competição. Você precisa de jogadores experientes, que têm envolvimento com o clube, é importante. Não posso afirmar, mas procuramos saber e os motivos que alegaram minha idade. Simplesmente porque eu tinha 34 anos. Achei que a decisão foi preconceituosa. Você não tem que avaliar o jogador pela idade, mas sim pela produção, pelo o que ele está contribuindo ao grupo. Futebol não é instituição filantrópica. Você não precisa ajudar ninguém, mas tem que valorizar as pessoas que estão contribuindo. Infelizmente isso não aconteceu e fiquei triste por toda essa situação. O clube tem todo o direito de contratar e mandar embora quem quiser, é normal. O que não pode é fazer uma coisa e falar que foi outra. Essa falta de transparência, de verdade, me deixou muito chateado. Agora, analisando, vejo que foi bom para mim. Saí de uma Série B, fui para D, mas foi uma campanha memorável, inesquecível. De 16 jogos, joguei 15. Fiquei feliz por ter ido para o Volta Redonda e fazer parte da campanha. Os momentos de tristeza no final do Campeonato Mineiro viraram de alegria sendo campeão da Série D, pelo Volta Redonda.

Como vê a situação do Tupi hoje?

Fico triste. Quem fez parte do grupo do ano passado viu a luta que foi para fazer a campanha que fizemos. Com tantas complicações e dificuldades, conseguimos colocar o Tupi na Série B, fazendo o Tupi ser conhecido, nacionalmente, como uma das forças do futebol mineiro. Infelizmente, vemos um clube, dentro de campo, na situação em que se encontra. Seria injustiça de a minha parte apontar quem errou, deixou de acertar. Depois de acontecido é muito fácil. Tenho sentimento de tristeza porque queria fazer parte da campanha. Eu, sozinho, com certeza não conseguiria reverter a situação do Tupi hoje. Mas acho que poderia ter dado minha parcela de contribuição. A gente ainda fica na torcida. Vejo jogos , acompanho, converso com pessoas ligadas ao clube e fico na esperança de que eles possam dar uma engrenada na reta final e consigam os pontos para sair dessa situação, mas acho muito difícil. Independente de qualquer coisa, o clube precisa se acertar internamente, externamente, na parte política. Fazer um planejamento, estando na Série B ou C, para o Tupi voltar a ganhar, a ser grande e ter um ano diferente deste.

 

Texto: Cérix Ramon, do Toque de Bola, com supervisão de Ivan Elias

Entrevista a Lucas Bernardino

Foto: Felipe Couri e Leonardo Costa/Tupi FC

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