Leston Júnior, que comandou o Mogi Mirim na Série C em 2016, era o técnico do Tupi na campanha que terminou com o acesso. Na ocasião, o Carijó fez boa primeira fase, ficando no G4 desde a primeira rodada. Leston falou ao Toque de Bola sobre suas principais dificuldades naquele confronto contra o ASA e aponta possíveis motivos para o clube estar enfrentando dificuldades de se manter na Série B: “Clube precisava se estruturar extracampo”.
Um ano do acesso
Esta é uma das entrevistas especiais do Toque de Bola que marcam um ano do acesso do Tupi à Série B do Campeonato Brasileiro. Em 19 de outubro de 2015, uma segunda-feira, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca, Alagoas, o Carijó derrotou o ASA por 2 a 1, gols de Kaio Wilker e Marco Goiano, descontando Uederson, de pênalti, aos 41 minutos do segundo tempo, no jogo de volta do “mata-mata do acesso”. Na partida de ida, em Juiz de Fora, em 3 de outubro, um sábado, o Tupi venceu por 2 a 0, gols de Sidimar e Fabrício Soares, ambos de cabeça e em passes de Marcos Goiano (um em cada tempo), no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.
O que está mais vivo na memória?
Tudo. Não só daquele jogo, mas de toda a caminhada, devido ao grau de dificuldade que foi essa conquista. Impossível não ter tudo que passamos e enfrentamos vivos na cabeça. Aliás, creio que ficará sempre na memória.
Qual foi a maior dificuldade daquele jogo contra o ASA?
Sem dúvida a maior dificuldade foi conter o emocional, afinal de contas, no ano anterior, eu no Madureira e o Tupi disputávamos o acesso e não tivemos êxito contra CRB e Paysandu respectivamente. E não deixar que “fantasmas” atrapalhassem nossa concentração foi fundamental, pois taticamente não tinha dúvida que estávamos preparados para subir, pelo trabalho desenvolvido. Mas principalmente pela aplicação e comprometimento daquele grupo de atletas.
A carreira atualmente
Me desliguei do Mogi Mirim antes do final da Série C de 2016. Obviamente tem tido sondagens e algumas propostas, mas a princípio vou aguardar o término das competições para tomar uma decisão.
Tem acompanhado o Tupi na Série B em 2016?
Tenho acompanhado geral, não somente o Tupi. Sou profissional de futebol, então preciso estar sempre atento a tudo.
O que você acha que pode estar causando essa campanha ruim?
Difícil falar sem estar vivendo o dia-a-dia do clube. Mas posso dizer que, quando não renovei meu contrato no Tupi para a disputa da Série B, foi o fato de ter antecipado a ideia de que o clube precisava se estruturar extracampo – troca do gramado de Santa Terezinha, construção de uma academia dentro do clube para não ter que se deslocar tanto para treinar, um departamento fisiológico básico – coisas que com trinta por cento da cota conquistada, agregada a parceiros, seria possível. Para se ter uma condição mínima de permanência na Série B, mesmo que não conseguisse, ficaria como legado essa reestruturação; inclusive poderia ter outro acesso em função disso. Na época fui criticado por algumas pessoas dentro do próprio clube e de forma leviana foi dito por um diretor que ainda está lá dentro que eu não teria renovado apenas por questão de valorização salarial e que estaria sendo oportunista. Creio que parte dos problemas do atual momento do clube estão aí explicados, pois quando se cresce o nível de exigência é fundamental crescer a estrutura e condição de trabalho do clube proporcionalmente.
A estrutura do Mogi Mirim é melhor do que a do Tupi?
Física sim, mas como administrativamente foi um desastre nos últimos dois anos, caíram na Série B de 2015 e no Paulistão de 2016. Cheguei para disputar a Série C e com muito trabalho conseguimos evitar novo rebaixamento, com quatro meses de salário atrasado.
Cloves concorda com Leston
Consultado pela reportagem do Toque de Bola sobre o trecho da entrevista que cita a não permanência de Leston Júnior, o então gestor de futebol carijó Cloves Santos respondeu: “Leston está com a razão, fui um profundo defensor da reestruturação de Santa Terezinha. Busquei o convênio com a fisiologia da UFJF através do Mauricio Bara (diretor da Faculdade de Educação Física). As condições de trabalho do Tupi para um campeonato como a B são muito ruins. Quando saí do clube estudei muito a Série C e sabia que nos jogos só no fim de semana era possível competir em alto nível, mas para a B a reformulação deveria vir no tamanho do peso do acesso. E não era muita coisa: fisiologia, reforma de Santa Terezinha, uma pequena academia, e uma pré-temporada de primeira linha para ajustar a parte física.”
Ainda segundo Cloves, foi em função de essas as propostas não terem sequência que ele se colocava como eventual integrante de uma chapa de oposição nas eleições, quando concedeu entrevista explicando seu afastamento.
Texto: Toque de Bola
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