Com as credenciais de uma campanha invicta na fase de classificação, sendo a única equipe sem derrotas na temporada, considerando Superligas A e B masculina e feminina, o JF Vôlei faz, neste sábado, dia 15 de março, a primeira das duas partidas contra o Praia Grande (SP) pelas quartas-de-final da competição de acesso.
O primeiro jogo é fora de casa, às 21h30, no ginásio Sítio do Campo, em Praia Grande. A volta está marcada para o próximo dia 21, às 20h, no Ginásio Municipal Jornalista Antônio Marcos, em Juiz de Fora.
Como é a partir de agora
Caso avance, a equipe juiz-forana irá enfrentar o vencedor do duelo entre Norde e Brasília e aí sim, em caso de nova classificação, alcançará não só a final da Superliga B como o acesso à próxima Superliga A.
Somente campeão e vice da Superliga B subirão para a divisão principal.
O que diz o regulamento
(texto do site da Confederação Brasileira de Vôlei)
“Os jogos das QUARTAS DE FINAL serão disputados no sistema de PLAY-OFF com 2 jogos, em caso de empate, a disputa irá para o GOLDEN SET. As equipes mais bem colocadas na fase classificatória terão o direito de escolher o dia e horário que jogarão o playoff, dentre os horários oferecidos pela TV e a sequência de mando dos jogos. A SEMIFINAL será disputada numa série melhor de três jogos, onde o primeiro jogo será na casa do melhor classificado”.
Adversário deu trabalho em JF
Algumas questões interessantes nesta caminhada do JF Vôlei. Embora a distância na tábua da pontuação seja enorme, muito em função da campanha histórica do sexteto local (líder, 30 pontos, 13 jogos, 13 vitórias, 39 sets vencidos e oito perdidos), o Praia Grande (oitavo lugar, seis vitórias, 24 sets ganhos e 26 sets perdidos) foi uma das equipes mais difíceis de serem batidas na fase inicial – foi um 3 sets a 2 “pegado” e disputado em Juiz de Fora (parciais 21/25, 25/19, 22/25, 28/26 e 19/17 no quinto set).
Outra questão: como é chegar à etapa de “vencer ou vencer” depois de superar todos os adversários, perdendo um total de apenas oito sets em 13 partidas?
Entrevista exclusiva: analista de desempenho do JF Vôlei, Walber Costa
O Toque de Bola conversou com o analista de desempenho do JF Vôlei, Walber Costa, sobre estas e outras situações e a entrevista ficou bacana. Ah, importante também. O nosso entrevistado nos ajudou a checar quais atletas das duas equipes envolvidas neste embate têm números significativos na estatística da Superliga B.
Olha aí o resultado:
Ataque
Wesleen (JF Vôlei) é o maior pontuador da fase classificatória da competição, com 231 pontos. Haward (Praia Grande) é o terceiro maior pontuador, com 193 pontos.
Bloqueio
Pilan (JF Vôlei) é o segundo maior pontuador, com 40 pontos. Marcelo (JF Vôlei) é o quinto maior pontuador, com 34 pontos. Kayon (Praia Grande) é o sétimo maior pontuador, com 33 pontos.
No saque nenhuma das duas equipes tem atletas entre os 10 principais pontuadores
Entrevista: Walber Costa
- Toque de Bola: Qual a sua formação e quais foram as equipes que trabalhou antes de integrar a Comissão Técnica do JF Vôlei?
“Walber:
Formação Acadêmica:
– Graduação em Educação Física pela UFJF;
– Especialização em Educação Física pelo IF Sudeste MG;
– Mestrado em Educação Física pela UFJF.
Formação no Vôlei:
– Curso Nível 1 e 2 de Análise de Desempenho pela Data Project;
– Curso Nível 2 e 3 de Treinador pela CBV.
Equipes em que trabalhei
– Caramuru Vôlei (Equipe Masculina);
– Unilife Maringá (Equipe Feminina);
– Sesi Vôlei Bauru (Equipe Feminina);
– Campinas Vôlei (Equipe Feminina);
– Recife Vôlei (Equipe Feminina);
– Neurologia Ativa (Equipe Masculina);”
- Toque de Bola: Como foi o convite do JF Vôlei para você?
Walber:
“O convite se deu através do (dirigente) Maurício Bara. Ele comentou da existência da vaga para a função de analista de desempenho na equipe, a proposta foi aceita e demos início aos trabalhos na função de analista de desempenho”.
- Toque de Bola: Em que consiste basicamente o seu trabalho, não só no JF Vôlei mas a observação dos adversários da equipe? Quantas horas por dia, considerando os treinos presenciais e as observações/estudos em outros períodos?
Walber:
“O meu trabalho consiste na análise do JF Vôlei e também na análise das equipes que nós enfrentamos nas competições. Com o JF Vôlei, o trabalho consiste na análise de cada um dos atletas da equipe e também na análise da equipe de maneira coletiva. Sobre esse trabalho de análise do JF, nós analisamos os treinamentos que são realizados pela equipe, os amistosos e os jogos oficiais durante toda a temporada.
Essa análise é feita diariamente. Todos os dados gerados ficam armazenados em um banco de dados, toda a Comissão Técnica tem acesso a essas informações e nós vamos acompanhando se os atletas da equipe estão apresentando queda ou melhora de performance. Essas informações são extremamente importantes, pois nós conseguimos intervir nos treinamentos para potencializar a performance de toda a nossa equipe de maneira a chegar nos jogos com o máximo de desempenho de cada um dos nossos atletas.
Sobre o trabalho de análise das equipes adversárias, o único material que nós temos acesso são os jogos oficiais que essas equipes realizam. O trabalho é maneira semelhante ao da nossa equipe. A gente inicia por analisar cada um dos atletas individualmente, mas nós também analisamos o que essas equipes têm produzido coletivamente. Buscamos identificar os padrões de jogo que essas equipes apresentam, os pontos fortes que elas equipes têm apresentado nos jogos, ao mesmo tempo procuramos identificar os pontos onde nós vamos explorar durante cada uma das partidas que a gente realiza.
E sobre a carga horária, varia muito a cada semana, é um calendário que às vezes vai ter um jogo durante a semana, dois jogos durante a semana, pode ser uma semana apenas de treinamento. Então, em virtude do calendário, é que nós conseguimos ter a definição da carga horária para se realizar de trabalho em cada um dos dias, porque depende muito também até mesmo do momento da competição que a equipe se encontra. Agora que nós estamos nos playoffs, o trabalho se intensifica, são mais jogos analisados. No momento onde a gente tem aí uma carga horária maior do que no início da confecção e também do início da temporada onde a equipe apenas estava treinando e realizando os amistosos. Então varia muito, não tem uma carga horária pré-estabelecida.”
- Toque de Bola: O JF Vôlei faz uma campanha invicta e naturalmente é “o time a ser batido”, como se diz na linguagem esportiva. Isso de certa forma dificulta o trabalho, passa a ser em tese o time mais estudado da competição?
Walber:
“Acredito que todas as equipes que estão nos Playoffs da Superliga B vão destinar mais tempo para os estudos do que aconteceu na fase classificatória. Então, em relação ao tempo, eu não acredito que o JF Vôlei seja a equipe mais estudada. Eu acredito que todas as equipes em relação à carga horária de estudo vão ter ali a mesma quantidade de horas aí, obviamente cada comissão técnica trabalha de uma maneira, mas eu acredito que em relação a tempo não tenhamos a diferença por conta de ter a equipe invicta ou ter a equipe na segunda, terceira colocação, enfim, qualquer que seja a classificação, acredito que a carga de equipes.
O que eu vejo de diferente em relação aos estudos é que o JF Vôlei terminou a fase classificatória com uma campanha invicta, e a equipe conseguiu responder bem a todas as estratégias que foram utilizadas contra a equipe. Então, a equipe de Praia Grande, nos estudos da equipe do JF Vôlei, terá mais dificuldade do que as outras equipes da Superliga B que estão nos Playoffs, porque todas as demais equipes tiveram pelo menos uma derrota na competição.
Então, você já consegue ter pelo menos um jogo com uma estratégia que deu certo contra aquela equipe em questão, diferentemente da nossa equipe que conseguiu responder bem a diversas estratégias que foram utilizadas contra nós. Acredito que o fato da campanha invicta dificulta os estudos da equipe do J.F. Volei, mas não que isso vá destinar a necessidade de uma carga horária maior porque isso acredito que naturalmente já vai acontecer com todas as equipes.
A diferença está no fato de você ter mais dificuldade de encontrar algum caminho para explorar ali na partida contra a equipe do JF Vôlei.”
- Toque de Bola: O adversário desta primeira etapa eliminatória é justamente o que deu talvez mais trabalho na fase de classificação. Foi bom talvez já ter enfrentado estas dificuldades considerando estes dois próximos jogos?
Walber:
“A equipe de Praia Grande é uma equipe muito qualificada, uma equipe que nos colocou em dificuldade na fase classificatória. Sabemos que teremos dois jogos muito difíceis pela frente, mas nós nos preparamos bem, estudamos muito a equipe de Praia Grande, estamos preparados para diferentes contextos que podem acontecer na partida e a gente acredita que a equipe do JF Vôlei irá performar muito bem nesses dois jogos contra a equipe de Praia Grande.
A equipe de Praia Grande tem muitas possibilidades de formação, foram feitas algumas situações táticas interessantes, nós estudamos essas situações, trabalhamos essas situações ao longo da semana e analisamos aquilo que foi feito durante a fase classificatória.
Todo esse material de estudo, todas essas informações nós levantamos, estudamos, a gente trabalhou bastante e acredita que nós tenhamos aí a possibilidade de fazer dois bons jogos contra a equipe de Praia Grande e buscar essa classificação para a semifinal.”
- Toque de Bola: Como você e a Comissão Técnica trabalham com este regulamento de agora. Se houver uma vitória para cada lado, decisão no golden set. Tem algum trabalho específico em função disso?
Walber:
“Nossa equipe está preparada para a fase final da Superliga B, para os playoffs. Estamos preparados para todas as situações que a equipe possa enfrentar. Estamos muito bem fisicamente, tecnicamente, estudamos muito a equipe de Praia Grande. A equipe toda está ciente daquilo que tende a enfrentar nesses jogos. E caso as situações sejam novas, nós também estamos preparados para poder responder bem dentro de quadra e buscando sair com a classificação para a semifinal. Serão jogos difíceis, mas a nossa preparação tem sido excelente e estamos muito confiantes de que a nossa equipe irá performar muito bem nesses dois jogos”.
Texto: Ivan Elias – Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola e Yan Ferreira
Arte: publicada inicialmente no Instagram da CBV
Edição: Ivan Elias – Toque de Bola
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