
Atire a primeira pedra a torcedora, independente de faixa etária, que não ouviu este questionamento ao revelar que gosta de acompanhar futebol.
É como ao responder a este enigma, ela estivesse magicamente autorizada a passar pela a faixa-amarela “mantenha distância” e merecer a pulseira para os integrantes vips deste universo esportivo.
É uma intimidação, uma barreira bem bocó, tenhamos sinceridade. Saber ou não o que é impedimento não invalida a experiência nem o direito de torcer por um time de futebol. E não proíbe ninguém de ver ou comentar as partidas.
Essa mentalidade que precisa ser exterminada: futebol não é exclusividade do clube do Bolinha. É “coisa de menina”, se ela quiser e como quiser. Ela pode torcer, jogar, administrar, atuar em alguma função relacionada: médica, nutricionista, marketing, fisioterapeuta, jornalista, etc.
Muitos clubes e campeonatos abriram o olho para o impacto da perda deste público. Desde afastar uma influência para outros torcedores – neste caso sirvo como exemplo, herdei meu coração alvinegro da minha mãe – até afastar consumidoras dos produtos do time.
Garotas, não se sintam inibidas: se gostam, ignorem as gracinhas e torçam. Se quiserem se aprofundar, pesquisem. Eu aprendi as regras do futebol vendo jogos e lendo. Atualmente, basta dar um Google e pronto: eis que surgem cerca de 1.520.000 resultados relacionados a “o que é impedimento no futebol”.
E, cá entre nós, desde que eu me entendo por gente, nem os próprios questionadores conseguem responder à pergunta de bate-pronto. Se fosse ponto pacífico de uma regra clara não haveria tanta polêmica sobre se é ou não nem haveria tantos erros que mudaram trajetórias de equipes em diferentes competições.

Ainda mais recentemente, não haveria tantas contestações sobre o VAR, a propagada esperança tecnológica de fim dos problemas, mas que virou chamariz de outros, como bem apontaram Ivan Elias e Wallace Mattos em suas crônicas aqui no #OToquequeFaltava.
Ah, garotas, se ouvirem esta pergunta naquele tom que vocês sabem bem, não hesitem em responder. Meu repertório é variado. Já usei “aquilo que é marcado contra o Botafogo nos saudosos tempos quando ele visitava a grande área adversária, mas quase nunca a favor” ou “pelo visto não há consenso entre quem apita, quem comenta e quem faz a regra”.
Ou se preferirem, devolvam o questionamento: “Não sei. Me explica?”. E após ouvir a aula-padrão sobre “é quando o jogador recebe a bola ou participa de um ataque em posição irregular em relação à linha defensiva”, sinta-se à vontade para soltar um “você tem certeza?”
De que adiantam câmeras de última geração, quando toda a treta se resume à decisão de onde será traçada a linha? Sem contar que o equipamento não é infalível, pode ter uma pane, estar se recalibrando e haver um lance que precise dele, como foi o caso de Vasco 0 x 2 Internacional, no dia 14 de fevereiro.
Portanto, possível “questionador”, desça do pedestal. Não seja bobo, porque não faltam exemplos nacionais e internacionais de que a resposta não é tão óbvia quanto você pensa.
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ps.: O Comitê Organizador de Tóquio-2020 agora tem uma presidente: bem-vinda Seiko Hashimoto, que era ministra japonesa para os Jogos Olímpicos. O mundo mudou e a pressão de organizadores e patrocinadores ajudaram a tirar o holofote de quem não sabe respeitar os outros.
Crônica: Roberta Oliveira – Toque de Bola
Arte: Toque de Bola
Oi, Miriam. Realmente é uma delícia quebrar um rótulo tão limitante, não é? Na maioria das vezes, incluindo recentemente, eu encontrei os questionadores. Obrigada pela leitura e pelo comentário!
Obrigada pela leitura e pelo comentário!
Roberta, as vezes eles nem gastam saliva para fazer a fatídica pergunta. Se o assunto da roda é futebol, simplesmente te ignoram. Aí, é só esperar uma deixa e soltar uma análise certeira. Você quebra a dinâmica, o grupo silencia e te olha como ET. Mas é uma delícia!
Excelente!