Ainda faltam duas rodadas para o final da Série B do Campeonato Brasileiro, mas o Tupi apenas cumprirá tabela. A participação do clube na competição foi dramática e decepcionou os torcedores carijós. No início da tarde desta quarta-feira, 16, o promoveu uma entrevista coletiva com as participações da presidente do clube, Myrian Fortuna, do vice-presidente de futebol, José Roberto Maranhas, do vice-presidente de finanças, Jarbas Raphael, e do gerente de futebol, Gustavo Mendes.
“Oferecemos o possível para a competição – infraestrutura possível, dentro dos moldes do Tupi; campo de treino; alimentação de qualidade; moradia para os jogadores – mesmo a gente não sendo bem recebido pelos empresários de Juiz de Fora”, definiu Myrian. Os dirigentes do clube responderam às perguntas e falaram por mais de uma hora com os jornalistas. Foram tratados assuntos como planejamento de 2016, público na Série B, ações de marketing, questões financeiras, categorias de base e saída de jogadores.
Série de matérias
O Toque de Bola vai apresentar ao torcedor uma série de matérias com a visão da diretoria em relação ao ano de 2016. Os assuntos serão abortados de maneira separada. Nesta primeira, a presidente Myrian Fortuna e o vice-presidente de futebol, José Roberto Maranhas, fizeram um balanço sobre o ano e as dificuldades da Série B.
O rebaixamento
Myrian Fortuna: “A emoção que eu vivi no ano passado, é avessa à que eu estou vivendo hoje. É um sentimento que não é só meu. Eu não consigo dizer ‘tudo bem’ para as pessoas desde sábado. Como torcedores e membros da diretoria, e eu como maior torcedora do Tupi, enquanto presidente, queremos que o clube esteja onde ele conseguiu chegar. Coisa que ele nunca conseguiu. Desde 2007 o Tupi está se consolidando no cenário estadual. Apesar das dificuldades, estamos como a quarta força do futebol (mineiro). Desde 2011, quando fomos campeões brasileiros, estamos nos consolidando no cenário nacional. Onde o Tupi chegou no ano passado, é o trabalho de um grupo que se preocupa com onde Tupi chegar. Apesar de toda crise nacional, conseguimos sobreviver. Como presidente, e junto da diretoria, gostaria de dizer que oferecemos o possível para a competição – infraestrutura possível, dentro dos moldes do Tupi; campo de treino; alimentação de qualidade; moradia para os jogadores – mesmo a gente não sendo bem recebido pelos empresários de Juiz de Fora. No início do ano passado, percorremos mais de 120 empresas e todos com a dificuldade da crise financeira”.
Deficiências do planejamento
Myrian Fortuna: “Nós planejamos tudo muito bem, dentro do que nos propusemos ano passado. Planejamos com vontade de dar certo. Ninguém planeja as coisas para dar errado. Ninguém pensou nisso. Foi pensado dentro do departamento de futebol, da comissão técnica contratada, um planejamento total, desde o (campeonnato) Mineiro com alguns contratos até o final do ano, mas tivemos que remodelar. Detectamos isso até pela maneira que o time vinha se apresentando, ouvindo a comissão técnica e atendendo o que era possível”.
José Roberto Maranhas: “Acreditamos que em termo de planejamento, a coisa foi bem feita. Só que o futebol não vive só de planejamento. Dentro desse planejamento você tem que conseguir resultados. Contratamos o treinador do mineiro com antecedência, que também tínhamos segurança de que ele ficaria para o Brasileiro. Infelizmente, nas primeiras rodadas, tivemos que fazer uma mudança. Observamos que os resultados não estavam acontecendo como planejávamos e o Mineiro seria uma ótima oportunidade para preparar o time para a Série B. Tanto é verdade, que fizemos este ano, uma coisa que raramente fazemos: aproximadamente 60% do elenco contratada para o Mineiro participaria da Série B. Infelizmente, também tivemos que fazer mudanças de rumos com as dispensas. Isso não porque nós quisemos, mas a comissão técnica entendeu que deveria ser mudado. Esses atletas que deveriam ter os maiores salários, não estavam rendendo e observou-se que não renderiam o suficiente. Então tivemos que dispensar. Acontece que hoje tem uma legislação que diz que para dispensar um atleta, você tem que pagar o salário dele até o final do ano. Você pode até fazer um acordo, mas tem que ser bastante bom para ele. Senão ele não se interessa em rescindir o contrato. Ali começou uma defasagem principalmente financeira. O Tupi, não tenho dúvidas, é o clube da Série B de menor orçamento. É o menor e longe do penúltimo menor. Quando você tem um Campeonato Mineiro, que tem 11 jogos, mesmo com um time mais humilde, se faz uns quatro resultados bons, você já está no topo. O Campeonato Brasileiro da Série C, onde há possibilidade de recuperação de atletas, com um plantel mais enxuto, menor, você consegue disputar relativamente bem. Já as séries B e A, infelizmente, não são assim. São estilos diferentes. Se nós sabíamos disso? Claro, mas mesmo sabendo, nós não tínhamos condições de manter um elenco de pelo menos 20 a 22 jogadores de mesmo nível. Você tem que manter para conseguir regularidade. Você acaba perdendo jogadores mais pelas viagens do que com desempenho físico. Isso não é só para o Tupi, obviamente. É para todos. Mas ter esses jogadores facilita para a Comissão Técnica. Nossos atletas sentiram muito. O que mais me decepcionou (no planejamento) foram, apesar de terem sido bem escolhidos, os treinadores. Eles não conseguiram os resultados que esperávamos. Foi o caso do Lopes Júnior e do (Ricardo) Drubscky. Quando começa a mudar muito, a tendência é de que os resultados não venham”.
Crise para todos os lados
A próxima matéria da série “Balanço da Série B” trará a visão dos gestores em relação ao público nos jogos com mando de campo do Tupi e a questão financeira do clube. Maranhas fez discurso preocupante e afirmou que 2017 pode ser um “ano extremamente difícil”.
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Texto: Cérix Ramon, do Toque de Bola, com supervisão de Ivan Elias – Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola
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Quarta força do futebol mineiro? Quase foi rebaixado ano passado no estadual. Claro que o Tupi está abaixo da Caldense e do Boa… Renovação total, eleições… Nem Fortuna, nem Clóves e muito menos Maranhas…