Do “namoro” de 2011 ao “sim” de 2015, Júnior Lopes quer o Tupi “ficando” 2, 3 anos com a Série B

Pouco depois de conquistar o título do Campeonato Brasileiro da Série D em 20 de novembro de 2011 e perder, no mesmo dia, o então treinador Ricardo Drubscky para o Volta Redonda (a delegação, jornalistas e alguns torcedores jantavam numa churrascaria de Recife quando a notícia foi publicada no site do Voltaço), o Tupi quase chegou a Juiz de Fora já anunciando um novo comandante.

Naquela oportunidade, Júnior Lopes jantou com a diretoria carijó, um dia depois da final, na escala do voo feita no Rio de Janeiro, e só não concretizou a sua transferência como novo comandante alvinegro porque o Flamengo poderia chegar à Libertadores do próximo ano e o então auxiliar de Wanderley Luxemburgo deixou seu futuro na dependência dessa situação. Adiante, o clube carioca conseguiu a vaga e Júnior seguiria como auxiliar até que, depois de mais uma experiência, desta vez no Grêmio, decidiu por uma carreira solo.

De novembro de 2011 a novembro de 2015, Tupi e Júnior Lopes seguiram seus caminhos, mas sempre com muitos telefonemas, trocas de informações sobre jogadores e outros contatos do mundo do futebol. O Carijó viveu um repertório cheio. Caiu para a Série D, voltou para a C, quase “fisgou” a B em 2014 – parou no Paysandu no primeiro mata-mata, e este ano, enfim, alcançou a sonhada vaga na Série B da próxima temporada.

Júnior Lopes, em seus trabalhos mais recentes, foi treinador em parte da campanha do Macaé no ano em que o clube fluminense conquistou o título da Série C (2014), chegou às semifinais do Campeonato Mineiro de 2015 pela Tombense e passou pela Portuguesa (SP) em seguida, sem chegar a ser o técnico da Lusa na reta final da mesma Série C nesta temporada.

Na manhã de sábado, 14, na sede social do Tupi, dirigentes e treinador contaram os bastidores desse “namoro antigo”, como definiu o vice-presidente de futebol, José Roberto Maranhas – “até pelo aspecto financeiro não foi possível a contratação em 2011”, admitiu, e trocaram muitos sorrisos. Tanto os dirigentes como o novo técnico – que trouxe um preparador físico, Renê Carlos, e um analista de desempenho, João Felipe  – Julio Cirico será auxiliar técnico de Júnior  e o preparador físico Gustavo Shiroma deve acompanhar Leston Júnior em seu novo clube – demonstraram muita confiança em que o namoro se transforme num casamento vitorioso em 2016 – com Campeonato Mineiro e Série B do Brasileiro no calendário.

Maranhas e o vice-presidente do Conselho Gestor do futebol do Tupi, Cloves Santos, acreditam que o perfil do novo técnico é semelhante ao de treinadores que cresceram junto com o clube, casos de Ricardo Drubscky, Leonardo Condé e Leston Júnior.

Da esquerda: Supervisor Pitti, Vice José Roberto Maranhas, preparador físico Renê Carlos, vice-presidente do Conselho Gestor Cloves Santos , treinador Júnior Lopes e analista de desempenho João Felipe na apresentação e entrevista coletiva na sede social do Tupi
Da esquerda: Supervisor Pitti, Vice José Roberto Maranhas, preparador físico Renê Carlos, vice do Conselho Gestor Cloves Santos, treinador Júnior Lopes e analista de desempenho João Felipe na apresentação e entrevista coletiva na sede social do Tupi

 

Veja todas as primeiras declarações do novo treinador do Tupi, Júnior Lopes, durante sua apresentação na sede social do clube:

   Primeiro contato

“Eu, Cloves (Cloves Santos, dirigente do Conselho Gestor) , Maranhas (José Roberto Maranhas, vice-presidente) e Myrian (Myrian Fortuna, na época nutricionista e hoje presidente do clube) nos encontramos no Rio de Janeiro em 2011 para tentar um acerto. Deixamos tudo apalavrado e disse que só teria uma condição naquela época. Faltavam umas três, quatro rodadas para o fim do Campeonato e eu disse a eles que se o Flamengo se classificasse para a Libertadores, eu gostaria de trabalhar nessa competição. E foi o que aconteceu. Acabamos nos classificando e  logo liguei para eles para desfazer o compromisso”, revelou o treinador.

Carreira

“Eu comecei a minha carreira como treinador em 1996, depois trabalhei como auxiliar. Trabalhei com meu pai, Antônio Lopes, por muito tempo. Fiz uma boa campanha como técnico no Iraty-PR em 2009, e me encontrei com o Vanderlei (Luxemburgo) e ele me chamou para trabalhar com ele como auxiliar e fiquei quatro anos, retomando a carreira como técnico em 2013”, conta.

  Últimos trabalhos

Júnior Lopes, que já trabalhou em grandes clubes do futebol brasileiro como Vasco, Grêmio, Flamengo, Fluminense, Palmeiras e também já esteve na Grécia defendendo o Asteras Tripolis, contou como foram seus últimos trabalhos.

“Me sinto parte importante da conquista do Macaé na Série C 2014, porque trabalhei na montagem daquele grupo e, por problemas internos, sai faltando cinco rodadas para o término da competição. Depois vim para o Tombense, que foi um trabalho muito importante, que me permitiu conhecer o futebol mineiro. Fizemos um bom trabalho, conseguimos o quarto lugar e a vaga nas semifinais. E aí a Portuguesa me chamou lá para São Paulo. Foi um trabalho muito difícil, chegamos sem jogador nenhum, tivemos que montar o elenco, o clube atravessava uma situação complicada de três rebaixamentos seguidos, da Série A para a B, e da B pra C. Estávamos no quarto lugar quando eu acabei saindo por conta de uma troca na direção, o diretor que entrou tinha seu treinador de preferência e chamou o Estevam Soares para trabalhar lá”.

Campanhas recentes de Júnior:

Macaé: 13 jogos – Série C 2014: 5 vitórias, 3 empates e 5 derrotas (demitido após derrota para o Madureira por 2 a 1, no Moacyrzão, na 13ª rodada)

Tombense: 13 jogos – Campeonato Mineiro 2015: 6 vitórias, 3 empates e 4 derrotas (saiu após cair na semifinal do Mineiro para a Caldense)

Portuguesa (SP): 5 jogos – Série C 2015 – duas vitórias, um empate e duas derrotas (demitido após derrota de 1 a 0 para o Tupi, no Canindé, na quinta rodada)

Planejamento

“Temos tudo para fazer um bom ano, com muita calma e tranquilidade. É uma situação nova, o Tupi tem que se acostumar com a Série B, claro que o Mineiro é um campeonato importante, mas temos que nos planejar aos poucos, nos prepararmos para essa competição. É uma competição muito difícil, totalmente diferente, e que nós possamos não cometer os mesmos erros de Mogi Mirim, que bateu e voltou, o próprio Macaé, que está na disputa para não voltar à Série C. Por isso, vamos fazer um planejamento para um ano inteiro, com o primeiro objetivo de fazer um Mineiro bom e depois para que o Tupi possa se firmar, ficar dois, três anos na Série B e depois tentar voos maiores. Muito feliz de estar aqui e fazer parte disso”, comentou.

Prioridade

“É lógico que o Campeonato Mineiro é importante e a gente não pode deixar de lado, mas o planejamento para a Série B já começou. E é importante para o Tupi, que está voltando a essa competição, se programar para não bater e voltar, como Mogi Mirim. Então desde o começo do ano vamos trabalhar nas duas frentes, tanto no Estadual e principalmente na Série B. Lógico que no inicio do ano com algumas dificuldades financeiras, porque o orçamento é menor, mas vamos ter um planejamento para a Série B”, explica.

Reforços

“Jogador tem que ter qualidade, não só dentro de campo, mas fora de campo. Tanto de postura, como mental, que é muito importante. Precisamos de jogadores de qualidade, lógico que o Estadual vai ser uma mostra do que ele pode provar da sua competência para atuar na Série B. Temos uma base, vamos manter parte desses jogadores vitoriosos que conquistaram o acesso, mas logicamente que alguns vão sair, outros vão chegar, é um processo natural no meio do futebol. Já começamos conversas sobre alguns jogadores do grupo, outras possíveis chegadas estamos tratando internamente”, enfatizou.

Estrutura

“É um clube de muita história, mas que há muito tempo não disputa uma competição desse nível. É bem diferente da Série C e temos que melhorar tanto dentro como fora de campo. O nível de exigência é outro, mas no dia a dia vamos melhorando e evoluindo em todos os aspectos”, alertou.

Manutenção da base

“Conheço bastante o elenco do Tupi, mais de jogar contra. Trabalhando mesmo acho que só com o Marco Goiano. Ainda não encontrei com os jogadores. Temos que valorizar essa base vitoriosa, a ideia é essa. Não podemos desprezar essa base “pronta” e buscar sempre reforços em posições pontuais para qualificar ainda mais o elenco” pontuou.

Esquema preferido

“Quando estamos envolvidos na competição assistimos mais jogos dela. Vi muitos jogos do Tupi, vi de Série B. Eu procuro me enquadrar na filosofia do clube. Acho que o treinador não pode se impor quanto a isso. Então é bom conhecer a filosofia do clube e se adaptar a isso. É lógico que você vai dar a sua cara, mas não pode impor 100%. Muita gente pergunta qual é o meu esquema e eu digo que não tenho isso. Se eu chegar na Seleção Brasileira, aí vou ter um esquema e dentro dele escolher os melhores. Mas quando você chega num clube tem que se adaptar a um esquema, a uma filosofia do clube”, esclareceu.

“Time chato” (slogan adotado pelo time com orgulho este ano)

“O Tupi era uma equipe que marcava muito, e chato por isso, desde o ano passado também com o Léo Condé, o Tupi era caracterizado por isso. É importante não deixar jogar e você jogar quando tem a bola, temos que ter qualidade e encontrar o equilíbrio”, destacou.

Seleção Brasileira (declaração de Tite dizendo que não trocaria o Corinthians por nada)

“O Tite falou mais por esse momento de fim de ano, de definição. Seleção Brasileira é o sonho de todo mundo, o Tite se preparou para isso nesse um ano em que ficou parado, pensando de pós Copa receber o convite, que não veio. Agora vem fazendo um ótimo trabalho no Corinthians, praticamente campeão brasileiro, mas acredito que na virada do ano, caso receba o convite, ele irá aceitar”, comentou.

 

 

Renê Carlos trabalhou 16 anos na Portuguesa (SP) e está confiante em atuar numa Comissão Técnica permanente
Renê Carlos trabalhou 16 anos na Portuguesa (SP) e está confiante em atuar numa Comissão Técnica permanente

    Mais dois

O preparador físico Renê Carlos e o analista de desempenho João Felipe Boaventura fizeram uma rápida apresentação ao torcedor, a pedido do Toque de Bola.

Renê Carlos, 42 anos, trabalhou na Portuguesa por 16 anos e analisou o fato de atuar numa Comissão Técnica permanente em várias funções – somente mudanças pontuais têm ocorrido. “Sou formado em Educação Física pela UNIP e pós-graduado na Escola Paulista de Medicina em Fisiologia do Exercício. É muito importante essa relação com a comissão que já está no clube, para ter esse feedback do atleta, em todos os sentidos, de desempenho à recuperação”

 

João Felipe Boaventura: analista de desempenho foi apresentado junto com o novo técnico, Júnior Lopes
João Felipe Boaventura: analista de desempenho foi apresentado junto com o novo técnico, Júnior Lopes

 

João Felipe: Trabalhei com o Júnior no Tombense no Campeonato Mineiro deste ano e agora ele me convidou para vir com ele para o Tupi. Objetivo é sempre almejar voos maiores tanto no Mineiro, quanto na Série B. Eu faço analise dos adversários, análise técnica dos atletas do grupo em vídeo, passando as informações para eles e para o treinador.”

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Texto e fotos: Toque de Bola

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