Do Barão de Coubertin (no leque) à Taça Jules Rimet: o esporte nos 100 anos do Museu Mariano Procópio

Museu Mariano Procópio completa 100 anos em 23 de junho de 2021 

  No dia 23 de junho de 1921, Alfredo Ferreira Lage inaugurou oficialmente o Museu Mariano Procópio. A data marcaria o centenário de nascimento do homenageado, o comendador Mariano Procópio Ferreira Lage.

  Agora é a vez de celebrar o centenário da obra do filho em homenagem ao pai, que se tornou um dos pontos turísticos mais conhecidos e uma das referências de Juiz de Fora. Atualmente, fechado, por causa das medidas restritivas de combate à disseminação da covid-19.

  As comemorações do centenário do primeiro museu de Minas Gerais incluem uma programação especial, com lives nos perfis oficiais para falar sobre a história da instituição e o lançamento de um selo comemorativo.

  Por isso, o Toque de Bola pesquisou sobre a relação entre o Museu e o esporte. E acredite: sim, há histórias para contar e possivelmente outras tantas a serem descobertas.  E fiquem atentos, porque tanto o Toque de Bola quanto a webradio Nas Ondas do Toque vão voltar a este assunto em breve.

  Antes, uma rápida explicação sobre a instituição aniversariante.

Museu Mariano Procópio

A Villa ou Castelinho era a chácara da família Ferreira Lage 

   Por decisão de Alfredo Ferreira Lage, a Villa ou Castelinho, que era a chácara da família que foi construída em 1861,  passou a receber visitantes como museu particular em 1915.

  No dia da inauguração, o prédio Anexo, onde está a Galeria de Belas-Artes, ainda estava em obras. O primeiro imóvel construído para ser um museu no Brasil ficou pronto quase um ano depois e foi aberto em 13 de maio de 1922.

  Em 29 de fevereiro de 1936, Alfredo Ferreira Lage doou o Museu, o acervo e o parque ao Município de Juiz de Fora. O Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio surgiu para ser o guardião do espaço.

  Ao longo dos 100 anos, o acervo, os prédios e os parques foram tombados pelos governos federal, estadual e municipal. Nos últimos anos, o prédio Anexo e a Villa passaram por um processo de restauro que ainda não foi concluído.

  A Prefeitura encaminha à Câmara nesta quarta, 23, um projeto de lei que vai alterar o modelo de gestão do Museu. A tramitação da proposta começa com uma audiência pública on-line na Câmara Municipal, nesta quinta, 24. 

“Acervo nacional de relevância internacional”

“Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo faz parte do acervo do Museu Mariano Procópio

  É desta forma que a página oficial da instituição descreve o acervo do Museu Mariano Procópio. O ponto de partida foram os itens colecionados por Ferreira Lage ao longo da vida.

  Um acervo diverso, que abrange diversas manifestações artísticas e áreas do conhecimento, com peças datadas entre meados do século 19 e princípio do século 20.  

  E, pela proximidade dos Ferreira Lage com a família imperial, há itens do acervo relacionados à história da monarquia no Brasil.

  A estimativa é de que o local guarde mais de 50 mil peças, entre pinturas, esculturas, moldes de gesso, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de História Natural.

  A instituição realiza há alguns anos nova catalogação das peças do acervo, para digitalização e levantamento de dados mais precisos sobre os itens.

E onde entra o esporte nessa história centenária?

  Claro que um acervo tão grande e diversificado como o do Museu Mariano Procópio teria algumas peças relacionadas ao esporte no acervo. Sem contar que a própria instituição conseguiu estar envolvida com as duas maiores competições esportivas do planeta: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Jules Rimet na Galeria Maria Amália

A Taça Jules Rimet foi exposta em mostra no Museu Mariano Procópio

  Após a conquista do tricampeonato mundial, o Brasil ficou em definitivo com a Taça Jules Rimet, em 1970. Juiz de Fora foi uma das cidades selecionadas para receber a visita da Taça.

  E o Museu Mariano Procópio recebeu a Copa do Mundo durante três dias, entre 16 e 19 de setembro de 1970, na exposição “O Caneco é Nosso”.

  De acordo com informações do Museu Mariano Procópio, a Taça foi exibida no cenário “Luiz XV”, em homenagem ao criador o francês Jules Rimet.

  Após a Jules Rimet, o Museu inaugurou a mostra “Seção de Esportes” com taças de prata, troféus, fotos, estátuas e medalhas esportivas pertencentes ao acervo.

  Relatórios do período indicam que a instituição recebeu 12.500 visitantes em setembro de 1970, superando o mês anterior que contabilizou cerca de sete mil pessoas.

Mensagem do Barão Pierre de Coubertin no leque da Viscondessa de Cavalcanti

A Viscondessa de Cavalcanti e as Olimpíadas

  “Fiéis lembranças, esperanças tenazes: esta é a melhor receita para o elixir da vida”. Esta foi a mensagem do Barão Pierre de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos Modernos e foi secretário geral e presidente do Comitê Olímpico Internacional, escreveu em um leque de pergaminho.

  O objeto pertenceu à Amélia Machado Cavalcanti de Albuquerque, a viscondessa de Cavalcanti. Assim como o primo Alfredo Ferreira Lage, ela também reuniu ao longo de mais de 90 anos um grande acervo pessoal.

  Parte foi doada para o Museu Mariano Procópio, entre eles o leque, que chegou em 1947. Nele, a viscondessa colecionou versos, mensagens, autógrafos, desenhos e partituras de 69 personalidades, como Santos Dumont e Dom Pedro II, entre outros.

  O Museu tem na biblioteca o livro do Barão de Coubertin “Notas Sobre a Educação Pública”, de 1901. De acordo com a instituição, o exemplar veio no acervo doado pela viscondessa.

A mensagem do Barão Pierre de Coubertin colocou o Museu Mariano Procópio na rota das Olimpíadas 2016
Foto: Carlos Mendonça/PJF

A Tocha Olímpica

Durante o trajeto em Juiz de Fora, a Tocha Olímpica passou pelo parque do Museu Mariano Procópio

  Em 2015, Juiz de Fora estava na lista de cidades anunciadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro para receber a Tocha Olímpica.

  Justamente estes laços com o pai das Olimpíadas Modernas deram um papel de destaque ao Museu Mariano Procópio durante o revezamento da Tocha Olímpica para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

  Em 15 de maio de 2016, a Tocha Olímpica chegou à Juiz de Fora. Já era noite quando o símbolo olímpico chegou ao parque do Museu Mariano Procópio.

  Enquanto a tocha era conduzida no percurso iluminado por tochas no entorno do lago, uma encenação mostrava Dom Pedro passeando de barco enquanto um coral interpretava um trecho da ópera “O Trovador”.

  Foi uma referência à visita do imperador ao local em 1861. De acordo com a assessoria do Museu, mais de 1.500 pessoas viram a encenação e a passagem da Tocha no local.

15 de maio de 2016: a Tocha Olímpica esteve no parque do Museu Mariano Procópio Foto: Carlos Mendonça/PJF

O Parque, a Caminhada e a yoga

Antes da pandemia, o parque e o entorno do lago eram espaços de lazer e de prática de caminhada e de corrida
Foto: Museu Mariano Procópio/Divulgação

  Aberto ao público em 1934 e revitalizado em 2008, o parque do Museu Mariano Procópio fica na parte baixa do terreno e é um espaço voltado para o lazer e para o esporte.

  O percurso tem cerca de 3 km e, antes da pandemia, as pessoas visitavam de terça a domingo entre 8h e 18h.

  Apenas um grupo tinha autorização para entrar às 6h: os integrantes do Clube da Caminhada. Os associados tinham a carteirinha que autorizava o acesso sem a interferência de outras atividades.

  Ao longo do percurso, podem ser vistas figura escultórica da fundição Val D’Osne, estátuas de mármore, muretas, bustos, escadarias, monumentos. Vários caminhos por um bosque levam para a colina onde estão os prédios históricos.

  O paisagismo é atribuído ao francês Auguste François Marie Glaziou. O local tem um lago artificial, cruzado por duas pontes de madeira construídas no século XIX, com ancoradouro para pequenos barcos. Além disso, há um jardim simétrico de estilo francês. Até o início de 2020, esta parte recebia as aulas de yoga no Museu. 

100 anos e muitas histórias

  Estes foram alguns momentos elencados pela reportagem, a partir de pesquisa nos sites e perfis em redes sociais da Prefeitura de Juiz de Fora e do Museu Mariano Procópio.

  Há quem pense que museus são locais chatos ou parados no tempo. No entanto, o mais novo – oficialmente – centenário de Juiz de Fora não só faz parte como é o guardião de fragmentos da história de Juiz de Fora, da região, do país e até do mundo em um determinado período um período de tempo. 

  Ainda há muito mais a ser contado sobre a instituição que guarda tantas histórias em cada peça do acervo. E muitas, de acordo com os próprios funcionários, ainda nem foram descobertas. Por isso, esta reportagem se despede convidando, de novo, para que fiquem ligados no Portal Toque de Bola e na webradio Nas Ondas do Toque. 

  

Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira com informações da Prefeitura e do Museu Mariano Procópio 

Fotos: Museu Mariano Procópio/Divulgação; Carlos Mendonça/PJF; Museu Mariano Procópio/Facebook

Este post tem 7 comentários

  1. Alfredo Coimbra

    Parabéns pela bela reportagem várias citações eu desconhecia 👏👏👏

  2. Rose Carpanez

    Oi Beta que legal 👏👏👏👏obrigada por compartilhar todo esse conhecimento 😘

  3. Marilza Ribeiro de Carvalho Lopes

    Parabéns Beta, show de bola

  4. Maria Luiza

    Adorei, Roberta. Eu não conhecia muitas informações dadas aqui. Obrigada 👏👏👏👏

  5. Júnia Ribeiro Medeiros

    Nossa, que saudades de ir ao Museu!!! Esse texto me trouxe boas lembranças, novas informações e mais vontade de visitá-lo assim que for possível.

  6. Bruno Sakaue

    Que legal… não fazia ideia de muitas dessas informações! Parabéns

  7. Miriam

    Muito bacana Roberta. Toque de Bola é esporte, é cultura e é memória.

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