Juiz de Fora (MG), 29 de dezembro de 2010
Se na atual novela das nove ainda há discussões em torno do (s) responsável (is) pelas perdas de Eugênio e Saulo e ainda não sabemos se o vermelho no peito de Totó é sangue ou molho de tomate, no histórico encontro de futsal entre a seleção de Juiz de Fora e a seleção brasileira, em 1985, o mistério está desvendado.
Foi Ivan Gal, então ala direita em início de carreira, que de tão entusiasmado por ver de perto e enfrentar seus ídolos, acabou, depois de substituído, indo parar no banco de reservas do adversário. “Foi um marco, estar ali diante dos meus ídolos do futsal, o ginásio do Sport lotado. Quando o treinador Adonise fez a substituição, entrando Savinho, fui para o banco da seleção brasileira. Na época, o jogador saía do meio da quadra – hoje, sai próximo ao banco de sua equipe. Quando já estava chegando no outro lado, alguém me avisou”.
Ivan diz que essa história ficou famosa, e até ele mesmo, hoje treinador de futsal, conta a “gafe” aos seus futuros craques nas escolinhas e até aos marmanjos. “Me lembro bem daquele dia. Ainda era juvenil, jogava no Clube Bom Pastor. O time de Juiz de Fora na verdade unia duas gerações. Enquanto eu e alguns companheiros estávamos começando, outros eram mais experientes, como Savinho, Marquinho Peralva e Zé Amaro. Enfrentar a seleção brasileira foi uma experiência única para todos, novos e experientes”.
Perguntado sobre quem seria o craque, uma espécie de “Falcão” daquela época, Ivan acredita que Jackson era o grande astro, embora toda a seleção brasileira que veio ao ginásio do Sport tivesse muita qualidade, a ponto de, pouco tempo depois, bater a Espanha e se tornar campeã mundial.
A transmissão do jogo ao vivo pela TV Bandeirantes e a projeção que o evento proporcionou também não saíram da memória do juizforano. “O Jackson, inclusive, virou nome de chuteira da Penalty, para se ter uma ideia do quanto ele representava o futsal brasileiro”, recorda.
E a vida de Ivan Gal está ligada – e muito – até hoje ao futsal. Como atleta, defendeu apenas o Clube Bom Pastor, sempre na posição de ala direita. Participou de campeonatos locais, regionais, estaduais, Jogos do Interior de Minas, tudo o que havia para se disputar na época. Adiante, como treinador, comandou equipes no próprio Clube Bom Pastor, Sport Club Juiz de Fora e AABB (Associação Atlética Banco do Brasil). Na temporada 2010, a equipe que dirigia na AABB passou a defender o Sport.
Após relatar com riqueza de detalhes uma partida ocorrida há 25 anos, Ivan acorda para a situação do momento. “Hoje uma seleção brasileira não jogaria, por exemplo, no ginásio do Sport e nem mesmo enfrentaria uma seleção de uma cidade. Os tempos são outros. E um dado importante: a cidade tem hoje, acredito, somente o ginásio da UFJF com as dimensões necessárias para sediar um evento nacional como aquele”.
Impossível, então, reviver ginásios lotados com equipes de Juiz de Fora? “A cidade tem bons profissionais, ótimos atletas, e o que percebemos quando participamos de competições diferentes é que não ficamos a dever, em qualidade, ao que se pratica no futsal. Mas é preciso, para subir um degrau, que os projetos venham a atrair mais parceiros e, daí, formar uma equipe forte, pensar em conquistar título adulto estadual, participar, quem sabe, de uma SuperLiga”, aponta.
O treinador cita, de cara, três atletas locais com projeção: “O Leo Aleixo, que foi para a Bélgica, o Vítor, que defendeu o Palmeiras, o Leo Santana, que atuou no Praia Clube, de Uberlândia e no Casaquistão, são alguns valores que confirmam nosso potencial no futsal”.
(Leia também aqui “Um dia inesquecível para o futsal da cidade” e “Ficou gente do lado de fora”)
Texto: Ivan Elias