Caiu! Derrota por 5 a 3 para o campeão Atlético-GO decreta rebaixamento do Tupi. Leia crônica do Toque

   Aos 16 minutos do segundo tempo, depois de uma ótima troca de passes, o experiente lateral-direito Henrique, da intermediária, coloca a bola com precisão na cabeça de Hiroshi, que também sobe como manda o figurino e testa firme, no canto esquerdo do goleiro Kléver.

   O Tupi virava para cima do Atlético-GO por 3 a 2, no Estádio Olímpico, em Goiânia, e o resultado mantinha as esperanças, embora bastante remotas, de evitar a queda carijó da Série B para a Série C do Campeonato Brasileiro.

   Dois minutos depois, o mesmo Henrique, que protagonizou a jogada do gol da virada, estava entre a intermediária alvinegra e a linha do círculo central e tentou atrasar a bola para o goleiro Rafael Santos. O chute saiu horroroso, forte e sem direção, e os anfitriões ganharam um escanteio para cobrar e retomar as forças em busca da reação.

Hiroshi marca um belo gol de cabeça: Tupi chegou a estar vencendo por 3 a 2
Hiroshi marca um belo gol de cabeça: Tupi chegou a estar vencendo por 3 a 2

   Extremos na tabela

  O jogo na noite deste sábado, 12, terminou 5 a 3 para o Atlético, provocando, como era esperado, a situação dos extremos: a equipe goiana garantiu matematicamente o título da competição – com 70 pontos, não será mais alcançado pelo Vasco, que derrotou o Bragantino e tem 62, e a equipe juiz-forana amarga o rebaixamento para a Série C, de onde saiu na temporada passada. O Oeste empatou fora de casa, alcançou 38 pontos, e mesmo se o Tupi vencer os compromissos que faltam, chegaria no máximo a 36.

   As duas citadas participações de Henrique no jogo, longe de querer crucificá-lo,  que decretaram a “crônica de uma morte anunciada”, são exemplos de como o Tupi oscilou durante toda a Série B, com erros que começaram fora de campo e naturalmente culminaram com a queda. A equipe tem péssimos números – 20 derrotas, apenas uma vitória em 17 partidas como visitante e gols sofridos no total, mas teve lampejos que deram alguma esperança de manutenção na Série B. Insuficientes, porém, para apagar tantos erros do futebol carijó, que não acertou na contratação de treinadores, não conseguiu reunir um elenco competitivo, num entra-e-sai interminável, e ainda enfrentou uma série de problemas extra-campo que decretaram o final já esperado desde as primeiras rodada da segunda divisão brasileira.

 

Não, Giancarlo!

  O relógio marcava 1min52 quando o atacante do Tupi, Giancarlo, ficou cara a cara com o goleiro Kléver e o arqueiro defendeu. Na sobra, Jonathan não conseguiu se equilibrar e também perdeu a chance. O torcedor já começa a rever os fantasmas. O time vai criar as chances e perder?

  Segue o jogo. O Dragão ameaça só aos 7, quando o zagueiro Ricardinho testa para fora após escanteio da esquerda. O Tupi responde no minuto seguinte, com descida de Henrique, que recebe cartão amarelo por simulação na tentativa de “cavar” o pênalti.

 Cara a cara

    Aos 14, novo “fantasma”: o Atlético troca passes na intermediária carijó e, cena recorrente, Gilsinho surge na frente do goleiro Rafael Santos e sem estar impedido parra abrir o placar: 1 a 0.

    Mas o Tupi, na sua habitual bipolaridade, criava boas jogadas do meio-campo para a frente. Assim como tinha ocorrido no primeiro minuto, Giancarlo e Jonathan tiveram chances no mesmo lance, mas em ambas o goleiro Kléver levou a melhor, mostrando reflexo e colocação apurados.

No primeiro gol carijó, foram duas tentativas de Hiroshi e na segunda a bola entrou
No primeiro gol carijó, foram duas tentativas de Hiroshi e na segunda a bola entrou

Luz carijó

  Aos 27, pela esquerda, o melhor caminho de atacar do Tupi, Serrato conseguiu colocar Hiroshi diante do goleiro. Na primeira, o arqueiro voltou a defender, mas na sobre o mesmo Hiroshi mostrou qualidade e empatou em 1 a 1.

  Quatro minutos depois, mais Tupi: Giancarlo recebeu e tentou fazer o pivô, ajeitando de cabeça pafa Hiroshi concluir, mas a zaga aliviou antes. Aos 40, o mesmo Giancarlo desta vez subiu bem e testou entre os zagueiros. Kléver defendeu com os pés.

Novo castigo

  Bem mais perigoso e criando as melhores oportunidades, o Tupi voltou a escancarar sua inoperância quando é ameaçado pelo adversário – seja ele o campeão ou o lanterna. Escanteio da direita cobrado por Gilsinho, aos 42, encontrou o zagueiro Marllon livre na pequena área para cabecear e fechar a etapa inicial em 2 a 1.

 No intervalo, ao canal Première, o próprio Marllon admitiu que os anfitriões não jogavam bem e Hiroshi destacava que o “vire à  esquerda” era, de fato, o caminho mais curto para o Carijó buscar os gols.

Neste ataque, Giancarlo toca de cabeça na tentativa de fazer o passe
Neste ataque, Giancarlo toca de cabeça na tentativa de fazer o passe

 Ressurge o Carijó!

  Começa o segundo tempo, e pela esquerda vem o passe para Hiroshi emendar. Kléver defende e desta vez não dá rebote. Aos 11, novo alento ao torcedor alvinegro. Jonathan, que gesticula muito com os companheiros durante os jogos, mostrou raça e depois de perder na dividida com o zagueiro, conseguiu, caído, fazer o passe perfeito para Serrato, quase sem ângulo, bater bonito na bola e empatar de novo a partida: 2 a 2.

  Será que é hoje? Gol na raça, em jogada que parecia perdida? É hoje, sim, olha só: aos 16, em lance que já descrevemos no início do texto, Hiroshi vira para 3 a 2. Pronto. Se mesmo abusando de perder gols, o Tupi ainda assim já marcou três no líder disparado, na casa “dos caras”, é hoje, sim, o dia da redenção e de iniciar a arrancada que vai calar os matemáticos, contra tudo e contra todos.

O sonho acabou

  Só que não. Os 25 minutos restantes em campo também acabariam sendo os últimos momentos de esperança de parte da torcida do Tupi. As alterações feitas pelos treinadores acabaram surtindo mais efeito para os anfitriões e as cenas dos próximos capítulos da partida não deixarão saudades.

  O rápido e objetivo Magno Cruz resolveu tomar o protagonismo que poderia ser de Hiroshi ou de Kléver e participou das jogadas dos três gols que transformariam o Atlético de derrotado a campeão antecipado.

  Aos 22, contra-ataque pela direita. Lançado, Magno jogou na área, Alisson errou o chute e – capricho do destino – a falha na conclusão tornou-se um passe açucarado para Luis Fernando, que entrara minutos antes, ganhar na corrida de Henrique e empatar em 3 a 3.

  Hiroshi, cansado, deu lugar a Sávio. A igualdade ainda não garantia a conquista com antecedência do Dragão. Tendo que abrir o time para buscar nova vantagem, uma vez que o empate significaria derrota, o Carijó concedeu ao adversário, que não jogava bem e sentia a pressão de decidir em casa, os espaços que ele precisava.

  Aos 33, Magno, de novo, lançado pela direita, diante do goleiro Rafael Santos, protegeu e rolou para Jorginho “desvirar” em 4 a 3. Aos 41, Magno recebeu pelo meio e encaixou o passe para Silva, pela direita, chutar em direção ao gol. Para não ter dúvida que a bola entraria, Mateus Carvalho, que também entrara minutos antes, empurrou para as redes e fechou o placar em 5 a 3.

  Final de jogo. Festa do Dragão, drama do Carijó.

Com o placar em 3 a 3, as duas equipes precisavam arriscar: pelo título antecipado ou para tentar evitar a queda
Com o placar em 3 a 3, as duas equipes precisavam arriscar: pelo título antecipado ou para tentar evitar a queda

  “Vamos!”

  Para quem prestava atenção aos detalhes da transmissão pela TV (o jogo foi exibido em rede nacional pelo SporTV, embora em Juiz de Fora a forte chuva tenha provocado a queda do sinal principalmente na primeira hora), ficou uma imagem.

  Aos 33 minutos do segundo tempo, quando o placar apontava 3 a 3, a câmera mostrou em primeiro plano o técnico que acabaria se tornando o campeão: Marcelo Cabo.

   Na mesma imagem, mais ao fundo, estava, sentado no banco de reservas, o massagista Adeil, muito querido por jogadores, Comissão Técnica e admirado até por torcedores por sua identificação e orgulho que tantas vezes manifesta por vestir e defender, mesmo nos bastidores, a camisa carijó.

  E o grito de Adeil, flagrado na tomada da câmera na direção de Marcelo Cabo, era um só: “Vamos!”. E sua expressão no rosto ao gritar o “vamos” simbolizava bem o sentimento da torcida do Tupi.

  Vamos, Tupi. Com todas as limitações e dificuldades que sabemos que o clube atravessa, o futebol carijó abusou do direito de errar e transformou a participação na Série B mais em motivo de pesadelo que sonho.

   Vamos, Tupi. Ter um mínimo de profissionalismo e seriedade e não deixar que o time torne-se refém de atletas ou dirigentes e vaidades exacerbadas de quem quer que seja.

  Que o Tupi defenda os interesses do Tupi e que não tenha, na nova caminhada de reconstrução, um comando tão inexpressivo e inoperante como ocorreu durante toda a temporada 2016.

 Resultados

   Os resultados da rodada 36, antepenúltima da competição, foram:

   na sexta-feira, CRB 0 x 1 Paysandu e Goiás 3 x 2 Joinville;

   no sábado: Bragantino 1 x 2 Vasco, Brasil 1 x 1 Oeste, Avaí 3 x 0 Náutico, Paraná 1 x 2 Criciúma, Ceará 2 x 3 Vila Nova, Atlético-GO 5 x 3 Tupi e Luverdense 2 x 2 Bahia.

   Os dois lados

  O  Atlético-GO  já tinha garantido o acesso e agora soma 70 pontos. Vasco e Avaí têm 62 pontos, cada, com mesmo número de vitórias – 18, com vantagem cruzmaltina no saldo de gols – 13 contra 10. A rodada foi de alívio para os torcedores do clube carioca.

  O Bahia aparece em quarto lugar com 60 pontos e 17 vitórias. Náutico e Londrina são os mais próximos ao clube baiano na classificação. Ambos têm 57 pontos, mas o Timbu tem dois triunfos a mais – 17 contra 15. Em sétimo, está o CRB: 55 pontos e 16 vitórias.

  Na zona do rebaixamento, o Sampaio Corrêa já não tinha como escapar, e agora tem a companhia do Tupi, também já rebaixado. O Oeste, primeiro fora do Z-4, está com 38 pontos. Joinville, 34, e Bragantino, 32 pontos, precisam vencer seus jogos restantes e torcer por duas derrotas do Oeste.

  O Paraná, pelo número de vitórias, não corre mais risco de cair.

 Classificação da Série B após 36 rodadas (fonte: site CBF)

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Texto: Ivan Elias – Toque de Bola

Fotos: assessoria Tupi

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