Depois de capítulo com roteiro diferente e mesmo final, Ricardinho não dirige mais o Tupi em Série (B) de terror

   Ricardinho não é mais o treinador do Tupi. Em texto publicado às 12h58 desta quarta-feira, 9, o clube anunciou que o técnico pediu para sair.

  A íntegra do texto publicado pelo clube diz:

   “Ricardinho não é mais o técnico do Tupi. O pentacampeão mundial pela Seleção Brasileira pediu demissão na manhã quarta-feira, 9, um dia depois de o Carijó ser derrotado pelo CRB (AL) pela 35ª rodada da Série B do Brasileirão. Também deixam o clube o auxiliar técnico Rodrigo Pozzi e o preparador físico George Castilhos. O Tupi Foot Ball Club agradece a dedicação e a seriedade dos três profissionais e deseja boa sorte em suas promissoras carreiras.”

  Nota do Ricardinho

  Via e-mail, o Toque de Bola recebeu uma nota oficial, em nome do ex-treinador carijó.

  A íntegra do texto enviado pela assessoria de Ricardinho diz:
 
    “Venho a público agradecer a oportunidade de ter trabalhado no Tupi Football Club.

  Eu e minha comissão técnica trabalhamos e nos dedicamos ao máximo para atingir resultados melhores, mas entendo que agora é o momento de deixarmos o clube.

Desde meu primeiro dia no Tupi fui muito bem recebido e tratado por todos. Por isso quero deixar meu agradecimento a todos: direção, funcionários, jogadores e torcedores.

 Desejo ao Tupi todo o sucesso no futuro nas competições que disputar.”
 
Ricardinho

    “Aparece, Ricardinho” 

    Em sua última partida como técnico alvinegro, ele foi hostilizado duante bom tempo por parte da torcida, embora novamente o comparecimento do público tenha sido muito baixo, em função da péssima campanha.

  Depois  que o CRB marcou 4 a 0, ele não ficou na chamada área técnica, preferindo sentar no banco de  reservas. O torcedor cobrava sua presença com gritos de “Aparece, Ricardinho”. Coincidência ou não, depois que o time reagiu e diminuiu para 4 a 2, ele voltou a ficar em pé, na área técnica, permitida aos treinadores.

   Na entrevista coletiva após a partida, lamentou que o time não tenha tido atitude e entrega em campo. Chegou a se confundir ao analisar o desempenho de Sávio, comentando como se fosse  a primeira participação do atacante na equipe, o que causou estranheza ao torcedor, que já está vendo muitas coisas estranhas no clube, desde que se confirmou o acesso para a Série  B, há um ano,em Arapiraca, batendo o ASA por 2 a 1.

  “Há um descontentamento muito grande da minha parte. Estou no futebol há alguns anos, como jogador e treinador, e este tipo de postura é incompatível com meu conceito de jogo. Não foi isso o determinado”, disse o agora ex-treinador, ainda no vestiário.

Ricardinho chegou com o clube em situação difícil e em nenhum momento deu motivos para o torcedor acreditar em mudança de comportamento da equipe na Série B
Ricardinho chegou com o clube em situação difícil e em nenhum momento deu motivos para o torcedor acreditar em mudança de comportamento da equipe na Série B

   Dança  das cadeiras

   A temporada carijó começou com Júnior Lopes no comando. Apresentado pela diretoria ainda em 2015 como “sonho antigo”, o filho de Antônio Lopes não emplacou sequer a terceira partida no Campeonato Mineiro, a primeira competição do  ano. Após a segunda derrota consecutiva, para o Uberlândia, foi demitido no sábado  de carnaval.

   A solução então encontrada foi convidar Ricardo Drubskcy, técnico do título da Série D pelo Tupi em 2011. Também não deu certo. Os objetivos de melhorar o rendimento da equipe  no Estadual e ajustar o elenco para a Série B caíram por terra.

  No Mineiro,  a campanha só foi suficiente para evitar a queda, com um futebol muito abaixo do esperado. Na transição para a Série B, alguns dos reforços que  teriam sido indicados pelo técnico, como o centroavante Giancarlo e o zagueiro e lateral Bruno Costa, em  momento algum mostraram rendimento destacado. O atacante, inclusive, é forte candidato a se tornar referência negativa da temporada. Algo como “Em 2016, o Tupi viveu a era Giancarlo”. Assim como ficou conhecida a  “Era  Dunga” na Copa do Mundo de 1990.

    Após cinco derrotas em seis partidas no início da Série B, Drubscky saiu. Em seu lugar entrou Estevam Soares. Com melhor rendimento em casa em suas primeiras partidas, Estevam chegou a dar alguma esperança ao torcedor na tentativa de evitar o rebaixamento. O tempo passou, o time passou a não vencer também em casa e  após um empate longe da torcida a  diretoria surpreendeu e anunciou a saída de Estevam.

   Já em situação desesperadora, o clube precisou de três dias  para encontrar o nome do substituto.  Nomes de  ex-técnicos do clube, como Moacir Júnior e Ademir  Fonseca, que em algumas passagens tiveram êxito em Santa Terezinha, foram cotados como os mais fortes candidatos.

  Da mesma maneira como surpreendeu ao informar a saída de Estevam, o clube voltou a causar espanto com a divulgação da chegada de Ricardinho, um ex-atleta muito vitorioso como jogador, mas com carreira de treinador ainda sem números ou experiência que  o credenciassem para “sacudir” de alguma forma o grupo de jogadores.

     Em nove jogos, entre eles uma ida a Curitiba para cuidar de problemas de saúde, foram seis derrotas, dois empates e apenas uma vitória sob a batuta do  jovem treinador.

   Agora, restando três jogos para  a melancólica despedida da temporada, a chamada “solução caseira” foi adotada para cumprir tabela até 26 de novembro. A efetivação de auxiliar técnico Júlio Cirico foi confirmada pela diretoria, para encerrar a campanha fracassada da Série B.

Elenco fraco

  A falta de qualidade e comprometimento de boa parte dos jogadores contratados também chamou a atenção. Foram várias contratações e dispensas, numa roda-viva que não aponta hoje sequer um nome de jogador que tenha criado empatia com o clube ou a torcida.

  A falta das divisões de base também pesa nessa falta de identidade carijó.

    Chegou a ficar 4 a 0

     Numa partida atípica, em que chegou a estar perdendo por 4 a 0 e quase conseguiu uma reação histórica, diminuindo para 4  a 3 nos minutos finis, o Tupi voltou a ser derrotado na Série B, desta vez para  o  CRB, de Alagoas, no início da noite desta terça-feira, 8, pela 35ª rodada da competição. Welinton Júnior (3) e Diego marcaram para  os visitantes. Hiroshi, aos 29, Marcos  Serrato, aos 31, e Sávio, aos 44 da etapa final, diminuíram a diferença e ainda houve tempo para pelo menos mais uma oportunidade de gol antes do apito final, mas a bola cruzou a área e ninguém conseguiu alcançá-la para concluir.

     Com o novo revés  no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio e o empate entre Oeste e Avaí em 0 a 0, jogo disputado no mesmo horário, o Carijó está virtualmente rebaixado para a Série C da próxima temporada, uma vez que teria que vencer os três jogos restantes e ainda torcer por tropeços não só do Oeste mas de Joinville e Bragantino, que empataram entre si na rodada (1 a 1) e também estão em posição superior na classificação.

   Mesmo vencendo os compromissos restantes, o Tupi alcançaria 39 pontos, marca que em nenhuma temporada da competição por pontos corridos, neste formato de  turno e returno, foi  suficiente para escapar da degola. Entre 2006 e 2015, o time  que escapou da  queda com o menor número de pontos foi o Guaratinguetá, em 2012,  quando chegou aos 43.

Mesmo sem muitas oportunidades de jogar, Sávio entrou bem no segundo tempo, marcou um gol e é um dos poucos jogadores que demonstram empenho e qualidade em campo numa temporada tão ruim do futebol carijó
Mesmo sem muitas oportunidades de jogar, Sávio entrou bem no segundo tempo, marcou um gol e é um dos poucos jogadores que demonstram empenho e qualidade em campo numa temporada tão ruim do futebol carijó

      Já caiu

      Outro “companheiro” da turma de  baixo, o Sampaio Corrêa foi derrotado fora de casa pelo Bahia, com um gol de Hernane Brocador aos 47 minutos do segundo tempo, tornando-se o primeiro clube matematicamente rebaixado.

    O que falta?

     Restam ao Tupi três jogos. Se a tabela não sofrer alterações, as partidas serão: no sábado, 12, às 19h30, fora de casa, diante do Atlético-GO, quase campeão e já garantido na Série  A de 2017; no dia 19, às 16h30, quando recebe o Náutico, que briga pelo G-4, e no dia 26, às 17h30, novamente como visitante, em partida contra o Paraná.

   Sem torcida

  Em Tupi 3 x 4 CRB, foi anunciado público pagante de 158 e público total de 386 torcedores. A  renda chegou a R$ 2.880,00.

   Débito na súmula

    O árbitro da partida, Marcelo Aparecido de Souza, do quado da Federação Paulista,  fez o seguinte relato na súmula: “Fui informado pelo delegado da partida, o sr. flavio de carvalho drummond – diretor da federação mineira de futebol (sic)- que o clube mandante
tupi football club, (sic) não efetuou o pagamento das despesas com pessoal identificado como quadro móvel a serviço da partida, gastos
devidamente justificados e comprovados, infringindo, assim o disposto no artigo 72, inciso iv, do regulamento geral das competições – 2016
da confederação brasileira de futebol.”(texto original, da forma como foi lançado na súmula).

Veja resultados da rodada 35

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Veja a classificação atualizada

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Veja os jogos da rodada 36

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Veja fotos do lance do gol de Marcos Serrato, o segundo do Tupi na partida:

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Texto: Ivan Elias – Toque de Bola, com informações complementares do site da CBF

Fotos: Felipe Couri e Leonardo Costa/Tupi

Artes: Toque de Bola

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