O ano de 2020 começou muito bem para a lutadora Danielly Vitória, com a vitória no Grand Slam, a vaga na Seleção Brasileira e no Mundial Junior, em outubro.
Com a pandemia, os planos foram modificados. E a jovem juiz-forana acredita que os novos caminhos foram ainda melhores que os previstos inicialmente. Uma oportunidade de treinamento intenso, a incessante busca pelo aperfeiçoamento para a categoria adulta, pela qual passa a competir em 2021.
“Eu acredito que, não só para mim, como para muita gente essa pandemia fez a gente refletir bastante e se conhecer também. Esse autoconhecimento foi muito importante para mim. Enquanto uns estavam inventando desculpas e lamentando outros estavam se reinventando, correndo atrás, vendo o que podia ser feito para não parar, para continuar rumo aos objetivos, aos sonhos. A grande lição que 2020 deixa em relação a 2021 é justamente isso que tudo depende de nós, que a nossa luta é nós contra nós mesmos”, afirmou, no bate-papo com o Toque de Bola.
Novos planos
Além do Mundial, a pandemia provocou o cancelamento de todas as competições nacionais e internacionais previstas para o ano. E eles faziam parte dos preparativos de Danielly Vitória para usar o último ano na categoria júnior para estar mais preparada para a categoria adulta.
Então veio a fase de adaptação. “No começo foi bem difícil fazer meus treinos em casa, tive que improvisar muito. E é difícil porque é alto rendimento, né? Então, estou acostumada a lutar, fazer uns 30 rounds todo dia na equipe. Fui adaptando do jeito que dava”, afirmou.
Foi quando uma convocação trouxe a solução para os improvisos: ela foi chamada para um período de treinamento com os demais atletas da equipe.
“A pandemia me deu a oportunidade de ficar isolada com a minha equipe, com os atletas da seleção brasileira e com os que estão classificados para as Olimpíadas. Eu já treino nessa equipe e pude ficar confinada com eles, morando com eles durante quatro meses”.
Imersão no Taekwondo
Danielly Vitória define este período como uma experiência inigualável de vida. “Eu acho que foi até melhor que se eu tivesse disputado as competições. Eu pude ver realmente a rotina dos campeões, das pessoas, dos atletas que me inspiram, nomes no taekwondo brasileiro, no taekwondo mundial. Poder estar aprendendo e vendo como eles vivem, desde acordar até a hora de dormir, foi, sem dúvida, uma oportunidade única para mim e me mudou como pessoa e como atleta”.
Além disso, a tecnologia também foi uma aliada no processo de aperfeiçoamento da própria técnica, com o uso da realidade virtual no taekwondo.
“Toda semana a gente colocava esses óculos onde tinham avaliações de ação e reação, e também tinha o adversário. A gente lutava como se fosse uma competição mesmo e tinham vários outros testes, várias outras avaliações onde eles puderam identificar várias muitas coisas como velocidade, como ação e reação e várias outras coisas também”, contou a lutadora.
O período de treinamento se encerrou com três etapas de um torneio interno. “Nós tivemos a Liga Two Brothers, onde a gente realmente fez uma competição com colete eletrônico e placar. Para a gente saber como está, o quanto o treino pode melhorar, onde a gente está aplicando as coisas que estamos aprendendo. E foi muito bacana”, resumiu.
Herança de 2020 para 2021: evolução
No fim das contas, sem competições oficiais, mas com a imersão no taekwondo, Danielly Vitória destacou que se sente melhor que no início do ano.
“Do ano passado para cá, eu me vi melhor, mais experiente. E gostei muito do meu desempenho no Grand Slam. Mas me vendo hoje, estou bem diferente do que estava no Grand Slam e, graças a Deus, bem melhor”, afirmou.
E com todas as mudanças, ela afirma que está pronta para os desafios e exigências que virão para disputar com lutadores adultos. “Eu sinto realmente uma evolução. Hoje eu me sinto realmente bem preparada para encarar essa nova categoria”, garantiu Danielly Vitória.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira.
Fotos: Danielly Vitória/arquivo pessoal
Arte: Toque de Bola