Crônica: “Com 10 mil convidados, Goiás cumpre pena levando o dinheiro e os pontos do jogo”

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AULA DE GEOGRAFIA
O Botafogo aprendeu, num intervalo de quatro dias, que Criciúma e Goiás estão bem distantes um do outro, nos mapas do Brasil e do Brasileirão. Segundo o doutor Google, entre Criciúma e Goiânia a distância em linha reta é 1335.94 km, mas a distância de condução é 1.776 km. Leva-se, diz o Google mais próximo, 19 horas 4 min para ir de Criciúma a Goiânia. O Botafogo esperou quatro dias para sentir a diferença.

SURREAL
Agora que passou, vejam se não é surreal. O Goiás cumpria perda de mando de campo, “despencou” lá do Brasil Central, priorizou o aspecto financeiro (pelo menos teoricamente), usou a numerosa torcida do Botafogo para ganhar dinheiro (nada ilegal ou amoral), e no fim, fez valer, com os três pontos conquistados e um 2 a 0 indiscutível, um mando de campo que já não tinha. É ou não é?

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PRÉ-JOGO
Por que os torcedores gritam tanto para exaltar os jogadores que descem do ônibus da delegação se quase 100 por cento deles estão com aquele troço no ouvido, com no mínimo o triplo do tamanho da orelha deles? O Bota é só mais num exemplo. Segundo relatos, poucas exceções foram Jefferson, com atitude digna de um ídolo, Daniel e mais um ou outro. Não mais.

POETA
O equilibrado Emerson Sheik é o novo poeta do futebol brasileiro. “Segurou” os repórteres na saída de campo e mediu tanto as palavras que elas custaram a sair. A maioria dos microfones “desistiu” de esperar o desfecho. Parece que em menos de um mês no clube ele já aponta problemas seriíssimos e está a uma trivela de chutar o balde. Em outra entrevista, cravou que o nosso gramado é uma m…

OUTRA SURREAL
Também não é estranho a cidade receber à noite um jogo de dois “estrangeiros” e forçar o único sobrevivente do futebol quase profissional daqui (Tupi) a treinar em Coronel Pacheco? Sim, a história não se resume só assim, mas é estranho. Parece que o Tupi nunca está em casa até quando joga no estádio daquele tamanho e a torcida é insuficiente, em números, para pressionar adversários.
NOMES AOS BOIS?
Vitórias ou derrotas não devem ser atribuídas a uma só pessoa. Certo. Mas a passividade do Júnior César na origem do segundo gol foi mesmo de se espantar quando revimos o lance pela TV. Deixou o 10 do verde Ramon invadir a área preta e branca como quem desce o Calçadão da Rua Halfeld. Aliás, com menos obstáculos que a nossa via juiz-forana.

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O JOGO
Depois da vitória sobre o Guaratinguetá, sábado, o treinador do Tupi, Leo Condé, elogiou a marcação da equipe e ressaltou que, em função das muitas mudanças no time naquele dia, dedicaria a semana de treinos mais ao “jogo jogado”, da saída de bola, da troca de passes, da criação de jogadas. É isso que percebemos nos times do ex-carijó Ricardo Drubscky. Seus times podem até perder a partida, mas “jogam o jogo”, o que não é pouco na fase do futebol nacional.
ALIÁS
Se o futebol brasileiro não chegou a uma semifinal de uma Taça Libertadores que tem muito pouco de “jogo jogado”, é motivo, sim, de preocupação com o ludopédio tupiniquim.
Texto: Ivan Elias

Ivan Elias

Ivan Elias, associado do Panathlon Club de Juiz de Fora, é jornalista, formado em Comunicação Social pela UFJF. Trabalhou por mais de 11 anos no Sistema Solar de Comunicação (Rádio Solar e jornal Tribuna de Minas), em Juiz de Fora. Participou de centenas de transmissões esportivas ao vivo (futebol, vôlei, etc). Apresentou diversos programas de esporte e de humor, incluindo a criação de personagens. Já foi freelancer da Folha de S. Paulo, atuou como produtor de matérias de TV e em 2007 e 2008 “defendeu” o Tupi, na Bancada Democrática do Alterosa Esporte, da TV Alterosa (SBT-Minas). Criou, em 2010, ao lado de Mônica Valentim, o então blog Toque de Bola que hoje é Portal, aplicativo, Spotify, Canal no Youtube e está no Twitter, Instagram e Facebook, formando a maior vitrine de exposição do esporte local É filiado à Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace).

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