Foto: Vítor Silva/BFR
O desfecho da temporada 2021 do Botafogo trouxe uma multidão de “lavradores loucos dos astros”. Torcedores e torcedoras totalmente longe da razão diante da emoção intensa de ver o time se recuperar da forma como se deve – no campo – e com o bônus do título da Série B.
Foi um momento de epifania entre a torcida que teve os sentimentos tão maltratados nas últimas temporadas, aturou durante boa parte do ano a indiferença e o desprezo de muitos “especialistas” e só se amparou na fé para crer que as coisas melhorariam.
Foi o roteiro de um filme com final feliz. Uma jornada, em menos de um ano, da tristeza à alegria, da queda à redenção, da sombra à luz, do fracasso à glória.
Na canção “Amarra o seu arado a uma estrela”, Gilberto Gil fala sobre a capacidade que a gente tem de seguir um sonho, da semente ao resultado. No cenário árido até aquilo que não podemos ver ou tocar.
Muito amor faz isso. Acreditar, mesmo em meio aos perrengues. Já comentei em outra coluna, não há Botafogo sem sobressaltos. Durante boa parte da Série B, a campanha esteve longe de ser a necessária para ficar entre os quatro que voltavam à elite – a maioria, onde eu estava, só queria isso.
Foto: Vítor Silva/BFR
Com uma mudança de turno no meio do caminho, os ventos viraram a favor. A engrenagem fez clique e começou a funcionar. Sim, não foi fácil – nunca seria, mas se tornou possível. O Patinho Feio foi um crescendo de euforia até a explosão de alegria – até poder entender que era digno de se sentir feliz, sem asteriscos, sem “e se”.
Estas almas e corações camponeses loucos foram escolhidos por uma estrela. Não uma qualquer. Vênus é o planeta mais quente do sistema solar. Está entre os corpos celestes mais brilhantes do sistema solar: por isso, é conhecido como joia do céu, estrela da manhã e a Estrela D’Alva.
A mesma Estrela D’Alva que está no escudo, em cima do coração, na camisa alvinegra. Abençoava o esforço dos remadores do Botafogo. Neste ano, foi o símbolo do esforço em campo e da fé da torcida.
Foto: @MeuBotafogo/Twitter
“Amarra o teu arado a uma estrela
E os tempos darão
Safras e safras de sonhos
Quilos e quilos de amor
Noutros planetas risonhos
Outras espécies de dor”
(Gilberto Gil, 1987)
O embalado Botafogo iluminou as almas e corações que o amam – com o mesmo brilho da estrela que carrega do lado esquerdo do peito. Pessoalmente, termino o ano feliz por poder me sentir adorável, pelo menos, um pouquinho, em período ainda difícil, ainda doído.
O futuro virá, a gente querendo ou não. E tudo passa – seja felicidade seja tristeza. Por isso, Almas e corações alvinegros, curtam este momento. Nós sabemos o quanto custou conquistá-lo.
Crônica linda!!!!! Fala do coração com conhecimento! Parabéns!!!!!