
Caros e caras, semana de convocação da Seleção Brasileira para as Eliminatórias da Copa do Qatar e, claro, polêmica. Mesmo que não sejam as de outros tempos, como os clamores por Romário na Copa da 2002, ou Neymar e Ganso na de 2010.
Enfim, cada lista tem sua cota de discordâncias e resolvi colocar minha colher nessa cumbuca, já convidando vocês a fazerem o mesmo nos comentários. Especialmente na volta dos veteranos Daniel Alves e Thiago Silva, além da manutenção do não muito mais jovem Everton Ribeiro na lista de Tite.
Justificativa
Dá até pra entender o pensamento lógico de Tite por trás das três convocações. Como ele mesmo e seu preparador Fábio Mahseredjian destacaram, nos casos de Daniel Alves e Thiago Silva “as valências físicas de ambos equivalem às de atletas mais jovens, quando não as superam”. Seja lá o que isso quer dizer.

Os dois podem ser monstros no preparo físico – embora o próprio Daniel no São Paulo tenha demonstrado um desgaste grande com a sequência de partidas no São Paulo – mas há outros fatores a serem considerados. Quando os chama, Tite se fia em dois aspectos diferentes, e quase que igualmente perigosos.
Armadilhas
Daniel é um multicampeão em clubes e aceitou retornar à lateral (de onde nunca deveria ter saído) para ajudar Crespo no São Paulo. O perigo aí é que o Tricolor é praticamente moldado para sua liderança e força ofensiva e do companheiro e também ala pela esquerda, Reinaldo. Na Seleção, não será assim. Ou Tite deixará de moldar seu time ao redor de Neimar?

No caso de Thiago, a liderança e a segurança demonstradas no Chelsea depois de praticamente ser escorraçado do PSG, sempre foram seu forte. Mas na Seleção, a derrota em 2014 e o choro ainda marcam o jogador. Neste caso, Tite meio que lava as mãos. Se der certo, ótimo. Se não, o jogador rotulado não fez virar sua história.
Não merecia
No caso de Everton Ribeiro, simplesmente suas atuações desde que teve e se recuperou da covid-19 não são boas para seu nível de futebol. Não o levariam à Seleção caso ele já não fizesse parte, desde 2019, da Família Tite.
Não merecia estar lá e ainda tira o espaço de um companheiro de Flamengo que, a meu ver, seria essencial para a Seleção: Gerson. Com Everton, ao contrário das justificativas técnicas das convocações de Daniel e Thiago, Tite aposta no impalpável: uma recuperação repentina do bom futebol deixado no fim de 2020. Escancarando que não há critério para as convocações que dure uma análise um pouco mais atenta.

Sem procurar, não acha
Mas aí caímos em uma pergunta que discuti recentemente com a companheira Roberta Oliveira e o amigo Chico Brinati: convocar quem no lugar? Bom, pessoal, acredito que o técnico da Seleção ganhe um salário gordo para isso.
É obrigação desenvolver uma busca ativa por alternativas que garantam um futuro à Amarelinha. Vamos combinar, nas Eliminatórias o Brasil nunca vai passar aperto. Tite deveria usá-las para construir e reformular seu time.
Apostando em atletas que dificilmente chegarão com nível competitivo suficiente para fazer jus ao eterno favoritismo brasileiro na Copa do Qatar, estamos fadados a ver o time repetir os últimos anos: bola no Neimar e seja o que ele quiser. O resultados disso, já vimos em 2014 e 2018, é o fracasso. Sem contar que ninguém aguenta mais ver o Brasil jogar assim!
Fotos: Lucas Figueiredo/CBF
Texto: Wallace Mattos