Nascido em Piau (MG), mas juiz-forano de coração, o técnico Leonardo Condé, ex-Tupi, foi agraciado na quinta-feira, 10, com o Mérito Esportivo Panathlon 2015, como técnico de futebol de destaque da região na temporada. Aos 37 anos, o atual vice-campeão mineiro pela Caldense e oitavo lugar na Série B comandando o Sampaio Corrêa conversou com o Toque de Bola, contando alguns dos principais aprendizados da experiência no Maranhão, além de projetar a temporada carijó na competição nacional com base em seu trabalho na última edição do campeonato.
“Não só no futebol, como na vida, estamos sempre aprendendo. E sem dúvidas que a oportunidade de trabalhar no mercado do Nordeste foi muito produtiva para mim profissionalmente. Porque cada estado ou região tem a sua característica futebolística. Você pega o Sul que tem mais força, o Nordeste com um futebol mais atrevido, moleque, aqui em Minas e São Paulo já ficam no meio termo e no Rio valoriza a parte técnica e posse de bola, então tive que me adaptar à maneira deles e também passar um pouco daquilo que eu penso, de jogar de forma equilibrada, e os jogadores assimilaram isso bem. E continuando nessa linha do aprendizado, hoje entendo porque tantos funcionários reclamam do calendário, em que você realiza 38 jogos em seis meses”, avaliou inicialmente Condé.
Acesso carijó à Série B
“Fiquei muito feliz. Minha história dentro do futebol está sempre ligada ao Tupi. Comecei aqui nas categorias de base, depois fiquei um tempo em Belo Horizonte e retornei. A primeira oportunidade no futebol profissional, como técnico principal, foi no Tupi, então sou sempre grato e torço pelo sucesso do clube e da cidade. Minha família reside aqui. No ano passado batemos na trave, mas nesse o Tupi conseguiu. Até comentei que o clube tinha que acostumar a disputar a competição e que era uma semente que estava sendo plantada e ele conseguiu, trazendo um bom profissional, que foi o Leston, e alguns jogadores que já tinham vivenciado a competição no ano passado. Foi muito importante o acesso para o Tupi e cidade, porque posso falar com propriedade que a Série B é uma competição que as pessoas dão muito valor. Há uma exposição de mídia muito grande para o clube no modelo da competição e acho que isso vai ser fantástico”, contou o treinador.
Receita do sucesso
Questionado sobre o que seria importante ao Tupi na montagem de elenco para uma competitiva Série B, Condé deu seus “pitacos” após uma experiência bem sucedida no Sampaio Corrêa:
“Acho que o Tupi já iniciou bem, trouxe um bom profissional, o Júnior Lopes, experiente e com o pai de uma influência muito grande no mercado que pode colaborar com o clube. E você tem que ter uma base. Em 2009, quando iniciei o trabalho, fizemos a primeira montagem de equipe para aquela Série D e depois, no outro ano, perdemos todo o elenco. Conversamos muito no sentido de tentar formatar um elenco para o ano inteiro e em 2011 conseguimos isso. Saí depois do Mineiro, mas chegou o Ricardo e manteve uma base. E a partir dali o Tupi sempre conseguiu segurar uma espinha dorsal e agora não pode ser diferente, mas é claro que precisa de reforços e contratações. O nível é mais elevado, os jogadores estão mais próximos da Série A. O nível nas Série C e D é um pouco diferente. Não que os atletas que estão aqui não tenham condições de disputar, mas precisam de nomes com uma bagagem maior também. É trabalhar com os pés no chão, tentar fixar na divisão, se planejar bem, e claro, depois, na competição, tudo pode acontecer. Mas tem que ser um bom elenco, não apenas um time, porque existem muitos problemas de cartão e lesão”.
Futuro profissional
Sem clube no momento, Condé reiterou que a distância da família pesou na decisão de sair do Sampaio. Com a disponibilidade, o treinador mantém conversas com clubes em busca de novos desafios:
“No futebol brasileiro não tem como fazer muito planejamento de carreira. Muda muito, é da cultura. Se os resultados não acontecem, a primeira mudança é geralmente em cima dos treinadores. Claro que recebi convite do Sampaio para continuar, fazer um ano de contrato, mas pela distância, questão familiar, e por perspectiva de um projeto mais ambicioso, fiz a opção de romper o contrato com o clube. Agora é esperar, estou conversando com alguns clubes, acho que para os estaduais agora dificilmente vou iniciar em alguma equipe. A maioria dos times de São Paulo, Minas e Rio já têm seus treinadores definidos a não ser que surja algum fato novo. É continuar com essas conversas, recebi convites até para exercer outras funções, mas neste momento meu pensamento é de continuar a trabalhar como treinador”.
Texto: Bruno Kaehler – Toque de Bola
Foto: Tintim
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