
Mesmo com um bom desempenho coletivo, a campanha histórica da equipe sub-20 do Tupi na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020 teve atletas que se destacaram individualmente.
Artilheiro do Galinho na competição, o centroavante Patrick se apresentou de vez para o torcedor Carijó que não o conhecia ao marcar cinco gols em cinco jogos na disputa da Copinha.
“Fomos melhores”
Em entrevista exclusiva ao Toque de Bola, o atacante do alvinegro falou sobre o início do ano defendendo o Tupi, as boas atuações na Copinha e a possibilidade de permanecer no clube.
“Muito feliz em ter feito cinco gols e ajudado a equipe a alcançar a terceira fase da Copinha. Foi histórico para o clube e muito especial para nós, jogadores. Acho que nossa equipe fez uma boa competição. Encaramos bem as partidas e consequentemente chegamos à terceira fase, onde enfrentamos um adversário difícil e bem qualificado. Colocamos nosso estilo de jogo em prática e, para mim, fomos melhores, mesmo não nos classificando para a próxima fase”, considera o camisa 9.
No profissional?
O bom desempenho fez com que a torcida pedisse a presença de Patrick no elenco profissional, que disputará o Módulo II do Estadual.

O treinador do Tupi, Alex Nascif, disse ao Toque que “tem interesse em contar com alguns dos garotos, mas que houve um desgaste entre a diretoria e o André (empresário dos atletas) e por isso a renovação da parceria está sendo discutida entre as partes”, o que demanda uma espera por parte da comissão.
Segundo Juninho, presidente do clube, “há interesse em contar sim com os garotos e não tem confusão entre eles e a diretoria. Só colocamos que se a parceria fosse renovada o contrato tinha que ser revisado,”
Para Patrick, o ano de 2020 está em aberto. “Com relação a permanência, seria uma honra continuar vestido a camisa do Tupi no profissional. Meu futuro está nas mãos de Deus, tenho certeza que ele tem o melhor pra mim.”
Já para André Luiz, empresário do atleta, a permanência de Patrick e companhia no Tupi é considerada, momentaneamente, inviável. “Todos os atletas que disputaram a Copa São Paulo têm idade sub-20 e o Tupi tem que pensar no futuro. Ver esses atletas no profissional agora, para mim, não é o ideal. Os garotos precisam respirar novos ares. Independente da minha presença ou não, o Tupi não pode largar a base, porque ela é a sobrevivência do clube. Ainda assim, neste momento, a permanência deles é inviável.”
“Oportunidade da vida”
O ano de 2019 não dos melhores para Patrick. O centroavante não jogou com tanta frequência como titular no segundo semestre de 2019, na arrancada da equipe rumo ao vice-campeonato mineiro. Com a saída de peças importantes do time, ele assumiu a titularidade e foi destaque na Copinha. Segundo o treinador Wesley Assis, a recuperação do garoto passou por uma conversa direta com o jogador.

“O Patrick foi o atleta que mais me chamou atenção quando eu assumi o Tupi em 2019. É um atacante alto, veloz e com uma força física, muito grande. No Campeonato Mineiro de 2019 ele oscilou muito e, na minha visão, teve o fator psicológico como algo que o atrapalhou. Em alguns trabalhos parecia que ele estava com a cabeça em outro lugar e nós tentamos conversar com ele para que ele retomasse a concentração no dia a dia, mas não conseguimos. Por isso ele não teve tantas oportunidades. Quando terminou o Mineiro, houve uma conversa com o Patrick. Eu, Beto (antigo treinador) e o André (empresário) participamos desse momento, e o atleta viu que tinha uma grande oportunidade nas mãos. A oportunidade da vida. Fiquei muito feliz por ele ter mudado a postura. Passou a ficar mais focado no trabalho e apresentou o resultado que todos viram na Copinha”, conta Assis.
A trajetória do artilheiro
Natural do Rio de Janeiro, Patrick se mudou para Coronel Xavier Chaves, cidade vizinha a Tiradentes (MG), por conta do trabalho do padastro, Guilherme Figueiredo, que está junto do garoto desde seu primeiro ano de vida. Foi lá que Patrick conheceu o futebol, aos 9 anos, na escolinha do Coroense, time da cidade.
Desde então, o atacante sempre chamou atenção dentro de campo. Após passar por Athletic e Social, ambos de São João Del Rei, Patrick chegou ao Cruzeiro em 2018. De acordo com Guilherme, foi o momento mais positivo e o mais difícil da carreira do jogador.

“O Patrick disputou o Campeonato Mineiro de 2018 pelo Cruzeiro, do qual foi campeão. Ele vinha muito bem, até que em um jogo da Copa do Brasil, ele sofreu uma fratura de tíbia e fíbula em uma dividida com o goleiro do CRB (AL) e só voltou seis meses depois. Nesse período, tudo foi garantido pelo Cruzeiro, clube ao qual somos muito gratos por isso. Quando ele voltou aos treinos, o clube trocou toda a comissão técnica e ele foi dispensado”, relata o padrasto.
A volta por cima
Foi quando veio o Figueirense, de São João Del Rei. Ao lado de grande parte dos companheiros que integraram o elenco do Tupi na Copinha, Patrick retomou o caminho dos gols. Os bons resultados trouxeram todos os atletas ao Galinho para a disputa do Estadual e, posteriormente, da Copa São Paulo.
Para Guilherme, o filho vive o melhor momento psicológico da vida. “Ele evoluiu muito quando foi para o Cruzeiro por conta da estrutura do clube. Fisicamente ele estava voando. Na Copinha eu pude notar um Patrick muito mais forte psicologicamente. Ele encarou os jogos de forma muito madura e isso foi muito positivo. Vejo ele pronto para encarar coisas maiores.”
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento
Fotos: Denny Cesare; Arquivo pessoal/Guilherme Figueiredo