Em sua 69ª edição, a Corrida da Fogueira 2016 foi disputada na noite de domingo, 28, reunindo cerca de 1.200 inscritos. O percurso de 7 quilômetros teve início na praça do bairro Bom Pastor, foi pela Avenida Rio Branco até a ponte do Manoel Honório e retornou ao ponto de largada. Sem contar pontos para o ranking de corridas de rua da cidade, os organizadores esperavam mais participantes e os atletas, por sua vez, reclamaram da organização.
Entre os homens, Jocemar Fernandes Corrêa conquistou o lugar mais alto do pódio pela primeira vez. Francisco Veríssimo Perrout Lima e Robison Gomes da Silva Junior, ambos da UFJF, ficaram com o segundo e terceiro lugares respectivamente. Na prova feminina, dobradinha da equipe do Granbery. Amanda Aparecida de Oliveira venceu pelo segundo ano seguido e Aline Barbosa dos Santos Silva ficou com a segunda posição. Em terceiro Claudete Nunes Lima representou a equipe Pódio das Frutas.
Medalha de ouro
Outro destaque do evento foi a participação do para-atleta Alexandre Ank. O tricampeão parapan-americano de tênis de mesa foi o primeiro a cruzar a linha de chegada dentre todos os participantes. Estreante na prova, ele aprovou o desempenho. “Estou muito satisfeito. A prova é pesada. A parte do Mergulhão é muito dura e, mais ainda, o trecho entre a Avenida Independencia e o Clube Sírio Libanês. Graças a Deus consegui completar a prova. Tenho o apoio muito grande dos meus patrocinadores e da Água de Coco da Preta, no São Pedro. Se não fossem eles, não poderia treinar”, comemorou.
“Do jeito que eu gosto”
A campeã na categoria feminina, Amanda Oliveira, 19, também comemorou o resultado. “É um percurso que eu gosto: plano e com um pouco de morro. Hoje me senti bem, fiz uma boa prova e ainda melhorei meu tempo em relação ao ano passando, quando também venci”. Ela ainda criticou a gestão do evento. “Foi ruim até chegar o dia da prova. Para retirar os kits, por exemplo, teve falta de informação. Esperávamos um evento mais organizado” afirmou a atleta que terminou a corrida em 27m25s.
Fala campeão
O vencedor da prova masculina não tirou o sorriso do rosto por um segundo se quer. Desde quando cruzou a linha de chegada, Jocemar Fernandes Corrêa, 31, parecia ter tirado um peso das costas. Isso tudo porque o atleta finalmente consquistou o tão sonhado primeiro lugar. “Já participo há cinco anos e nunca havia ganhado. Sempre figurei entre os primeiros e finalmente fui campeão”, disse sorridente. Ele correu os 7 km em 23m34s.
Reclamações e resposta
Uma das reclamações mais recorrentes entre os inscritos foi o adiamento da prova, que seria realizada em julho. “Não estão mais valorizando a corrida. Está ficando de lado. Se não é o esforço dos atletas em correr atrás das coisas, não tem prova. É um evento que já está no 69º ano, tem tradição. A insatisfação é visível no número de participantes. Nos outros anos tinham mais de 3 mil pessoas”, disse o membro de uma comissão técnica, que preferiu não se identificar.
Este ano a prova foi organizada pela empresa Ponto Org. Um dos responsáveis é Henrique Gomes. Segundo ele, a empresa cumpriu os termos da licitação. “Esperávamos um número muito maior de inscritos, mas acho que a mudança de data influenciou bastante. Essas mudanças se deram pelos processos internos da Prefeitura. Nós obedecemos aos critérios e as datas que nos foram passadas”, explica.
Histórias fora da elite
Histórias de superação, desafios e diversão. A Corrida da Fogueira engloba diferentes pessoas, com diferentes objetivos. Em sua 69a edição, com um número de participantes menor do que as anteriores, a prova de sete quilômetros trouxe uma mistura de confraternização e competição que manteve as tradições.
Fora da chamada “elite”, alguns participantes estipulavam cruzar a linha de chegada dentro de algum tempo. Uma espécie de meta que não era tão importante de ser batida. A cada história, é possível perceber como os juiz-foranos desenvolveram um certo carinho pela corrida e pelo ambiente que é criado.
Para acompanhar
Sandro Tomaz, que trabalha com manutenção, disse que veio apenas para acompanhar a esposa Jucilene. “Não tive um treinamento exato. Tenho o costume de correr diariamente, estou sempre correndo. A gente gosta de participar, é bom o envolvimento com o pessoal”.
A nutricionista Fernanda Gargiulo resolveu não deixar de participar simplesmente para manter a tradição: “Tinha o costume de correr, mas já tem um ano e meio que estou parada. Acabei vindo na Fogueira para manter os cinco anos seguidos que eu corro”. Ela diz preferir as corridas noturnas: “Acho mais legal, mais animada. Inclusive rendo melhor à noite, porque é o horário que eu normalmente faço atividades físicas”.
A organização da corrida em 2016 mudou. Alguns participantes já que costumam vir a todas as edições se mostraram confusos ou insatisfeitos. É o caso da empresária Monica Baldi, que já participa da Fogueira há oito anos: “Estou achando vazia. Está me surpreendendo. Todo ano é uma festa. Estou achando a animação bem inferior e muito menos gente. Estou muito triste, de uma coisa que é tão bacana para a cidade, uma tradição de mais de 60 anos, de repente ficar assim”. Ela sugere uma saída para que a Corrida da Fogueira volte a ter sucesso nas próximas edições. “Num sábado o evento faria mais sucesso. O pessoal está acostumado a vir sempre aos sábados, pois tem o domingo para descansar. A corrida no domingo não funciona. Muita gente conhecida da nossa equipe desanimou de vir em função de ser domingo. O evento pode voltar a ser o que era. E o primeiro passo é voltar a ser no sábado”.
Sobre o desempenho esportivo, Monica disse não ter nenhuma meta de tempo a cumprir. “Nenhuma meta. Hoje vou só passear. Vim mesmo porque é um evento interessante, legal, vim prestigiar”.
Pantera questiona: Não era às sete?
O aposentado Carlos Alberto Viana, de 78 anos, já conhecido como “Pantera Cor-de-Rosa” por competir vestido a caráter, também fez sua reclamação: “Eu achei que essa corrida era às sete horas. Todo mundo está achando que é às sete horas. Vai chegar muita gente atrasada por causa disso. Mudaram o horário e tudo”. No entanto, ele chegou no horário certo e completou os sete quilômetros. Se não era o mais rápido, era, sem dúvidas, o dono do figurino mais original.
“Eu fundei a equipe Pantera Cor-de-Rosa com três pessoas. Nós somos 153. Foi uma brincadeira que pegou e já somos uma das maiores equipes de Juiz de Fora”, disse.
A roupa nada usual parece não atrapalhar o desempenho de quem já havia corrido nove quilômetros mais cedo, e só estava preocupado em brincar: “Bom, eu só corro com essa roupa à noite. E noite de frio. De dia eu não tenho coragem não. Aí eu uso uma outra roupa, também cor-de-rosa”.
O “Pantera” mostrou que a sua disposição para a Corrida da Fogueira vem de uma vida de desafios: ”Décima edição seguida. Faço canoagem, tenho 51 voos de asa-delta e vou para o quinto casamento”, brincou.
Reportagem: Toque de Bola, com supervisão de Ivan Elias
Fotos: Toque de Bola
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