Condé acusa o golpe, mas não abaixa a guarda

 

Um Leonardo Condé visivelmente abatido se apresentou para a entrevista coletiva com a imprensa após a derrota do Tupi por 2 a 1 para a Caldense. Triste com a atuação do time, o treinador lamentou as chances desperdiçadas e o nervosismo da equipe carijó. Mesmo assim, Condé não jogou a toalha: ele ainda acredita na classificação do Tupi para a semifinal do Estadual. Confira abaixo a transcrição na íntegra da entrevista coletiva concedida na noite deste domingo, 13.

Henrique Fernandes (Rádio Globo): Léo, o time tinha conseguido um resultado importante no Triângulo, em empate que deixou o torcedor cheio de esperança aqui, na quarta-feira… O que aconteceu hoje para que o time não conseguisse dar sequência a essa boa fase no Campeonato Mineiro?

Leonardo Condé: Lamentável, né?! Não digo a partida, mas o segundo tempo nosso. Fizemos um bom primeiro tempo, iniciamos bem, fizemos o gol, teve a situação do pênalti. Naquele momento em que perdemos o pênalti tivemos uns 15 minutos de instabilidade no time, depois voltamos a ter o controle do jogo, criamos umas três ou quatro situações boas de gol e não fizemos. Voltamos para o segundo tempo e até os 10, 15 minutos, estávamos bem no jogo, só que o gol não estava saindo. Novamente perdemos umas duas ou três oportunidades. Aí chega um momento que você tem que arriscar, começa a mudar aquele padrão que trabalhamos em cima dele, mas você jogando em casa tem que arriscar um pouquinho. Fizemos algumas trocas que infelizmente não deram certo. O time da Caldense se fechou bem e ficou aquele jogo que a gente tinha que arriscar, o que acabou possibilitando um contra-ataque. O Evandro foi infeliz em uma bola na entrada da área, perdeu, estavam no mano a mano o Assis e o Marcel na jogada e acabamos tomando o segundo gol. Mas bola para frente. A gente fica muito magoado, mais chateado ainda que o torcedor, por ter certeza disso, porque eu vivo disso, a minha família depende de mim. Então a gente fica mais chateado, mas, como eu falei da outra vez, estamos firmes, o campeonato está muito equilibrado e a gente pode perfeitamente sair e conseguir recuperar esses pontos perdidos em casa para continuar brigando na parte de cima da tabela.

Thiago Stephan (Toque de Bola): Condé, por que as substituições do Michel Cury e posteriormente do Edílson que seriam os dois homens responsáveis pela criação de jogadas do Tupi?

CondéTrabalhamos em cima dessa situação que criamos desde o jogo contra o Uberaba. Contra o Cruzeiro também encaixou. Mas naquele momento, já eram 20 minutos do segundo tempo e a Caldense tinha se fechado muito. Então era momento de arriscar. O Cury foi um jogador que desgastou muito na quarta-feira, nosso time desgastou muito contra o Cruzeiro, mas a gente tinha que colocar um gás novo ali. O Evandro é um jogador que fez boas partidas, infelizmente não entrou bem hoje, faz parte do futebol. Depois, ele colocou três zagueiros, ficando os três zagueiros para o Yan. Por isso eu fiz a opção de tirar o Edílson e colocar o Paty para a gente tentar, como eles estavam muito fechados, trabalhar a bola na lateral e entrar por cima. Infelizmente não deu certo.

Márcio Santos (Rádio Itatiaia): Você acredita ainda na classificação?

Condé Acredito, a gente tem que acreditar. O campeonato está um perde e ganha muito grande, com equipes perdendo em casa, ganhando fora. Hoje, você vê a equipe da Caldense, eu comentei, é uma boa equipe, que também pode brigar na parte de cima da tabela. Vamos trabalhar essa semana para o jogo contra o Guarani. As equipes que estão na nossa frente, Villa Nova e América, de Teófilo Otoni, têm adversários difíceis. Enquanto tivermos condições de brigar, nós vamos continuar brigando.

Henrique Fernandes (Rádio Globo): Léo, a gente acompanha os treinamentos e vê que você trabalha bastante as penalidades. O Tupi já teve uma questão dessa contra o Democrata, quando o Edílson acabou perdendo o pênalti, mas conseguiu marcar o gol no rebote. Hoje, o Cury perdeu pênalti num momento chave do jogo. Você acha que pega o quê para o jogador? É questão psicológica, é falta de apoio da torcida? E por que o Yan não bateu, já que ele conseguiu fazer um gol de pênalti contra o Uberaba num momento importante do jogo lá no Triângulo?

Condé Na realidade trabalhamos com três batedores, o Edílson, o Yan e o Michel Cury. Os três trabalham diariamente essas cobranças. No jogo, quem está no melhor momento, a gente os deixa fazerem a opção. A primeira opção é o Cury. Lá em Uberaba o Yan pediu para bater. Ele estava num momento favorável bateu e fez o gol. Hoje o Cury, que é o batedor oficial, assumiu a responsabilidade. Infelizmente perdeu. Pênalti o emocional faz a diferença também. Em relação a torcedor, o jogador tem que ter personalidade. Não julgo pênalti como loteria. É treinamento. É obrigação profissional nossa estar sempre treinando e trabalhando. Mas é claro que no momento p emocional do atleta também pesa. Conversamos na preleção sobre o Glaysson, um goleiro forte, para as bolas serem colocadas rasteiras, que ele tem dificuldade de chegar. Infelizmente ele bateu por cima. Mas, não vamos crucificá-lo. Já vimos grandes craques não só do futebol brasileiro, mas mundial, perde pênalti. Vamos continuar trabalhando e se tivermos nova oportunidade, quem a gente achar que estiver melhor vai bater.

Thiago Stephan (Toque de Bola): Por que o Tupi não conseguiu repetir o mesmo empenho que teve contra o Cruzeiro? O curto espaço de tempo entre as partidas e o grande desgaste diante da Raposa pode ser a resposta?

Condé São fatores, mas não o principal. Realmente foi uma partida muito desgastante, muito corrida e isso, querendo ou não, tem um peso. Mas quando chegou aos 20, 30 minutos do segundo tempo, o nervosismo novamente passou a imperar. Nós não podemos deixar que esse nervosismo de fora passe para os jogadores. Infelizmente mais uma vez aconteceu. Resta agora trabalhar essa semana para a gente tentar recuperar esses jogos fora de casa.

Texto: Thiago Stephan

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