
Após estabelecerem um pacto pela vitória, o JF Vôlei se deparou com um adversário extra: seis jogadores passaram mal. De acordo com o clube, alguns até jogaram, mesmo sem condições. Outros não entraram em quadra.
O pedido de adiamento de jogo foi recusado pelo Instituto Cuca e pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Ameaçado de perder por W.O., o time foi para o jogo improvisando atletas em outras funções. O Toque de Bola entrou em contato com o Instituto Cuca e a CBV e aguarda retorno.
Mesmo assim, o time foi capaz de oferecer alguma resistência ao Instituto Cuca, mas perdeu por 3 sets a 1, parciais de 18 x 25, 25 x 14, 25 x 16 e 26 x 24. Ao final da partida, publicou nota de repúdio nas redes sociais (leia a íntegra abaixo).
O jogo pela 7ª rodada da Superliga B foi realizado no início da noite deste sábado, 5, no ginásio do Cuca José Walter, em Fortaleza. Do lado vencedor, teve homenagem da torcida, que cantou parabéns para o ponteiro Pedro Igor, que completa hoje 26 anos, e foi um dos destaques na reta final do confronto.
Na busca por mais tranquilidade na reta final da Superliga B, o Instituto Cuca agora tem 11 pontos. O JF Vôlei permanece com 5.
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JF Vôlei protesta por ter sido obrigado a jogar
O Toque de Bola teve acesso ao relatório do atendimento médico dos atletas do JF Vôlei. Escrito e assinado pela médica Ana Carolina Duarte, explica quais jogadores se sentiram mal e como foram tratados. Em todos os casos, ela indicou “condição clínica comprometida” e orientou sobre “a importância do repouso e da hidratação”.

Confira a íntegra da nota de repúdio publicada pelo JF Vôlei após a partida:
O JF Vôlei, através de sua direção, comissão técnica e atletas, vem manifestar o seu mais profundo protesto e repúdio aos fatos ocorridos para a realização da partida deste sábado (5), pela 7ª rodada da Superliga B, em Fortaleza. Antes do jogo, nada menos do que 6 jogadores da delegação de 12 foram considerados com “condição clínica comprometida” pela equipe médica do ginásio, por apresentarem quadro clínico de diarreia, vômito, dor abdominal e mal-estar. Imediatamente a situação foi levada à delegação oficial do jogo, à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e à equipe anfitriã, o Instituto Cuca, com solicitação de adiamento da partida.
Para nosso espanto e contrariando todos os atributos do fairplay, o pedido foi negado. A resposta obtida foi que “ou entrávamos com apenas 6 jogadores em quadra ou perderíamos por WO”, como prevê o regulamento. Honrando os nossos 14 anos de história de competições ininterruptas (fato raro no país) e rigoroso cumprimento das normas, fomos para o jogo. O que se viu a seguir foi de envergonhar o esporte voleibol, com o time aquecendo às pressas a apenas 10 minutos da partida, equipe sem centrais a maior parte do tempo, jogadores saindo da ambulância para a quadra, entre outros acontecimentos lamentáveis.
O resultado final foi o que menos importou. Não foi o JF Vôlei que perdeu por incríveis 3×1, com o tie-break bem próximo (ainda com todos os desfalques). Quem perdeu foi o voleibol. Foi o exemplo que deixou de ser dado para milhares de jovens que veem no vôlei um caminho de inclusão e justiça social. Essa é a razão do nosso projeto. Mas parece que não é bem assim em outros tantos que se dizem sociais por aí. A mensagem de ganhar a qualquer custo foi a que ficou.
Luís arrasa no saque
O JF Vôlei entrou em quadra contra com Luis, Edwuin, Abenildes, André, Jardel e Thiago; e o líbero Mococa. Os titulares do Instituto Cuca foram Gabriel, Nairton, Mussi, Saunders, Henderson e Evandro; e o líbero Juninho.

O levantador do JF Vôlei, Luis Rodrigues, foi o protagonista do primeiro set. Ele marcou, em uma bola de segunda, o primeiro ponto do jogo. E depois com saques agressivos ou táticos bem-sucedidos, contribuiu para o time abrir 7 a 0.
O treinador Tarcísio Coutinho investiu na inversão do 5 a 1, colocando em quadra o levantador Rafael Cartaxo e Gustavo Moura. Apesar da desvantagem, os donos da casa se acalmaram e encontraram o ritmo de jogo, após conceder pelo menos 7 pontos em erros para os visitantes
Na reta final, o Instituto Cuca até tentou diminuir a diferença, mas o JF Vôlei trocou pontos com os adversários. E a parcial terminou como começou: em um saque de Luis Rodrigues que foi um ponto direto para os mineiros.
Instituto Cuca parte para cima

Pela primeira vez, os cearenses assumiram o comando do placar, e não largaram mais. Forçando o saque, levou os atletas do JF Vôlei a cometerem vários erros. Após o ace de Nairton, o Instituto Cuca abriu 7 a 3 e o técnico Daniel Schimitz pediu tempo.
As orientações não fizeram efeitos. Tudo passou a funcionar para os donos da casa, que ampliaram a vantagem para 15 a 6, diante de vários acertos de ataque e bloqueios, somados ao não funcionamento da virada de bola dos mineiros. Nesta parcial, o JF Vôlei cedeu pelo menos 10 pontos em erros ao adversário.
Não demorou muito para o Instituto Cuca chegar à reta final do set. Apesar do JF Vôlei marcar pontos de ace com André e de ataque com Thiago e Edwin, os cearenses fecharam a parcial em 25 a 14 e empataram a partida.
Quase um replay da parcial anterior

O terceiro set começou com um ace do Instituto Cuca. A estratégia de forçar o saque continuou bem-sucedida e os cearenses abriram 6 a 3.
O JF Vôlei equilibrou as iniciativas e diminuiu para 1 ponto a diferença após dois erros nos donos da casa. Houve um momento de equilíbrio, com falhas dos dois lados e troca de pontos.
Só que o JF Vôlei errou mais e o Instituto Cuca abriu frente. Engrenando uma boa fase com ace do levantador Gabriel e dois pontos de bloqueio, o placar apontava 16 a 8 para os donos da casa.
O JF Vôlei até marcou dois pontos em seguida, incluindo o bloqueio de Jardel no ataque de Nairton, mas não conseguiu uma sequência no saque para diminuir a desvantagem.
Trocando pontos, o Instituto Cuca entrou na reta final vencendo por 20 a 12. Ainda teve um ace do central Mussi, uma invasão do JF Vôlei, ponto de bloqueio e fechou a parcial, após um ponto de ataque pelo meio em 25 a 16. Virada no placar: agora os donos da casa estavam a um set de fechar o jogo.
Vantagem, equilíbrio e virada

O JF Vôlei começou a parcial lembrando o ímpeto apresentado na primeira parcial. Depois de dois sets, voltou a liderar o placar com pontos de Jardel e Thiago, além do bom saque de Luís e dos erros do Instituto Cuca.
Outro nome da parcial foi o oposto Edwuin, que fez pontos de ataque na entrada e na saída de rede e teve uma passagem no saque que foi perfeita para o JF Vôlei. O time subiu a diferença de quatro para sete pontos, sendo que dois foram aces do jogador venezuelano.
Para evitar o tie-break, o técnico Tarcísio Coutinho trouxe de volta a inversão, colocando o central Gustavo e o levantador Rafael Cartaxo. A mudança permitiu que outro jogador aparecesse para dar dor de cabeça ao JF Vôlei: o ponteiro Pedro Igor.
Se Edwuin pontuava pelos mineiros, Pedro Igor conseguia marcar pelos cearenses. Com pontos de Edwuin e André, o JF Vôlei abriu 19 a 12.

Foi quando o Instituto Cuca reagiu. Gustavo marcou o 13º e Rafael Cartaxo chegou ao saque. Com a rede mais alta, por causa da inversão, o levantador forçava o saque confiando que o bloqueio pararia ou amorteceria os ataques adversários.
A estratégia deu certo. Quebrando o passe do JF Vôlei, o bloqueio pegava ou as bolas iam para fora, nas tentativas de fugir do paredão. No contra-ataque, Henderson empatou o jogo em 19 a 19.
A partir daí, o jogo ficou equilibrado. O JF Vôlei abriu dois pontos, o Instituto Cuca não deixou a vantagem ampliar. Com 3 pontos de bloqueios e ataques de Pedro Igor, empatou e virou para 24 a 23. No segundo match point, a arbitragem marcou rede do JF Vôlei. Fim de set em 26 a 24 e de jogo em 3 sets a 1.
Próxima rodada
Pela 8ª rodada, o JF Vôlei fará o último jogo em casa na fase eliminatória. Recebe no próximo sábado, 12, o SMEL/Araucária/ASPMA/Berneck no ginásio da UniAcademia, às 18h.
Nos mesmos dia e horário, o Instituto Cuca também joga em casa, no ginásio Cuca José Walter, contra o Aprov/Chapecó.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: Canal Vôlei Brasil/reprodução.