A Universidade Federal de Juiz de Fora deu início, na quarta-feira, 03, ao Congresso de Ciência do Esportes. O evento conta com a participação de vários profissionais, de diversos países, que estão fazendo aclimatação para os Jogos Olímpicos do Rio no campus. Essa foi a única contrapartida exigida pela UFJF pela cessão do espaço. A direção da instituição faz questão de que haja um legado acadêmico.
Fato que chamou atenção no primeiro dia de palestras foram os elogios os estrangeiros à estrutura da universidade e de Juiz de Fora. Com exclusividade ao Toque de Bola, o representante da Eslováquia, Martin Pupis, ainda fez um desabafo sobre a ‘exaltação aos problemas’ no Brasil.

Dever cumprido
Diretor da Faculdade de Educação Física, Mauricio Bara enalteceu o trabalho da direção e prometeu seguir trabalhando por maiores conquistas. “Talvez a gente não tenha noção de todas as coisas que fizemos para construir tudo. Fazer um congresso internacional já seria difícil. Agora, um congresso internacional, atrelado aos Jogos Olímpicos, com as pessoas aqui, é algo único talvez no mundo. Minha mãe certa vez me entregou um papel que dizia: diante dos prêmios, os deuses colocaram suor. É uma mensagem que demonstra nosso empenho e que vamos continuar trabalhando”, disse.

Ao lado de Bara e do presidente do Congresso, Renato Miranda, o secretário geral do Congresso, Heglisson Toledo, está envolvido com o projeto de trazer delegações olímpicas desde 2010. Segundo Toledo, trata-se da realização de um sonho pessoal. “A sensação é de dever cumprido. Saber que nós pudemos proporcionar, não só à comunidade interna, mas também externa, realizar algo na dimensão como os Jogos Olímpicos, para nós é muito importante e satisfatório. É um sonho que está sendo realizado”, afirmou o secretário.
Aprendendo com os melhores
Foram disponibilizadas mais de 400 vagas para estudantes da Universidade, professores e comunidade. Entre eles está Michel Machado, do primeiro período de Educação Física, que com poucos meses de universidade já está participando de um congresso internacional pela primeira vez. “Estamos chegando agora e já começamos lidando com um evento tão grandioso. Tenho certeza de que isso irá influenciar na nossa formação. Quando começamos a escutar os boatos de que as delegações iriam treinar na Faefid, ficamos empolgados, com expectativa muito grande de ver as técnicas que os atletas utilizam. Assim como aprendemos nos treinamentos, no congresso queremos absorver o máximo de informações para nossa formação como profissionais”, explicou.

Outro aluno da Faculdade de Educação Física, Daniel Rocha, do quarto período, está curioso para entender os bastidores das equipes olímpicas. “Vamos saber como é o mundo dos atletas, o que se passa por trás de tudo. Normalmente a gente só vê o resultado final, nas Olimpíadas. Eles irão trazer as experiências e os relatos dos treinamentos e técnicas. Serão muitos aprendizados para nossa formação, não só para os alunos da Educação Física, como dos outros cursos, Jornalismo e Letras por exemplo”.
O Brasil na visão dos estrangeiros
A euforia dos estudantes é compreensível. São vários nomes renomados na programação do congresso. Dentre eles, Peter Eriksson, chefe da delegação olímpica e paralímpica do Canadá. Eriksson é o treinador mais premiado da história paralímpica, auxiliando na conquista de mais de 220 medalhas. Ele trabalhou em mais de dez países diferentes e já recebeu vários prêmios, como o de Treinador do Ano.
O técnico, que já foi professor, aprovou a iniciativa de promover um encontro entre os profissionais e estudantes. “Adorei participar, até porque vim da educação física. É difícil resumir tudo que gostaria de falar em razão do tempo. Normalmente não faço esse tipo de apresentação, mas espero que tenha sido proveitoso. Acho importante para os alunos porque eles podem ver que somos pessoas normais. é apenas uma questão de aprendizado. assim como eles podem aprender, eu também aprendo”, comentou o canadense, que ainda elogiou Juiz de Fora. “Estou amando a cidade. É o melhor lugar que poderíamos ter pegado”, completou.

O chefe da delegação da Eslováquia, Martín Pupis, deu continuidade à fala de Eriksson, exaltando a cidade e o Brasil. “Aqui tem boa infraestrutura. Muitas pessoas, pelo mundo, falam que o Brasil não é bom, mas discordo. Acho que vocês têm boas instalações. Sobre os problemas que várias pessoas falam, se fosse em outro país estaria tudo bem, mas, não sei o porquê, aqui viram complicações. Juiz de Fora é uma boa cidade. Pra mim, os Jogos no Rio serão iguais a todos os anteriores”.

Educação e cultura
Além de Erikisson e Pupis, poloneses também participaram do primeiro dia de palestras. Bem como atletas que participarão dos Jogos. Na quinta-feira, 04, representantes de Canadá, China e Estônia falaram com os estudantes. Os palestrantes são atletas e técnicos das delegações.
Enquanto nos auditórios eram passados conhecimentos, no saguão da Faculdade de Educação Física, artesãos puderam expor e vender suas produções. Nos intervalos, os alunos e convidados puderam conhecer o trabalho das associações dos artesãos de Matias Barbosa e São Mateus, além de outros independentes, ficar, que ficarão o local até o fim do congresso. Estão sendo comercializados doces, tecidos e artesanatos em geral. As peças são todas de produtores locais.

Reportagem de Cérix Ramon, do Toque de Bola, com supervisão de Ivan Elias, do Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola
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