Campeão Brasileiro de Mountain Bike Marathon no último domingo, 24, na categoria Master B1, entre atletas de 40 a 45 anos, em área localizada na BR-040, o juiz-forano Robson Aloisio, conhecido popularmente no meio do ciclismo como Robinho, 40, disse ao Toque de Bola, em entrevista exclusiva, que mira ficar entre os três primeiros no Mundial de Cross Country, no ano que vem.
Praticante do esporte há 24 anos, data em que, coincidentemente, o mountain bike chegou na cidade, Robson conquistou o pentacampeonato brasileiro, o primeiro deles em maratonas.
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A competição ocorreu sob chuva, dificultando ainda mais a prova para os atletas. Robson ressaltou o fato de Juiz de Fora já possuir uma imagem ligada à provas com mais obstáculos nos percursos. “A chuva fez com que mudassem as características naturais das provas de maratona, que normalmente têm menos terrenos acidentados e pelo fato de Juiz de Fora já ter uma fama de ser um lugar difícil de andar, com trilhas difíceis, a gente queria que isso tivesse presente também nessa prova, assim como foi o Brasileiro de Cross Country, que era um circuito diferenciado, difícil, que é a natureza de Juiz de Fora”.
Em meio a estas dificuldades, o atleta juiz-forano avaliou o Brasileiro positivamente. “Não houve nenhum problema grave, como erro na marcação de percurso, por exemplo. A questão médica também, teve uma assessoria total, assim como a hidratação durante a disputa. Agora a prova em si foi muito difícil. Certamente a prova com tantas dificuldades faz com que fique para a história, não apenas da cidade.”
A recuperação e o primeiro título brasileiro em maratonas
Robson já havia sido tetracampeão brasileiro de Mountain Bike Cross Country, além de ter conquistado as medalhas de bronze no Panamericano no Chile, em 2002, e de prata no Brasil em 2006. Um obstáculo, entretanto, surgiu em sua vida após estes resultados e uma regularidade atingida. Robson sofreu infarto em 2009 e teve que tratar o problema. Conseguiu, com a ajuda de sua hematologista, uma saída para a continuação da prática do esporte. “No cross country eu tenho quatro títulos brasileiros e todos eles conquistei antes de 2009. Não tinha bom rendimento em maratonas, mesmo em competições esporádicas. O fato é que em 2009 eu sofri um infarto e no trabalho da minha recuperação, minha hematologista descobriu uma mutação genética que eu possuo no sangue, causadora desse infarto. Então me medicou uma enzima que eu não possuía e que ajudaria também na dificuldade que eu tinha na absorção de glicogênio durante os exercícios”, contou Robson.
A partir do tratamento com estas enzimas, o ciclista acabou percebendo uma diferença de performance em distâncias maiores e a conquista deste último domingo veio como comprovação destas mudanças previamente diagnosticadas. “Nesses últimos quatro anos, utilizando essa medicação homeopática, comecei atuar melhor nas provas de longa distância. Isso vem sendo visível nos meus desempenhos em maratonas que começaram a ser melhores a partir de 2011, já em recuperação. O título vem confirmar essa tendência do organismo estar mais apto para a disputa de provas mais duradouras”.
Foco no cross country
Mesmo com o título da maratona e com o crescimento do nível de performance em longas distâncias, Robson ainda pretende buscar resultados de expressão priorizando o cross country, modalidade em que se concentra seu principal objetivo profissional atualmente. “Meu foco principal é o cross country, esse ano conquistei o vice-campeonato brasileiro, não pude competir o Panamericano por questões de viabilidade econômica e conquistei o sétimo lugar no mundial de cross country, que é meu objetivo maior, continuar tentando uma medalha entre os três primeiros do campeonato mundial”.
O campeão brasileiro reiterou ainda que continuará disputando provas de maior distância, mas sem a prioridade do cross country. “Quanto às maratonas, utilizo como treinamento e uma forma de estar apresentando meus patrocinadores, mas quero realmente o título panamericano. Já sou possuidor de um segundo e um terceiro lugar nessa competição, quero esse titulo para o ano que vem e uma medalha para o mundial”, reforçou.
Visibilidade do MTB e título em casa
Junto ao crescimento do número de realizações de eventos em Juiz de Fora, o título conquistado pelo juiz-forano Róbson tem como um dos lados positivos as consequências em uma crescente visibilidade do esporte e sua popularização. O atleta analisou o momento não apenas do mountain bike na cidade, como da utilização das bicicletas pela população e outros atletas. “Juiz de Fora está atravessando um momento em que as bicicletas estão em voga demais, utilizadas como meio de locomoção em meio a esse trânsito caótico, sempre figurando nessas páginas de acidentes, já que há um fluxo muito grande de bikes na cidade. Temos muitas pessoas que fazem uso não apenas das bikes, como praticam atividades físicas em geral e a cidade é carente de espaço pra isso”.
Robson afirmou também que, especificamente em Juiz de Fora, falta apoio para o desenvolvimento do mountain bike, ressaltando o fato de que a força do esporte na região já é reconhecida desde a data em que a prática começou no páis. “A força do mountain bike juiz-forano é conhecida desde a época em que chegou ao Brasil. Acho que falta boa vontade política de melhorias nos espaços para práticas e para comentar o esporte de alto nível da cidade, pelo menos no mountain bike, além de que as iniciativas são sempre particulares, assim como os recursos que a gente conquista. Esse campeonato vem mostrar que Juiz de Fora é a referência da Zona da Mata.”
Por fim, o atleta ainda enfatizou a localização da cidade e afirmou ter esperanças de que Juiz de Fora possa receber eventos de visibilidade mundial, como o Panamericano. “A cidade é central em relação às metrópoles São Paulo, Rio e Belo Horizonte e com mais facilidade a gente pode ter eventos ainda de maior porte, como o campeonato Panamericano, que será no Brasil ano que vem. Creio que daqui pra frente as pessoas vão começar a pensar que o mountain bike traz para a cidade renome internacional e acredito também que o Pan tem grandes possibilidades de acontecer aqui no ano que vem”.
Texto: Bruno Kaehler
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