Bronca, superação, virada e alívio. A emocionante noite do “salto com obstáculos” na tabela do JF Vôlei

    Foi uma pena o ginásio da Faculdade de Educação Física, da UFJF, não ter ficado lotado no início da noite de sábado, 28, como em outros jogos do JF Vôlei na Superliga 2016/17. Numa partida em que se faltaram atributos técnicos sobraram emoção, superação e uma bronca aplaudida pelo torcedor, o JF Vôlei superou o São Bernardo por 3 sets a 2, de virada, e conseguiu o almejado salto na tabela, chegando aos 18 pontos e superando, na mesma quarta rodada do returno, Minas (nos critérios de desempate) e Canoas (perdeu e segue com 17), aumentando a diferença para o Bento (segue com 15). O público divulgado foi de 267 torcedores. Parciais: 19/25, 22/25, 25/20, 25/23 e 15/9.

  Se a colocação das duas equipes “sugeria” vitória local por 3 sets a 0 ou 3 sets a 1, números que garantem ao vencedor três pontos, faltou avisar ao sexteto paulista, dono absoluto dos dois primeiros sets. ”Eles jogaram muito bem. Foram agressivos no saque”, definiu o principal pontuador do JF, o camisa 7, Ricardo – 21 pontos, vencedor do Troféu VivaVôlei – o maior pontuador da Superliga, Renan, desta vez anotou 12 e chegou a ser sacado do time, voltando bem na parte final. O atleta em quadra com maior pontuação foi o camisa 13 de São Bernardo: Gabriel anotou 26 pontos.

Ricardo (7) foi o principal pontuador do JF Vôlei, com 21, em noite de virada dramática na UFJF

   Depois de JF vencer o terceiro set, o quarto parcial apontava 23 a 20 para os paulistas quando Rammé foi para o saque. Mesmo com a derrota no parcial anterior, o adversário seguia firma em quadra e nem parecia incomodado com a recente ausência do levantador Marlon, até então o principal jogador da equipe, que acertou recentemente transferência para a Rússia. “Hoje deu pra ver que o Marlon passou”, analisou o treinador do São Bernardo, Douglas Chiarotti, que lamentou não ter concretizado a vitória fora de casa, mas valorizou a conquista de um ponto.

 Rammé tratou de recolocar o jogo no roteiro que os torcedores e até o próprio treinador do JF, Henrique Furtado, haviam traçado – a equipe entrou em quadra ciente das derrotas de Minas, na quinta, e Canoas, no mesmo sábado, mais cedo: “A cabeça algumas vezes ela vai naquele sonhos que você quer atingir e talvez você perde um pouco a linha de jogo”, afirmou, referindo-se ao objetivo de levar o time da cidade a uma inédita vaga nos playoffsos oito primeiros colocados têm esse privilégio

   O final feliz da história para os donos da casa vai dos cinco pontos consecutivos e finais do quarto set, no saque de Rammé que transforma o 20/23 em 25/23, até um quinto set sem sustos – 15 a 9,  e o roteiro inclui uma bronca histórica de Henrique num pedido de tempo – os torcedores aplaudiram a veemência do comandante, que passava a exigir uma reação, a chamada atitude. Na coletiva após o jogo, foi o momento de exaltar o grupo de jogadores: “O mérito gigantesco é  deles, que na hora mais difícil cresceram”, ressaltou o técnico, sem detalhar a repercutida bronca. “Eu tenho que mostrar o caminho, as soluções do  problema, não aumentar o problema”, explicou.

  O time enfrenta o Caramuru Castro Vôlei, no sábado, 4, às 20h, no Paraná, e volta a atuar diante da torcida na quarta-feira, 8, quando receberá o Copel Telecom Maringá Vôlei, na UFJF.

JF Vôlei: Rodrigo Ribeiro, Renan Buiatti, Felipi Rammé, Ricardo Júnior, Bruno Amorim, Romulo Batista e Fabio Paes (líbero). Entraram: Juan Moreno, Raphael Marcarini, Franco Drago, Diego Almeida e Juan Mendez (líbero). Treinador: Henrique Furtado.

São Bernardo Vôlei: Brasília, Gabriel, Madaloz, Ademar, Wennder, Babu e Carrasco (líbero). Entraram: Matoso, Wallaf, Pernambuco, Yago, Pilan e Vini (líbero). Treinador: Douglas Chiarotti.

Acesse aqui o scout (dados estatísticos) de JF Vôlei 3 x 2 São Bernardo (fonte: site CBV)

  Cobertura

 Veja dos pontos finais dos sets na cobertura do Toque de Bola – Portal e redes sociais.

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Confira, abaixo, as entrevistas após o jogo e os bastidores no ginásio da Faefid, na cobertura diferenciada do esporte local pelo Toque de Bola, com apoio do Plasc:

Ricardo, com o Troféu VivaVôlei, garante que não se deixou influenciar pelos resultados anteriores na rodada

Ricardo- Jogador

Você considera que, nos dois primeiros sets, foi mais mérito do São Bernardo, falha de vocês ou um pouco dos dois?

“Considero os dois sets muito bons para a equipe do São Bernardo, taticamente eles jogaram muito bem. Foram agressivos no saque. Nossa recepção não foi tão regular. Demoramos um pouco para adaptar a essa dificuldade que a gente teve. Tiveram um mérito grande de estarem bem postados no bloqueio, dificultaram bastante nosso ataque e isso causou muito erro nosso também. Muito enfrentamento do bloqueio. Todo mérito para  a equipe do São Bernardo, sem dúvida.”

Foi uma equipe muito oscilante nos dois primeiros sets. Como foi o papo para superar? A bronca do treinador, o grupo reagiu positivamente?

“O jogo de vôlei tem disso. Você ganha um set muito bem  e no outro set você tem que jogar melhor ainda. Porque você precisa de três sets  para conseguir o resultado. A equipe do São Bernardo fez  dois sets bons. O terceiro foi jogado e a gente conseguiu decidir bem no final. Esse dinamismo também é mérito do grupo,  a galera que entra está pronta para ajudar também. Eu quando estou em quadra tento fazer o meu melhor e ajudar a equipe de Juiz  de Fora.”

Houve várias substituições. Queria que você falasse sobre a contribuição que todo mundo pôde dar hoje. E também o aspecto mental, de manter a concentração mesmo depois dos dois primeiros sets ruins que a equipe fez.

“Foi maturidade nossa também, de saber que por mais que a gente não tenha feito dois sets muito bons o jogo não estava tão distante assim, não era uma coisa de outro mundo. Se a gente conseguisse acertar um pouco nossa defesa, nosso bloqueio, a gente ia conseguir o resultado. E foi isso que aconteceu. Com a cabeça no lugar, muita humildade, muito trabalho, nós chegamos e conquistamos o resultado.”

O fato de (os atletas) terem conhecimento do resultado dos jogos da rodada, de alguma forma você acha que influenciou no jogo?

“Não, eu particularmente nem olho. Me preocupo com a equipe do São Bernardo. Esse era meu objetivo hoje. Era conquistar uma vitória, que foi suada, foi importante. Poderia ser de três pontos mas foi de dois, também ótimo! O que importa é que a equipe venceu e eu estava preocupado com a equipe do São Bernardo, agora acabou o jogo a gente vai olhar a  tabela. Aí, beleza. Se estiver dentro ou não… Próximo jogo será Castro. Vai ser lá, vai ser um jogo difícil, estou com isso na cabeça então ainda não sei da tabela não.”

Você falou que poderia ter ganho os três pontos. Acha que ficou essa obrigação de buscar os pontos fora agora?

“Obrigação a gente não tem, a gente tem a obrigação de jogar bem. A gente tem a obrigação de entrar em quadra e defender a equipe de Juiz de Fora bem e tentar conseguir o resultado positivo.Essa é nossa meta. Entrar e jogar bem, o resultado vai ser consequência disso. Se a gente conseguir fazer isso muito bem, vai ser por três pontos. Se não conseguir tão bem, vai ser por dois pontos e  vai ser ótimo também.”

Treinador do São Bernardo, Douglas Chiarotti, com o ex-craque juiz-forano do Minas e da seleção brasileira, José Eduardo Bara, comentarista convidado do Toque de Bola

Douglas Chiarotti- técnico do São Bernardo

O que deu errado?

“O que deu errado foi o final do quarto set, 23 a 20 a favor e não conseguimos ter o passe efetivo para ter a virada de bola, que vinha sendo nosso melhor fundamento. Eles conseguiram empatar, passaram a frente ganharam o set, e o tie-break psicologicamente (o time) já entra abatido. A gente tentou, falou, conversou, mas no quinto set o JF teve méritos pela vitoria.”

Como que foi o estudo para o jogo de hoje?

“Nós trabalhamos  bem a semana toda, fizemos o nosso jogo, algumas marcações, saques específicos. E deu certo. Uma pena que a gente não conseguiu a vitoria por 3 a 1, mas esse ponto para nós é importante.”

A ausência do Marlon: acha que o grupo superou isso?

“Hoje deu pra ver que o Marlon passou, está fazendo a historia dele na Rússia. No começo foi difícil eles ganharam essa referência dentro de quadra, porque o Marlon é uma referência, não só no time mas no Brasil inteiro. Fez muita falta pra gente. Hoje a gente consegue  assimilar um pouco isso e ainda tem muito a melhorar na ausência dele.”

Treinador do JF Vôlei deu todos os méritos da reação aos seus jogadores. Rammé (camisa 18) teve papel fundamental na reação do quarto set, no saque

Henrique Furtado – técnico do JF Vôlei

Dois sets que a equipe foi irreconhecível dentro do campeonato, mas depois a equipe se arrumou. Aquela sua bronca que a torcida comemorou fez efeito e foram para cima, gostaria que fizesse uma avaliação da partida.

“Faz parte jogar mal. É um  grupo muito sério, estão de parabéns pela virada, foi uma virada incrível. Mostraram na maior dificuldade do jogo o quanto são fortes. Minha participação foi pequena perto da dedicação que eles tiveram dentro de quadra. Sem dúvida nenhuma o mérito gigantesco é  deles, que na hora mais difícil cresceram. Realmente,os dois primeiros sets o time queria muito voltar a vencer, muito, e esse peso às vezes  incomoda, peso de uma sequência negativa. Perdemos para favoritos ao título, só que pesa. Nós somos um time que quer vencer todos os jogos e nós tivemos a mesma postura em todos os jogos. Uns jogamos melhor, outros jogamos pior, mas a mesma postura, e sentimos que, em um momento, a vontade de vencer se tornou negativa em uma  parte do jogo e depois aprendemos a lidar com isso.  Como cada jogo nessa Superliga, é um aprendizado. Está de parabéns o grupo pela grande virada e pela a força coletiva que eles demonstraram.”

Qual foi o poder do elenco de  hoje? Várias trocas que você fez, algumas deram certo outras não, mas todo mundo contribuiu de certa forma para o jogo. Foi a prova de que o time tem um elenco não só seis jogadores, oito com os líberos mais dez,onze, doze?

Nós não temos nenhuma estrela. O grupo sabe disso. Nós temos jogadores que são operários, uns com um tipo de potencial em alguma coisa, outros com outro tipo de potencial e nós não temos nenhuma estrela. Um time que é muito compacto, um time que se dedica junto  e realmente esse é o elenco que nós temos. Isso é muito importante, e entrar bem, entrar mal mas quer fazer o melhor se dedicar para fazer o melhor nem sempre dá certo. Não foi a melhor partida, não foi um estilo de jogo mais particular, foi uma luta incrível que a gente mostrou uma coisa muito importante: ter raça no coração. E jogamos no limite que a gente podia no momento. Não jogamos tão bonito,não jogamos do jeito que a gente queria, mas fizemos o resultado, e o importante é fazer resultado.”

Queria que você falasse um pouquinho  sobre o tempo que você deixou o Renan fora de quadra, ele teve um pouco de dificuldade também em um determinado período, depois ele voltou, e voltou conseguindo virar mais bolas. Queria que você falasse especialmente sobre ele:

“Renan é um jogador espetacular. É uma referência, um cara fantástico, um jogador muito importante, não estava em um dia bom, já teve dias espetaculares e não estava em um dia bom, principalmente pelo ataque. Estava contribuindo no bloqueio,contribuindo na defesa, no saque, só que no ataque não estava indo bem. Acho que por um momento ele foi pra fora e voltou muito bem. Ele viu as coisas que ele estava errando e voltou. Teve a humildade de enxergar o que estava precisando fazer e fez muito bem. É  um jogador que eu acredito muito que eu conto muito, uma referência para nosso time e que soube dar a volta por cima dentro do jogo.”

No último jogo você falou que não estava pensando na matemática. Vocês já estão pensando na matemática dos jogos agora?

“Por um momento pensamos e acho que isso fez com que a gente jogasse mal. É um desafio sempre pensar na próxima partida. A cabeça algumas vezes vai naquele sonho que você quer atingir e talvez você perde um pouco a linha de jogo, acho que por um momento isso pode ter acontecido hoje. Eu acho muito importante seguir focado. Vamos descansar agora, foi uma batalha muito árdua  e vamos preparar para o próximo jogo  contra a equipe de Castro, que está ai batalhando muito e querendo surpreender e nós temos que entrar  muito forte, preparar muito bem. Eu deixo claro que queremos a classificação mas estamos  com a cabeça no próximo jogo.”

Você disse durante a semana que foram duas ótimas semanas de treino, mas chegou um momento ali no jogo que parecia que nada daria certo. E o adversário defendendo bolas dificílimas. Qual o papel do treinador nesse momento, quando vê que não está encaixando, como é no comportamento dos pedidos de tempo?

“Bom, é possível mostrar o que está acontecendo, mostrar o panorama, o  porquê estamos ganhando, o porquê estamos perdendo, e o caminho que temos que seguir.  Eu tenho que mostrar o caminho, as soluções do  problema, não aumentar o problema. Busquei  soluções, eles encontraram as soluções, tentei contribuir  com isso e eles encontraram a solução. Acho que o papel do treinador é mostrar o tempo inteiro que é possível, que é possível sair de uma dificuldade, que é possível superar um momento  complicado, que nós superamos uma diversidade muito grande por que por um momento nós estávamos perdendo por alguns pontos não me lembro exatamente quantos pontos e tivemos uma força incrível para retornar. Mérito dos jogadores e estou muito feliz de estar com esses jogadores.  Sabemos  que a caminhada é ainda muito complicada como foi hoje, uma guerra, mas estamos dispostos a lutar qualquer guerra.”

Foi no saque que a equipe adversária conseguiu os dois primeiros sets?

“A nossa recepção é um ponto muito importante do nosso time, que nós dá uma condição de atacar pelo meio. Eles estão fazendo uma temporada muito boa na recepção, eu acho que o inicio do jogo foi mais complicado. Não trabalhamos a recepção tão bem no inicio do jogo, assim como outros fundamentos. Mas se eu pudesse destacar um momento que achei que o São Bernardo foi muito bem, eu acho que foi no ataque. Eles atacaram de uma forma primordial durante uma parte do jogo, durante três sets do jogo talvez, três sets e meio, atacaram muito bem. Nos colocaram em muita dificuldade apesar da marcação estar bem postada, tiveram uma agressividade. São jogadores muito fortes, um time muito organizado,e achei o fundamento que eles foram muito  bem foi no ataque. Nós deixamos aparecer muito  o bloqueio deles. São jogadores que têm o potencial de bloqueio bom, por uma parte do jogo a gente fechou um pouco os golpes, permitimos que o bloqueio deles aparecesse e depois fomos encontrando caminho  do jogo.”

E mais uma entrada boa do Diego, o central entrou bem e parece que está totalmente recuperado da lesão. Queria que você falasse dessa consistência de que quando ele entra, tem entrado bem:

“Diego é um jogador muito importante para mim, em nosso time é um jogador que contribui muito, o tempo inteiro está fazendo uma leitura importante do jogo. Tem muito potencial de saque e ataque e saque flutuante,  tem uma características muito parecida com os outros jogadores que jogam como titular nesse momento, Bruno e Rômulo.E teve uma atitude incrível quando entrou, foi muito bem, realmente começou a temporada depois e está de partida em partida conquistando seu espaço. Quando necessário  tem entrando bem e isso é o caminho para que ele participe cada vez mais do jogo. Essa conquista que ele está tendo é um trabalho muito importante e nós contamos com ele nessa evolução dele e sem duvida nenhuma vai ter muitos momentos em que ele vai mostrar seu potencial.”

E o próximo jogo, na semana que vem, contra o Castro, no Paraná?

“O adversário tem um potencial de saque muito interessante, muito agressivo, saque, ataque. Uma característica muito parecida com o que nós vimos aqui no jogo hoje; como jogadores mais jovens que têm um ataque muito pesado, e  estão o tempo inteiro buscando sua vitória. Nós temos que entrar jogando muito bem. Vai ser um desafio muito grande eu acredito que de verdade podemos ganhar de qualquer time e perder de qualquer time. Eu acho que é importante jogar bem e marcar um ritmo de jogo importante e buscar vencer com qualidade.”

 

Texto e cobertura: Toque de Bola (com reportagens de Elisa Ladeira)

Edição: Toque de Bola

Fotos: Toque de Bola e JF Vôlei

Artes: Toque de Bola

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Este post tem um comentário

  1. Jose Eduardo Gattas

    Bom dia!
    Parabéns pela cobertura!
    Ótima reportagem: conteúdo, perguntas bem pertinentes, formatação de fácil leitura, artes bonitas , etc.
    Uma bronca bem dada pelo treinador recebe até aplausos…rsrs
    Abraço a todos!

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