Tirando de lado as questões extracampo que já causam polêmica antes mesmo da bola rolar, o Campeonato Brasileiro 2020 começa com equipes em momentos diferentes, mas quase todas passando por reformulações ou transformações gerais. O Toque te conta em que contexto as equipes devem iniciar a competição.
Sem torcida nas arquibancadas, o fator casa deve ser alterado do contexto que normalmente o torcedor está acostumado. Há inclusive a possibilidade de que um time tenha que mandar jogos fora de sua cidade, caso esta não permita à época do confronto, a realização das partidas.
Esses fatores devem mexer com o equilíbrio da competição, além da possibilidade de realização de cinco substituições por partida. Mas nada que mude radicalmente as forças de quem já entra como favorito ao título, prometendo ser mais influente na situação de quem vai brigar embaixo.
Lá no alto
Atual campeão brasileiro, o Flamengo começa a competição tentando o bi e como favorito, mas perdeu a margem neste favoritismo.
Depois de segurar seu principais jogadores e agregar ao seu elenco nomes como o centroavante Pedro e o atacante Michael, o Rubro-Negro fez pressão pela volta do Carioca, conquistou o título, mas com um gosto amargo, por conta da despedida do técnico português Jorge Jesus, que foi para o Benfica.
Para seu lugar, o catalão Doménec Torrent foi contratado, e de sua adaptação ao elenco e vice-versa depende o desempenho do clube da Gávea no Brasileiro.
Galo de Sampaoli e reforços
Ponto de contato entre o atual vice-campeão nacional e o clube que quer se enfiar na briga polarizada pelo título, o técnico Jorge Sampaoli deixou o Santos e comanda agora o Atlético-MG.
Se o argentino conseguiu a segunda colocação do Brasileiro com um elenco limitado em 2019, a expectativa é que comande o Galo numa luta cabeça a cabeça com Flamengo e Palmeiras pela taça.
Elenco para isso não deve faltar em um clube que já contratou jogadores para todos os setores em 2020, com destaque para o atacante Keno, repatriado do mundo árabe.
Saídas de impacto
No Palmeiras, a contratação de Vanderlei Luxemburgo no início do ano trouxe de volta ao torcedor uma memória vitoriosa. Mas, a voracidade no mercado das últimas temporadas cessou no Porco.
Mesmo assim, o elenco alviverde tem qualidade de sobra para se manter entre os maiores candidatos ao título. A perda do ídolo da torcida, o atacante Dudu, às vésperas do início do Brasileiro causa uma dúvida sobre quem assumirá seu papel. O candidato mais próximo é o velocista Rony, mas, às voltas com uma punição da Fifa, o jogador pode perder parte da competição.
Furacão se reinventa
O Athletico-PR está acostumado à remontagens de elenco e a revelar novos valores. Mais uma vez terá que fazer isso, agora sob o comando do experiente Dorival Júnior.
Após as saídas recentes do meia Bruno Guimarães e do atacante Rony, a aposta em campo para mais uma boa campanha no Nacional é na manutenção da fase consistente do meia Nicão e de um novo centroavante Walter, que emagreceu quase 20kg para assinar com o Furacão.
Grêmio sem Cebolinha
No Rio Grande do Sul, o trabalho de Renato Gaúcho segue sólido à frente do Grêmio, embora as atenções dos tricolores se voltem sempre mais para as copas do que o desempenho no Brasileiro.
Sem grandes contratações e com a perda do atacante Everton Cebolinha, a missão de conduzir o time gaúcho às vitórias recai sobre o veterano Diego Souza.
Professores abalados
Sem conseguir vencer os clássicos com o Grêmio ou chegar à decisão do Campeonato Gaúcho, o técnico argentino do Inter, Eduardo Coudet, começa o Brasileiro sentindo a pressão da torcida.
Mesmo com a diretoria apostando na continuidade por conta do bom desempenho na Libertadores, a exigência deve aumentar para o time comandado em campo pelo ídolo D’Alessandro e sem grandes contratações.
Pressão ronda São Paulo
No São Paulo, a pressão é ainda maior. Nem a referência técnica do time, o dublê de meia e lateral-direito Daniel Alves, parece ser possível de segurar o técnico Fernando Diniz por muito tempo sem resultados positivos após o vexame da eliminação para o Mirassol no Paulista.
Santos de crise e de Cuca
Quem não resistiu à mesma pressão foi o português Jesualdo Ferreira, demitido do Santos. Cuca assume um Peixe em crise fora de campo e que vem perdendo jogadores por conta de uma desastrada negociação de redução salarial e dívidas anteriores. O novo treinador deve se apoiar no talento de Soteldo para arma seu time.
Mudanças de rumo
No Corinthians, a contratação de Tiago Nunes para dar uma virada radical na maneira de jogar da equipe não vinha funcionando antes da pandemia. Mas, a parada tirou o time alvinegro do foco, mesmo que tenha colocado a crise financeira em voga, e deu tempo para o treinador se ambientar.
Recebendo o ídolo Jô, que mesmo fora de forma já foi importante no Paulista mesmo com o vice, de presente, o novo comandante adaptou seu estilo e parece dar um novo rumo ao Timão.
Flu tem base e tem Fred
Vindo do Internacional, o técnico Odair Hellmann chegou ao Fluminense ainda em 2019 e busca desde então dar a sua cara ao time, conseguindo colocar pressão no Flamengo nas finais do Carioca.
Sem orçamento para grandes contratações, o Tricolor trouxe de volta o centroavante Fred, e seu treinador vai ter que equilibrar a presença dele, do meia Paulo Henrique Ganso e do atacante Nenê entre os titulares, com jovens como Evanilson, Marcos Paulo e Dodi pedindo passagem e espaço neste Brasileiro.
Forças do Nordeste
Do Caerá vêm dois dos três times que carregam a bandeira nordestina neste Brasileiro. Embalado pela conquista da Copa do Nordeste, o Ceará do técnico Guto Ferreira aposta na experiência do atacante Rafael Sóbis e do goleiro Fernando Pras, além do talento do meia Vinícius, ex-Tupi e Fluminense, para brigar sem sustos em 2020.
Fortaleza tem “sombra” do Vozão
Arquirrival do ceará, o Fortaleza do técnico Rogério Ceni não teve um primeiro semestre tão feliz como no ano passado, e a conquista do Vozão na Copa do Nordeste coloca ainda mais pressão no Tricolor. Ambos ainda se enfrentarão na decisão do Estadual, mas a cobrança em cima do elenco comandado em campo pelos experientes Oswaldo e Wellington Paulista promete ser grande.
Bahia busca reação
No Bahia, após um Brasileiro seguro em 2019, o técnico Roger Machado quer dar um passo adiante. Mas os primeiros jogos decisivos em 2020 já colocam pressão no comandante tricolor.
Após perder a Copa do Nordeste para o Ceará, o volante juiz-forano Gregore, ao lado do meia Rodriguinho e dos centroavantes Gilberto e Fernandão, têm que reagir para pelo menos manter desempenho da última temporada.
Neste sábado, sagrou-se campeão estadual.
Cariocas ameaçados
Praticamente nada funcionou antes da pandemia para o Vasco. O time que era comandado por Abel Braga não chegou às fases decisivas do Carioca e, após a troca de comando para Ramon Menezes, não houve mudança radical.
Apoiando-se no talento de Talles Magno e nos gols e jogadas da dupla Germán Cano e Martín Benítez, um novo time pode surgir na Colina e isso será preciso para que os vascaínos não passem apertado em 2020.
Botafogo aposta nos estrangeiros
No Botafogo, não há como separar a crise fora de campo com a de dentro dele. Em situação financeira delicada, o Fogão vive dias incertos, mas mesmo assim, o técnico Paulo Autuori ganhou o meia japonês Keisuke Honda como reforço e ainda vai receber o meia marfinense Salomon Kalou para o Brasileiro. Cabe às estrelas internacionais atravessar uma competição que se desenha difícil para o time da Estrela Solitária.
Novato e retornos
Entre as equipes que subiram da Segunda Divisão, o Red Bull Bragantino se destaca por estar debutando na Série A do Brasileiro com seu projeto estruturado e em busca de consolidação no cenário nacional.
Com orçamento de time grande, o time paulista contratou o técnico Felipe Conceição, ex-América, para o comando. Apostando em jovens talentosos e que pode gerar dividendos no futuro, como o atacante Arthur, referência técnica do time, a equipe do energético quer fincar pé na elite.
Coxa: Barroca e veteranos
O Coritiba volta à elite do Brasileiro em 2020 com um elenco cheio de velhos conhecidos dos torcedores de grandes clubes, como o goleiro Muralha, o zagueiro Rodolfo, o meia Giovanni Augusto e o atacante Sassá.
No banco, Eduardo Barroca comanda com seu estilo de jogo propositivo, mas já pressionado pela perda do Estadual para o arquirrival, Athletico, somado ao recente sucesso dos rubro-negros paranaenses.
Sport: volta em cenário complicado
O Sport também volta à elite do Nacional, mas o momento não é nada bom. Depois de ir ao quadrangular do rebaixamento do Campeonato Pernambucano, o Leão vai ter que evoluir muito para não ser o saco de pancadas desse Brasileiro.
A turma comandada em campo pelo centroavante Hernane Brocador e do banco por Daniel Paulista, se não se reforçar, deve enfrentar chuvas e trovoadas na competição.
Centro-Oeste presente
A dupla goiana também quer se segurar na Série A, a exemplo do que o Goiás fez em 2019. Mas, com a perda de Michael, revelação do último Brasileiro, a missão do time de Ney Franco é mais complicada.
O goleiro Tadeu e o centroavante Rafael Moura, além do meia Sandro, ex-Totteham e Inter, são armas do Verdão para tentar algo além da luta contra a degola.
Atlético-GO mira permanência
No Atlético-GO, a intenção é não bater e voltar, como é frequente nos últimos anos. Com elenco modesto e sem grandes estrelas, o trabalho do técnico Vagner Mancini será árduo. Dentro de campo, o técnico se apoia no meia Everton Felipe, ex-São Paulo, para montar seu esquema, contando também com o atacante e ex-carijó, Renato Kayzer.
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos
Fotos: Facebook Flamengo, Atlético-MG, Santos, Corinthians, Ceará, Botafogo, Red Bull Bragantino e Goiás