Após a interrupção do futebol em quase todos os países do mundo por conta da pandemia do coronavírus, a K-League, campeonato sul-coreano, foi a primeira competição nacional a retomar as atividades.
Nesta sexta, dia 8, com direito a medições de temperatura, uso de máscaras à beira do campo e arquibancadas vazias, o atual campeão Jeonbuk Motors venceu o Suwon Bluewings por 1 a 0, em casa. O jogo foi válido pela primeira rodada da competição, que inicialmente estava marcada para fevereiro.
Primeiro mundo
Ex-jogador do Jeonbuk Motors, o juiz-forano Raphael Botti falou com exclusividade ao Toque de Bola. Segundo o ex-atleta, que foi formado na base do Vasco e jogou no Vissel Kobe (Japão), Figueirense e Army United (Tailândia), a força e organização do futebol sul-coreano permite que a bola volte a rolar no país.
“Eles têm uma educação muito grande, é um país de primeiro mundo. O futebol é muito forte e organizado, com todos os clubes sendo muito bem estruturados financeiramente e com centros de treinamentos. Todos os clubes são clubes-empresas e não dependem do futebol. Uma cultura milenar de disciplina que é preservada até hoje. Acho que é por isso que eles tenham voltado”, disse Botti.
Modelo?
Em quatro anos morando na Coreia do Sul, Botti disputou 162 jogos, marcou 23 gols e deu 12 assistências. Questionado se a Coreia do Sul pode servir de modelo para as grandes ligas de futebol do mundo, Botti fez questão de ressaltar as diferenças entre os países, mas vê o exemplo sul-coreano como positivo.
“Obviamente que teremos dificuldades que eles não tiveram. A questão de manter o isolamento social é um exemplo. A condição financeira do povo brasileiro é mais difícil, porque aqui o trabalhador precisa sair de casa para trabalhar. Tendo isso como base, acredito que pode servir de exemplo sim”, comentou Botti.
A pandemia
Após a aposentadoria, ocorrida em 2017 em um jogo comemorativo no CFZ/JF, Botti voltou a morar em Juiz de Fora, mas revelou ter acompanhado as notícias dos efeitos da crise na Coreia do Sul. Segundo ele, o retorno foi, certamente, providenciado com muita cautela.
“Não acompanhei diretamente, mas estava vendo as notícias. Por eu conhecer bem a cultura e entender como que funcionam as coisas lá, imagino como tudo ocorreu. Os países de primeiro mundo têm pessoas com muita educação, um governo que passa muita segurança a todos. Tendo a noção de como eles se comportam, acho que a tendência é que eles consigam retornar de forma bem tranquila à vida normal”, analisou o ex-atleta.
“Força, Brasil”
Destaque da primeira rodada até aqui, o brasileiro Junior Negão marcou dois gols na vitória do Ulsan Hyundai sobre o Sangiu Sangmu por 4 a 0. Na comemoração do primeiro, ele levantou a camisa do time e mostrou a frase: “Força, Brasil!”. Amigo pessoal do jogador, Botti revelou contato próximo com Negão.
“É muito meu amigo. Não jogamos juntos no mesmo clube, mas sempre estávamos juntos na Tailândia, onde eu encerrei minha carreira. Quando ele foi se transferir para a Coreia, ele me perguntou se eu achava que ele deveria ir. Hoje ele está muito bem. É um dos artilheiros do campeonato e és tá jogando bem. O governo está passando toda a tranquilidade para eles, apesar desse momento turbulento que estamos vivendo”, revelou.
Fazendo falta
Assim como todos os fãs de futebol, Botti sente falta do esporte, mas reitera a necessidade de preservar a saúde de todos.
“Antes de mais nada, espero que possamos passar por isso o mais rápido possível. É uma fase difícil, mas, por um lado, estou feliz que as ligas estão começando a voltar, porque o futebol faz falta para todos nós. Tenho conversado com os amigos e tem sido complicado. Que tudo possa voltar à normalidade o mais breve possível”, finalizou.
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento