Sétimo maior pontuador da Superliga Masculina 2015/2016 na fase de classificação com 308 acertos, o ponteiro Renato Hermely, ex- JF Vôlei e hoje no Jakarta Petarmina Energy, da Indonésia, não esconde a identificação com o time juiz-forano e inclusive revela ter acordado de madrugada para acompanhar a Seletiva e torcer pela permanência de Juiz de Fora na elite nacional.
Confira a entrevista do atleta ao Toque de Bola
Toque de Bola: Você chegou ao JF Vôlei depois de se destacar no Campeonato Mineiro. Como foi esse contato?
Renato: Essa minha temporada em Juiz de Fora foi muito especial na minha carreira. Na minha última Superliga pelo Voltaço em 2013/2014, tive um rendimento muito abaixo do que queria e isso me incomodou bastante. Alguns meses depois não consegui acertar com nenhuma equipe no Brasil e as portas que se abriram fora do País não deram certo. Então recebi um convite pra jogar a Superliga B pelo Unincor Três Corações. Agarrei essa chance e coloquei como grande meta voltar à elite muito melhor. Foi preciso passar por cima de muita coisa. Joguei o Campeonato Mineiro pelo Unincor, onde consegui liderar a equipe para uma inédita classificação para a semifinal, tirando a vaga que todos davam certa que seria de Juiz de Fora, e ainda vencemos os dois jogos sobre o JF no Estadual. Recebi o convite para jogar a Superliga A pelo JF Vôlei e encarei esse desafio como minha última oportunidade. Dei o meu 100% durante toda a temporada, e mesmo passando por alguns problemas de lesões, consegui me destacar e estar entre os melhores da Superliga nas 22 rodadas da fase classificatória.
TB: Como foi atuar pelo JF Vôlei e ser reconhecido não só pela torcida mas também pela CBV ,que atribuiu dois pontos a você no Ranking dos Atletas?
Renato: Em toda a temporada tive a confiança de toda a diretoria, comissão técnica e essa torcida maravilhosa. Tive uma identificação muito grande com a torcida. Me sentia muito bem vestindo a camisa do JF Vôlei e ser empurrado em todos os jogos em casa foi um dos melhores lugares que já joguei em minha vida. Fico muito feliz pelo reconhecimento do meu trabalho durante toda a temporada. Me dediquei muito e abri mão de algumas coisas para estar bem em quase todos os jogos. Saí com o papel de dever cumprido. Não satisfeito, porque a equipe teve oportunidades de ganhar alguns jogos e não tivemos a paciência e a maturidade nos momentos decisivos. Essa parte foi muito frustrante para mim, estar entre os melhores nas estatísticas da CBV e meu time em último lugar. Nem sabia que receberia dois pontos no ranking. Fico feliz pelo meu trabalho ser valorizado, isso me motiva muito mais a continuar trabalhando mais forte ainda.
TB: Com toda essa identificação, pensa em voltar a atuar por Juiz de Fora?
Renato: Não depende só de mim. Todos sabem que tive uma identificação muito grande com todo o projeto e gostaria muito de poder voltar a vestir a camisa do JF Vôlei, mas isso não depende só da minha vontade. Tem que ver como será o investimento da equipe para a próxima Superliga, pois tive uma temporada muito boa e isso acaba despertando interesse de vários clubes.
TB: Como foi sua saída do JF Vôlei e como está sendo atuar na Indonésia?
Renato: Recebi uma ótima proposta pra jogar na Indonésia por dois meses e não tive escolha. Meu coração doeu em deixar a equipe semanas antes da disputa da Seletiva, mas ao mesmo tempo era uma grande oportunidade financeira que surgiu. Aos 32 anos de idade fica difícil abrir mão disso. No momento estou com a cabeça na Indonésia, cheguei aqui pra resolver um problema da equipe, fiz cinco jogos e ganhamos todos. Estamos nos preparando para a reta final da Pro Liga (playoffs), e temos grandes chances de sermos campeões.
TB: Como foi a adaptação ao país e ao voleibol indonésio?
Renato: O Jakarta Pertamina tem time masculino e feminino. No meu time jogam a campeã Olímpica Mari e a americana Logan Tom. A adaptação nos primeiro dias foi complicada, aqui são 10 horas a mais que no Brasil. Sentia muito sono depois do almoço, saía para treinar e durante a madrugada ficava acordado, só conseguia dormir umas 5h da manhã e tinha que acordar as 9h30 para treinar. Outro ponto foi a alimentação. Aqui eles comem bastante coisa apimentada e optei por comer em restaurantes italianos e comida japonesa. Tenho toda a alimentação por conta do clube no hotel, só que optei em comer fora e pagar do meu próprio bolso para não passar mal.
TB: Conseguiu acompanhar a Seletiva?
Renato: Acompanhei de longe todo o dia a dia da equipe, continuei dando a minha contribuição fora das quadras e acordei as 5h30 da manhã aqui (19h30 no Brasil) pra assistir a decisão contra Maringá e ouvindo o Toque de Bola. O sofrimento foi muito grande, queria estar junto do time, e graças ao bom trabalho de todos eles, conseguiram a vitória e a permanência na elite. Fiquei muito feliz por essa grande conquista. Os jogadores, comissão técnica, diretoria e nossa torcida mereciam muito essa permanência.
Entrevista via redes sociais a Guilherme Fernandes, estagiário do Toque de Bola
Edição: Toque de Bola
O Toque de Bola é administrado pela www.mistoquentecomunicacao.com.br