
Depois de se despedir dos jogadores ainda no vestiário, depois da derrota para o Villa Nova (3 a 1), no Estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima, o agora ex-treinador do Tupi, Alexandre Barroso, concedeu entrevista no final da manhã de segunda-feira, na Rádio CBN Juiz de Fora, e disse que está saindo com “sentimento de frustração”.
Resignado e ciente que a falta de resultados positivos em competições curtas é suficiente para se interromper um projeto, o técnico voltou a dizer que a equipe sentiu, nas primeiras rodadas do Campeonato Mineiro – quatro derrotas em cinco partidas – a falta de condicionamento físico de alguns jogadores que vinham de longa inatividade. Destacou, porém, que acredita no potencial do time para a sequência da temporada.
“É parte da nossa cultura. Eu não fui o primeiro, e nem serei o último a sair, a história recente do Tupi mostra claramente isso. Está inserido nessa cultura do futebol brasileiro (de troca de treinadores). Saio com o sentimento de frustração, porque eu entendo que apesar das limitações econômicas e das questões culturais, a gente construiu um time que ,a longo prazo, pode dar certo. Então saio com esse sentimento de frustração por não poder dar sequência a um projeto que seria muito bacana. Entendo que o Tupi exerceu soberanamente o seu direito de uma mudança de treinador, e como eu disse, isso faz parte do futebol brasileiro”, afirmou.
Confira as outras respostas do treinador, em entrevista ao programa No Giro da Bola:
Alexandre, você estava inserido no planejamento para toda a temporada, incluindo a Série C. O que você avalia que deu errado para que o projeto mais longo fosse encerrado já no início de fevereiro?
“Pois é. É um projeto que se pretendia para o ano todo e foi abortado logo no segundo mês de trabalho. Nós montamos, como digo mais uma vez, uma equipe com enormes limitações financeiras, então nós ficamos muito restritos às demandas de mercado. Você traz algum jogador já ao longo da temporada, outros não vêm por questões financeiras, e quando se trabalha um grupo nesse quesito é natural que os resultados demorem a chegar. Tínhamos atletas que ficaram inativos durante todo o segundo semestre, é natural que eles demorem a engrenar, que o time oscile entre momentos bons e ruins. No longo prazo do projeto teríamos que ter um pouco de paciência com isso, mas, como eu disse, ficamos reféns das circunstâncias e por essa lógica natural de que o treinador é o responsável por todo fracasso, concluiu-se que não deu certo.”
A estrutura que você encontrou aqui era o que você imaginava ou deixou a desejar? Que avaliação faz desse período de dois meses que passou no Tupi e o que te apresentaram quando você foi contatado para assumir o cargo?

“Nada me foi escondido. Eu sabia que o Tupi tinha limitações estruturais e financeiras, mas acho que, maior do que isso, não pode ser a limitação de visão. O Clube tem que entender o seu tamanho, que é grande, que existem pessoas que gostam do Tupi, e buscar a partir daí uma evolução estrutural e logística. Mas não foi só por conta disso que não tivemos os resultados. É todo um conjunto, que faz o resultado final. Eu entendi todas as limitações do Tupi e acreditei que, apesar delas, poderíamos fazer um bom trabalho, assim como acredito que dará certo com outro profissional que venha me substituir.”
A saída de três profissionais que estavam há muito tempo no Tupi (enfermeiro Creso Heleno, preparador de goleiros Walker Campos e mais recentemente o médico e dirigente José Roberto Maranhas) pode ter influenciado no desempenho da equipe em campo?
“Sobre o Creso, não posso dizer, pois não trabalhei com esse profissional, mas a saída desses nomes, que acabaram pedindo para deixar o clube, gera no grupo três tipos de reações: a indiferença, lamentação e satisfação. Acho que não atrapalhou em nada, são pessoas que se dedicaram ao clube mas que em determinado momento entenderam que era hora de sair. Não creio que saída de um ou de outro tenha influenciado nos resultados.”
CBN: O Tupi contratou para essa temporada nove atacantes, gerando comentários da torcida sobre um número expressivo de jogadores para a posição. Estava dentro do seu planejamento contar com todos esses atletas?
“Repito novamente. Nós trabalhamos com uma limitação financeira muito grande. Nós contratávamos um jogador e, caso aparecesse a oportunidade, nós faríamos um “upgrade” no grupo. Na verdade são sete atacantes e que vieram de graça, como é o caso do Douglas, Kayzer, João Vítor e Patrick, por exemplo. Então a gente teve a oportunidade de ter alguns jogadores que não oneravam o clube. O Tupi não tinha a mínima condição de contratar atacantes de um patamar um pouco mais elevado, então nós trabalhamos nessa condição de empréstimo, com o que o mercado nos oferece. Mas também não acho que isso tenha sido um fator determinante.”
Clique aqui e veja a matéria do Toque de Bola sobre a apresentação do treinador
Texto: Toque de Bola, com informações da Rádio CBN Juiz de Fora
Fotos: Arquivo Toque de Bola e redes sociais da Caldense