A campeã brasileira de kickboxing k1 60 kg, Bárbara Rocha, disputa esta semana o 12º Campeonato Sul-Americano da modalidade.
A competição será em Cascavel, no Paraná. Começa nesta quarta, dia 8, e vai até 12 de dezembro. O torneio encerra a temporada da atleta de Tocantins, cidade da Zona da Mata próxima a Juiz de Fora.
“Estou trabalhando e treinando pra caramba, treinando bastante parte técnica e me preparando”, ela disse em entrevista ao programa Garotas no Toque na webradio Nas Ondas do Toque.
Cuidados
A Leoa Chakuriki explicou que todo cuidado é pouco para chegar ao Sul-Americano em condições de trazer um bom resultado.
“É o momento em que a gente crava um pouco mais a alimentação para conseguir bater o peso na categoria. Os treinos estão intensos, focados tanto na parte técnica quanto nessa perda de peso. Estamos aí trabalhando, correndo atrás para que tudo dê certo e consiga trazer o título para o Brasil de Campeã Sul-Americana”, afirmou Bárbara.
Apoio da avó e sonho
Se tinha esporte, grande chance da Bárbara Rocha participar. Na adolescência, conciliava a prática de lutas e de handebol até que teve que optar por um caminho.
“Eu me machucava na luta para o handebol e no handebol para a luta. Como no esporte individual, a responsabilidade é só nossa e eu estava sendo muito mais valorizada na luta, eu abandonei o handebol com o coração na mão e segui na luta”.
Não foi uma decisão fácil, porque precisava convencer a família. “Foi complicado falar para o meu pai que queria ser lutadora. Na minha cidade, não tinha nem homem lutando e eu fui lá metendo a cara. Foi um susto para ele. No início, ele foi um pouco contra, não me proibia, mas ficava com receio”.
Para reverter essa primeira impressão desfavorável, Bárbara persistiu, trabalhando para levantar recursos para treinos, seminários e cursos, e ganhou o apoio da irmã e da avó.
“Minha avó, Alaíde, e minha irmã, que também treinou um tempo, me motivaram muito. Minha avó é a que mais falava com o meu pai para deixar de bobeira: ‘Você sabe que a Bárbara vai dar certo, que ela não desiste, que ela está correndo atrás disso aí há tempos’. Agora está aí, sou o orgulho do papai e da família”.
Título na volta
Na pandemia, o ritmo de treinamentos diminuiu drasticamente. Das 5h diárias, 1h ou 2h, no máximo, de orientações remotas ou corridas na roça em Tocantins. A volta vem sendo gradual, conciliando treinos, fisioterapia e os estágios para a Faculdade de Educação Física. E comemorou a convocação para o camping no Paraná como o sinal que realmente estava de volta.
“Quando eu fui convocada para a seleção brasileira, eu estava entre os melhores do Brasil, foi incrível. Eu chamei a atenção, atletas que já tem lutas há muito tempo, atletas de renome e eu lá, cria nova. Ali que deu liga em mim. Eu fiz sparring com atletas que lutam há muito tempo, no profissional e no amador. Foi muito importante e influenciou muito na minha performance no Brasileiro”, contou.
Como não teve o Campeonato Mineiro, a Leoa foi convocada para representar Minas Gerais no Brasileiro disputado em setembro na Arena Carioca, no Rio de Janeiro. E ela conta que teve uma experiência marcada por sentimentos extremos, mas voltou para casa com o cinturão na K1 60 kg.
“Minha primeira luta foi com uma menina do Ceará. Foi uma luta intensa, eu comecei no gás, fui colocando pressão na menina o tempo inteiro. Depois dessa luta eu passei um pouco mal. Na segunda luta, eu fui mais tranquila, na técnica, não na pressão”, afirmou.
Luta dentro e fora do ringue
Além da conquista do Brasileiro e do camping no Paraná, Barbara está convocada para a seleção brasileira que vai para o Mundial em 2022. Portanto, está na luta fora dos ringues para viabilizar o financiamento da viagem. Para ir para o Brasileiro, chegou a fazer uma rifa – e não gostaria de repetir esta experiência.
“Eu estou juntando, fazendo um fundo, correndo atrás de fazer projetos para conseguir patrocínio. Indo atras da Prefeitura porque valoriza muito a cidade, o Estado, a região para conseguir ir ao Sul-Americano para conseguir representar da melhor forma, não ter a preocupação de fazer rifa de novo. Porque dá muito trabalho, é muito desgastante, é muito difícil. Se for preciso eu faço, queria não precisar fazer. A luta de fora é a pior, a preparação, perder peso é sempre pior, a luta é só a cerejinha do bolo”.
Mesmo com os desafios, Bárbara garante que a chance de estar na seleção e competindo é a realização do sonho dela.
“Eu achei uma mensagem que mandei para meu treinador mandar para uma pessoa que queria me patrocinar. ‘Vou falar que meu objetivo [é] lutar o brasileiro, chegar ao Sul-Americano e representar a seleção brasileira”. Quando eu vi essa mensagem, eu danei a chorar. Um alívio porque veio a pandemia e desmotivou geral. Então quando eu realmente consegui, aí caiu a ficha: caramba, eu estou realizando meu sonho, desde quando eu me filiei à Confederação Brasileira de Kickboxing (CBKB)”.
A lista de sonhos está só no começo. Bárbara deseja realizar muito mais. “Amadoramente falando o meu sonho é representar o Brasil mundo afora, ir para o Pan-Americano, para o Mundial, crescer, evoluir e conhecer o mundo através do esporte. Profissionalmente, meu sonho é lutar na Holanda, onde foi criado o estilo que eu pratico, o Chakuriki. Queria chegar lá, me sentir como parte da chakuriki, sentir o gosto de estar na casa onde o estilo foi criado”.
Com as conquistas, também divulga o kickboxing como uma opção de prática esportiva para todas as pessoas. “Tem competição de atletas por peso, tem categorias, atletas com deficiência, todos podem participar. A energia é incrível, a disciplina que a gente aprende através da arte marcial, a gente trabalha não só o corpo, mas a mente. É uma atividade que eu acho que todo mundo devia fazer”, afirmou Bárbara Rocha.
“Eu quero ser a Leoa Chakuriki”
O apelido Leoa veio quando o treinador sugeriu que ela tivesse um codinome. Foi a primeira escolha que veio à mente de Bárbara.
“Por ter o cabelo cacheado volumoso, eu sempre coloquei ‘minha juba’, leoa, sempre quando posto foto do meu cabelo, então eu quero ser a ‘Leoa Chakuriki’. Depois de eu ter me batizado assim, comecei a pesquisar as características da leoa, eu me apaixonei. A leoa é um felino muito sociável, que não tem muita competitividade com outras fêmeas, quer a união do seu grupo, quando quer alguma coisa ela vai atrás e consegue, então são características que eu me identifiquei e quero trabalhar em mim”, explicou.
Nos ringues ou como professora, Bárbara Rocha quer, como a Leoa, estar ao lado de outras garotas que lutam para realizar os sonhos.
“Sempre foi o meu objetivo ter uma história legal de vida e mostrar para outras mulheres e outras meninas que elas podem fazer o que quiserem, que não importa a condição social, característica física, que elas podem conquistar qualquer coisa. Eu prezo muito por isso nas minhas aulas, tento trabalhar a confiança, faço se sentir em casa, se sentir à vontade, não sentir aquela pressão que a sociedade faz da pessoa ser um padrão”, afirmou Bárbara Rocha.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: Bárbara Rocha/Divulgação; @asfelix_
Parabéns Guerreira Bárbara! Conhecemos seu esforço e engajamento. Você é sem dúvidas uma Leoa, Deus te Abençoe sempre.
Quem te conhece Bárbara, sabe que leoa não é o codinome que vc escolheu, já nasceu leoa, personificou a felina! A Vitória vc já tem, o título será consequência!
Sou 👊👊🦁🦁
Menina fiquei emocionada com tudo q li. Fé em Deus q tudo vai dar certo. Estou na torcida