A derrota de virada para o Cruzeiro na última rodada do Campeonato Mineiro deixou questões no ar no Tupynambás. Em entrevista coletiva após o término da partida, o treinador interino Zé Luís Peixoto disse ter visto um Baeta desgastado no segundo tempo, etapa que o Leão do Poço Rico sofreu quatro gols após abrir 2 a 0 na primeira metade.
Para esclarecer o problema citado pelo comandante alvirrubro, o Toque de Bola foi até o Centro de Treinamento José Paiz Soares para conversar com o experiente preparador físico do Leão, Cláudio Café. Em entrevista exclusiva, Café conferiu o desgaste ao curto período de trabalho do elenco até aqui.
“Primeiro tenho que explicar o seguinte. O futebol, hoje, principalmente no que diz respeito a condicionamento físico, ele tem exigido muito do jogador. A intensidade e o volume de jogo são muito altos. Nós estamos com 50 dias de treinamento. Não tem como estar 100% a essa altura”, analisou o preparador.
Quem leva vantagem?
De acordo com Café, ainda que a maioria dos adversários diretos do Tupynambás estejam na mesma situação com relação ao tempo de trabalho em 2020, a manutenção dos elencos faz também a diferença.
“A vantagem que uma equipe leva sobre a outra é a manutenção do elenco, o que é diferente do Baeta, que tem jogadores, com raríssimas exceções, que vêm de quase cinco meses de inatividade. Para colocar eles no mesmo patamar dos demais, demanda mais tempo. Fisiologicamente é impossível colocar todos no mesmo patamar nesse período. A equipe está evoluindo muito, mas ainda há jogadores que precisam de uma melhoria no aspecto físico”, completou.
Risco calculado?
O ótimo início de jogo diante do Cruzeiro chamou a atenção do torcedor. Questionado sobre a possibilidade de o Tupynambás ter tido um desequilíbrio físico entre o primeiro e o segundo tempo, Café disse que seria um erro de cálculo da comissão se isso ocorresse.
“Ninguém entra em um jogo pra jogar 100% no primeiro tempo sabendo que tem o segundo tempo pela frente. Isso é um risco calculado, ninguém faz. O jogo de futebol, hoje, pede essa intensidade durante os noventa minutos. Nenhum treinador vai falar para uma equipe se poupar no primeiro tempo e jogar só no segundo, não existe isso”.
Projeção positiva
Com uma sequência forte logo no início do Campeonato, o Baeta terá mais tempo para trabalhar as questões físicas a partir de agora. Para Café, o patamar almejado está próximo de ser alcançado.
“Na minha maneira de analisar, a equipe está em uma crescente física, técnica e tática. Tudo faz parte de um somatório de fatores que fazem uma equipe chegar a um estágio ideal. No nosso caso, nós ainda estamos evoluindo gradativamente. Tenho certeza que com mais um tempo de aprimoramento nesses três aspectos, nós vamos atingir o patamar que nós estamos esperando”, finalizou.
A reportagem foi produzida antes do anúncio do novo treinador do Tupynambás, Karmino Colombini.
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento
Fotos: Toque de Bola