Baeta aguarda transação de Danilo, diz que prioridade é pagar funcionários e convoca sócios a voltar

Entrada do Tupynambás pela secretaria
Entrada do Tupynambás pela secretaria do clube

Com a ida do lateral-direito Danilo Luiz para o Real Madrid praticamente concretizada, o Tupynambás, clube formador do atleta, tem direito a 1% do valor da transferência, contra 4% do América, de Belo Horizonte. O Toque de Bola conversou com o novo presidente do Baeta, Francisco Carlos Quirino, e seu vice, Wanderson Luis Cardoso, que revelaram o possível destino do montante e relataram a atual situação do centenário clube juizforano, detentor de mais de 50 mil fichas de sócios proprietários, mas com apenas 65 adimplentes, mostrando à equipe do portal o estado das instalações do clube.

Sobre Danilo, o mandatário do Alvirrubro juizforano preferiu manter os pés no chão. O destino da verba, no entanto, já é estudado: “Vou ser sincero, tenho ouvido falar tantas coisas na cidade. Já disseram que o Tupynambás receberia R$2 milhões. Ora Deus que me ajudasse, faria um novo clube. Mas ninguém sabe o valor certo ainda, porque a janela só abre em maio. Ele pode ir para o Real Madrid, mas também pode ir para outro lugar. Abrindo a janela tudo pode ser concretizado e então poderemos passar algo certo. Mas enquanto isso, não posso adiantar nada. E não é só o povo do Baeta que vai saber isso. Quero que toda a população de Juiz de Fora tenha conhecimento de quanto vamos receber porque aí acabam as especulações. Mas se vier esse dinheiro do Danilo, ele seria empregado muito bem, ou seja, pagando funcionários e arrumar alguma coisa do clube”, projetou, complementando com outras necessidades imediatas da agremiação.

“A prioridade é o pagamento aos funcionários. Vamos tentar acertar parte do fundo de garantia deles que está atrasada, mas não a minha, que está em dia. Temos os muros do clube que devem ser pintados e o interior também. Preciso fazer reformas no bar, na sauna, quadra, enfim, tem muitas coisas”.

Presidente Francisco Carlos Quirino (direita) e seu vice, Wanderson Luis Cardoso, receberam o Toque de Bola
Presidente Francisco Carlos Quirino (direita) e seu vice, Wanderson Luis Cardoso, receberam o Toque de Bola

 Busca por AVCB

Com posse em 9 de janeiro deste ano, Quirino ainda vem tomando conhecimento das dívidas e necessidades do Baeta. Sem titubear, o presidente admitiu os problemas financeiros, decorrentes, por exemplo, da impossibilidade da promoção de grandes eventos por não suprir os requisitos obrigatórios para a obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

“Como todos os clubes do Brasil inteiro, o Tupynambás está devendo. Já tínhamos conhecimento disso, mas assumimos o Baeta porque gostamos do clube e quando você gosta de alguma coisa, você luta por ela. Já parcelamos algumas dívidas, caso do IPTU, pagamos outras e vamos tentar, através de eventos e do futebol, ir quitando. Fazer grandes eventos ainda está difícil porque o Corpo de Bombeiros infelizmente ainda não está liberando o AVCB. O que o Corpo de Bombeiros pede é caro. Quer cerca de dez hidrantes em volta do clube e essa instalação custa na faixa de R$100 mil, e o Baeta não dispõe de dinheiro. Temos 65 sócios-proprietários em dia e outros convênios, mas não dá para cobrir. Tenho folha de pagamento, que é prioridade para mim, além de fundo de garantia dos funcionários, INSS, luz. Água não posso falar, porque temos um poço artesiano e usufruímos dele”, explicou Quirino.

Além de pequenos eventos e o pagamento dos sócios, o Tupynambás tem nos alugueis de lojas, ginásio e campo as únicas fontes de renda.

O Sport passou por problemas semelhantes e o Toque de Bola divulgou, em primeira mão, a conquista de parceria para a viabilização do AVCB pelos periquitos.

Ginásio do Baeta vem sendo alugado para receber eventos
Ginásio do Baeta vem sendo alugado para receber eventos

Retomada: “Precisamos da volta dos sócios”

Em busca do retorno de sócios proprietários, a direção do Baeta vem propondo um acordo com inadimplentes. Basta que aquele que possui débito com o clube, independente do valor da dívida, pague R$300 e, posteriormente, taxas mensais de R$55 pela manutenção das instalações, como cita Cardoso: “Precisamos da volta dos sócios. E antes de vir pagar os R$300 de dívidas anteriores e depois a taxa de R$55, que venha conferir como está o clube. Muito se fala que está ruim, mas venham ver como estão as piscinas, o campo”, complementou.

De acordo com Quirino, aquele que não voltar e seguir com as dívidas terá seu título revertido ao clube, como o estatuto manda. O quinhão para quem deseja virar sócio pode ser comprado no valor de R$700.

 Categorias de base têm Claudinei

Atualmente, o Tupynambás, em parceria com o ex-jogador e hoje professor de futebol, Claudinei Silva, tem aulas no campo para cerca de 190 crianças entre 5 e 18 anos. “Como sempre digo, faço aqui um trabalho de educador. Não ensino o menino a jogar bola, mas sim os fundamentos do futebol. Ao lado dos pais, ainda procuro formar homens. Já tenho um menino que saiu daqui e está no Fluminense, outro no Volta Redonda, então é um trabalho social e satisfatório”, avaliou Claudinei, há quatro anos comandando a base do Baeta.

Presidente (esquerda) ao lado de Claudinei, com os jovens do Baeta no fundo, treinando
Presidente (esquerda) ao lado de Claudinei, com os jovens do Baeta no fundo, treinando

  Procura-se professor

Segundo Quirino, as aulas nas piscinas devem ser retomadas em breve: “Estou procurando um professor para começar a natação e hidroginástica. Os associados inclusive vêm me procurando, mas preciso de um profissional qualificado para tudo isso, não é qualquer pessoa”, contou.

Clube juizforano tem três piscinas a disposição do associado
Clube juizforano tem três piscinas a disposição do associado

Voltar futebol profissional?

No futebol, o Baeta sempre foi marcado por inúmeras conquistas e histórias. Para Quirino, a possibilidade da volta da equipe profissional não pode ser descartada, mas apenas levada em frente com um apoiador de peso: “Se aparecer algum patrocinador aqui amanhã pedindo para levantar o profissional, eu aceito na hora. Mas precisa de dinheiro. Fui supervisor do time do Omar Peres (empresário que já não mora na cidade) aqui no Tupynambás e vi o quanto rola de dinheiro. Se tiver um patrocinador forte, disposto, é só me procurar que vamos fazer parceria”, revelou.

Estádio José Paiz Soares é palco de jogos de competições locais
Estádio José Paiz Soares é palco de jogos de competições locais

  Fusão com Sport: “Parada”

A fusão com o Periquito ainda não é página virada no Alvirrubro juizforano, como transpareceu Quirino: “Eu era vice-presidente de patrimônio na época que fomos ao Sport e faço parte da comissão do Tupynambás para tentarmos fazer a fusão. Estamos fazendo estudos, ver o que cada um deve, mas quem vai decidir isso são os associados do clube, por Assembleia Geral”, externou.

A parceria entre os clubes surgiu com a possibilidade da construção do shopping onde o Sport é localizado. O Baeta viraria, então local de treinamento dos clubes: “Quando o Sport falou em fazer o shopping, o Tupynambás ficaria como centro de treinamento. Mas parece que isso já ‘morreu’. A reunião está parada no momento, os dois clubes trocaram de presidência e ainda não sentamos para conversar”, finalizou Quirino.

 

  Pedido aos associados

Em última palavra, o presidente ainda realizou um pedido de confiança aos antigos sócios da agremiação esportiva: “Sinto muita tristeza em ver o Tupynambás como está hoje. Bate, às vezes, dentro do coração, aquela saudade de ver essa arquibancada vibrando. Aquilo mexe com a gente. As pessoas na piscina cheia elogiando, dizendo que ela está limpa. E é por isso que eu falo que os sócios têm que voltar ao clube, conhecer a diretoria e dar uma chance para nós trabalharmos. É uma diretoria nova, que está disposta a colocar o clube na mídia novamente pelo que vem fazendo e não apenas pelo nome. Mais uma vez eu peço a confiança do associado, ele precisa me conhecer”, reiterou Quirino.

Entrada do Tupynambás
Entrada do Tupynambás: direção vê como uma das prioridades a nova pintura

Texto: Bruno Kaehler

Fotos: Toque de Bola

 

Este post tem 2 comentários

  1. LUIZ EDUARDO

    Presidente, já fui vice-presidente do Tupinambás na época do sr. Russi. Fizemos esta tentativa de retomada dos sócios e, de certa forma, funcionou. Só não tínhamos esta taxa de R$ 300,00. Em uma situação de crise nacional deixo uma proposta. Mude a taxa de R$ 300,00 para um pagamento de três mensalidades antecipadas e certamente acho que o resultado será melhor. Coloco o nosso blog a disposição do clube e juntos com o amigo Ivan Elias, do Toque de Bola, vamos divulgar a nova foma de retorno a adimplência dos sócios proprietários. Com nosso cordial abraço.

  2. GERALDO A TEIXEIRA

    Sempre serei Baeta.
    Ouvi de algumas pessoas sobre um plano para 5 sócios, uma espécie de pacote, ou algo assim.
    É verdade??
    Se for, como participar??
    Obrigado.
    Baeta eterno

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