Não foram poucas as farpas trocadas entre Atlético-MG e Flamengo antes mesmo de a bola rolar para a decisão da Supercopa do Brasil deste ano.

Da definição da disputa, passando pelo local do jogo e até mesmo o hotel no qual as delegações se hospedariam, quase tudo foi motivo de polêmica. Mas, neste domingo, dia 20, às 16h, na Arena Pantanal, o que vai importar mesmo é quem tem futebol mais eficiente para bater o adversário e abrir a temporada 2022 com um título.

Bastidores quentes

Campeões do Brasileiro e da Copa do Brasil em 2021, os atleticanos não queriam nem a realização da partida. A torcida era uníssona: entreguem a taça da Supercopa, já que o jogo envolve justamente quem vence as duas principais competições do país. Mas, como espetáculo negociado com a televisão, a partida tem que existir, e o regulamento – criado justamente para garantir a disputa do troféu – diz que, neste caso, o vice-campeão brasileiro é quem se credencia para o confronto. Por isso, o Flamengo, atual bicampeão, se classificou.

Realizada em Brasília, no Mané Garrincha, nos dois anos anteriores, a Supercopa seria novamente disputada no estádio este ano. Isto já gerou polêmica do lado atleticano que, entendendo ser o mandante do jogo, não queria jogar na capital federal, por conta de a cidade ser reduto de grande torcida flamenguista. Mas, por conta das restrições impostas pelas autoridades sanitárias do Distrito Federal, a decisão não pôde ser realizada na arena originalmente programada.

Acusações

Sem a possibilidade de jogar no Mané Garrincha, os atleticanos pressionaram para que a partida fosse realizada em Belo Horizonte. Mas a CBF, detentora do mando da Supercopa por regulamento, se recusou a atender ao pedido alvinegro. Depois de um período de indefinições, a entidade máxima do futebol brasileiro determinou que a partida seria realizada em Cuiabá, na Arena Pantanal, o que não agradou a cúpula do Atlético. Mais uma vez, o predomínio da torcida do Flamengo foi colocado como argumento, além da logística complicada para time e torcida mineiros irem até a capital do Mato Grosso.

O clima azedou de vez quando a diretoria do Atlético tentou reservar o hotel que habitualmente as delegações utilizam para se hospedarem quando enfrentam o Cuiabá e descobriu que o Flamengo já havia feito a reserva. Isto gerou uma carta de repúdio atleticana à CBF, acusando a entidade de falta de isonomia, favorecimento aos cariocas e invocando até mesmo a decisão do Brasileiro de 1981 entre os dois times.

Dentro de campo

Se o clima está quente nos bastidores, a Supercopa vai ser mesmo decidida dentro de campo. Com ambos os times ainda em fase de adaptação a novos treinadores e em início de temporada, a conquista pode não provocar grandes comemorações, mas deve garantir a tranquilidade para o comandante que vencer implementar suas ideias com mais respaldo.

No lado atleticano, o técnico argentino Antonio “Turco” Mohamed tem força máxima à disposição. A equipe viajou no sábado, dia 19, para Cuiabá. Presentes na delegação, o meia argentino Zaracho, poupado da vitória por 1 a 0 sobre o Athletic na última terça, dia 15, pelo Campeonato Mineiro; e o atacante chileno Vargas, que ainda não estreou na temporada, são as duas únicas dúvidas para a partida.

Garantido em campo, o centroavante Hulk prefere deixar as polêmicas de fora. “Vamos disputar uma final com um grande adversário. Sabemos que se trata de um grande jogo. É final única, é ganhar ou perder, não existe empate. Eu, particularmente, procuro não acompanhar as provocações. Eu foco mais no meu trabalho. Foi assim ano passado e fomos muito bem sucedidos”, destaca.

Sem Maia

No Flamengo, o técnico português Paulo Souza ainda está dentro do limite das seis semanas consideradas por ele como ideais para que a equipe tome corpo. O único desfalque flamenguista é o volante Thiago Maia. Esta semana, o jogador sofreu um corte profundo em um dos treinamentos antes da vitória sobre o Madureira, por 2 a 1, pelo Campeonato Carioca e nem viajou para Cuiabá. O zagueiro Rodrigo Caio, que se recupera de cirurgia e infecção no joelho direito, seguiu com a delegação para a capital do Mato Grosso, mas não tem condições de jogo.

O zagueiro David Luiz falou sobre o momento do Flamengo e a preparação para a final. “Sempre que chega uma nova filosofia, leva-se um tempo para que esta seja implantada da melhor maneira para que todos possam conhecer cada conceito que devemos seguir. Mas acho que a gente vem tendo uma evolução muito produtiva, vem aprendendo bastante. E o grupo está pronto para executar o plano que vai ser feito para esta final”, acredita.

Atlético-MG x Flamengo
Supercopa do Brasil – Arena Pantanal 
20/01 – 16h

Árbitro: Anderson Daronco
Auxiliares: Danilo Ricardo Simon Manis e Bruno Raphael Pires
VAR: Daniel Nobre Bins

Atlético-MG: Everson, Mariano, Nathan Silva, Godin e Guilherme Arana; Jair, Allan, Nacho Fernández e Zaracho; Keno e Hulk. Técnico: Antonio Mohamed

Flamengo: Hugo, Fabrício Bruno, David Luiz e Filipe Luís; Rodinei, Willian Arão, Andreas (João Gomes) e Everton Ribeiro; Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel. Técnico: Paulo Souza

Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos

Fotos: Lucas Figueiredo/CBF; divugação/Arena Cuiabá; Facebook/Atlético; e Facebook/Flamengo