Árbitro juiz-forano Maurício Machado comemora estreia em clássico com boa repercussão

Formado em Educação Física na Universidade Federal de Juiz de Fora e nascido na Manchester Mineira, o árbitro do quadro da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), Maurício Machado Coelho Júnior, apitou o empate em 1 a 1 entre Vasco da Gama e Botafogo na noite de domingo, 28, em São Januário, pela fase de classificação do Estadual do Rio.

O Toque de Bola conversou com Maurício no final da manhã desta segunda-feira e constatou que ele tem motivos em dobro para comemorar: foi a estreia do juiz-forano em clássicos (como árbitro principal) e sua atuação rendeu elogios da imprensa. Confira abaixo a íntegra da entrevista exclusiva do portal com o árbitro:

 

Maurício Machado acompanha lance de perto no clássico disputado em São Januário(Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)
Maurício Machado acompanha lance de perto no clássico disputado em São Januário(Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)

 Toque de Bola: Foi seu primeiro clássico no Campeonato Estadual? Há quantos anos pertence ao quadro da Federação?

 Maurício Machado: “Estou no quadro desde 2005, fiz o curso em 2004 no Rio de Janeiro e subi para o profissional em 2008. Minha estreia no apito foi em 2010 e ontem (domingo) o meu primeiro clássico pela Federação”.

Toque de Bola: Como foi a sensação de atuar em seu primeiro clássico?

Maurício Machado: “Uma alegria muito grande. Sinal de um trabalho que é reconhecido por todos, dentro da Federação e da comissão de arbitragem que faz tudo para que possamos realizar nosso melhor em campo. Ano passado este clássico  foi a final do Campeonato Carioca. Me senti muito orgulhoso, além de ser entre líderes e invictos da competição. O friozinho na barriga sempre tem em qualquer jogo, mas depois que soa o apito tudo se desenvolve naturalmente”.

Toque de Bola: Qual foi a repercussão até agora da atuação? Percebemos durante o jogo que os jogadores mais experientes, principalmente do Vasco, fizeram uma pressão talvez por você ser mais novo. Foi normal?

Maurício Machado: “Acho uma situação natural do jogo, afinal de contas era um clássico e as duas equipes brigavam pela invencibilidade e liderança de seus grupos. Não teve nada de exagerado nas reclamações, e o que se excedeu tentei conter com cartões e palavras. O respeito prevaleceu dentro de campo, o que ajudou que a partida terminasse bem. E depois recebemos muitas mensagens nos parabenizando. Às vezes recebemos de amigos e ficamos meio assim, mas a imprensa tanto escrita, quanto falada, elogiou. Erros e acertos acontecem em uma partida até porque existem muitas decisões para tomar. O importante é nunca influenciar no resultado e conseguimos fazer isso”.

Toque de Bola: Este ano, quando seu nome foi confirmado para apitar Fluminense x Tigres, a imprensa do Rio logo fez referências à sua atuação no mesmo encontro, ano passado, quando houve empate e o Fluminense reclamou muito.  Na partida deste ano entre as duas equipes, você entrou pressionado?

Maurício Machado: “De maneira nenhuma. Foi uma coincidência. Algumas pessoas lembraram do jogo do ano passado, mas o que posso falar é que entrei com mais vontade, querendo mostrar mais serviço. No jogo de 2015 as situações que aconteceram são de opiniões distintas: algumas pessoas criticam, outras elogiam, mas são coisas do futebol. Ao meu ver, aquela partida foi mais complicada porque o Fluminense estava para sair da zona de classificação e o Tigres lutando contra o rebaixamento. Nesse ano foi mais tranquila, o Fluminense conseguiu construir o placar de 4 a 0 e a partida fluiu normalmente”.

Juiz-forano confirmando gol vascaíno que abriu o placar no clássico estadual (Foto: Paulo Fernandes/Vasco.com.br)
Juiz-forano confirmando gol vascaíno que abriu o placar no clássico estadual (Foto: Paulo Fernandes/Vasco.com.br)

Toque de Bola: Qual o peso para a sequência do Estadual e de sua carreira por ter atuado em um clássico sem críticas de uma forma geral?

Maurício Machado: “Penso sempre em um degrau de cada vez. Nunca dou um passo maior que minha perna, minha carreira foi sempre baseada assim e vai se manter dessa forma. Foi meu primeiro clássico e agora vou batalhar pelo segundo, e assim sucessivamente. Quem sabe, futuramente, uma semifinal ou final de campeonato, mas sempre com os pés no chão”.

Toque de Bola: Os clubes estão bem claros quanto ao apoio à Federação: Vasco e Botafogo de um lado, a favor, e Flamengo e Fluminense contrários. Isso atrapalha muito a arbitragem?

Maurício Machado: “Graças a Deus dentro de campo nós temos total liberdade para fazer nosso trabalho. O que acontece fora é resolvido pela Federação entre os clubes, uma coisa política deles. Dentro de campo nosso trabalho é legitimar o resultado da partida. Erros acontecem para o time A ou para o time B, mas nós temos liberdade para fazer o nosso trabalho da melhor forma possível. Se for exercido com excelência, ela será passada para nossa comissão de arbitragem e receberemos apoio da Federação também”.

Toque de Bola: Neste ano não há mais o árbitro adicional atrás dos gols, que a Federação adotou até pouco tempo. Isso atrapalha de alguma forma por vocês terem se acostumado a trabalhar na função ou com companheiros na função? E a câmera no árbitro?

Maurício Machado: “Desde o ano passado voltamos a trabalhar sem o árbitro adicional, o que para mim é uma perda para o futebol. A UEFA continua adotando isso, mas a CBF e a Federação resolveram tirar e nós temos que nos readaptar. Retomamos o que fazíamos antes em relação à movimentação e posicionamento. Inclusive, este ano tivemos a participação do Oscar Ruiz, árbitro referência na América do Sul e no mundo, na nossa pré-temporada, o que acrescentou muita coisa. Trabalhamos muitas situações de posicionamento com bola em jogo, fora de jogo, muita experiência foi passada para a gente. Em relação à câmera, tem sido feito só em jogos da Globo. O que tem sido me passado, mas que não posso dar 100% de certeza, é que é um pedido da televisão para ser colocado para ver o trabalho do árbitro mesmo. Não sei se isso vai ser aproveitado de outra maneira”.

Toque de Bola: Além do clássico, qual jogo mais marcou a sua carreira?

Maurício Machado: “Ano passado fiz as decisões das segunda e terceira divisões no Rio, além de semifinais da Copa Rio. Cada jogo tem uma história diferente e é difícil falar de um que marcou apenas. Ano passado fiz minha estreia no Maracanã novo. Vou fazendo degraus na minha vida e subindo eles devagar, sem tropeçar. Apitei em 2010 meu primeiro jogo de time grande, entre Flamengo e Boavista, então tudo isso vai marcando. Em cada partida há uma recordação”.

Toque de Bola: Você fala em ir passo a passo na carreira, mas tem ambição de chegar na CBF e FIFA?

Maurício Machado: “Hoje tenho 39 anos e antigamente a indicação para a CBF tinha abaixado muito a idade, chegando aos 30 anos para entrar e nessa época eu estava com 32, então não pude ter a indicação. Subiu para 33 e eu estava com 35 e não pude ser indicado novamente. Agora estão deixando até os 40 e sem tempo de encerrar carreira, mas não sei, é difícil de explicar. Por isso falo de dar passo a passo na minha carreira, de sempre estar fazendo meu melhor e claro, se surgir a oportunidade, o próximo degrau depois da Federação seria a CBF. Em 2008 tive uma indicação para o quadro da CBF, mas teve 30% de corte e não permaneci, então não pude desfrutar de nenhuma partida. Mas hoje meu foco está dentro da Federação, a cada jogo, independente se for clássico ou da zona de rebaixamento”.

 

Texto: Guilherme Fernandes e Bruno Kaehler – Toque de Bola

Fotos: Vítor Silva/SSPress/Botafogo e Paulo Fernandes/Vasco.com.br

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Este post tem um comentário

  1. Rodrigo de Souza

    gostei da matéria, precisamos de materua deste porte para que valorizem mais o futebol e arbitragem da nossa região em geral,parabéns Mauricio,sucesso sempre e parabéns ao toque de bola pela matéria, abraços..

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