Na terça, dia 15, na abertura da rodada sétima rodada do Campeonato Mineiro 2022, o lance que decidiu o confronto isolado do dia deu o que falar.
O placar de 1 a 0 do Atlético-MG em cima do Athletic, de São João Del Rei, no Mineirão, foi conquistado com um pênalti marcado aos 46 minutos dos segundo tempo. No lance, o árbitro juiz-forano, Paulo César Zanovelli, viu falta do zagueiro Sidimar no atacante Ademir (veja sequência completa abaixo), e o centroavante Hulk converteu a cobrança. A marcação gerou polêmica e, por isso, o Toque foi ouvir o especialista em arbitragem, Álvaro Quelhas, além do próprio árbitro sobre o episódio.
Silêncio e repúdio
Zanovelli esclareceu à reportagem do Toque que não pode dar entrevistas sobre lances técnicos das partidas. O árbitro acredita que é possível que a comissão de arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF) se pronuncie sobre o assunto. O Super.FC, do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, confirmou com o responsável pela arbitragem mineira, Juliano Lopes Lobato, o afastamento por tempo indeterminado do árbitro juiz-forano para um período de reciclagem.
O técnico do Athletic, Roger Silva, e o centroavante da equipe, Ricardo Oliveira, já falaram depois da partida. O clube usou suas redes sociais para manifestar repúdio por conta da marcação da penalidade máxima.
Especialista: não foi
Para o ex-árbitro das federações Carioca e Mineira, Álvaro Quelhas, a marcação da penalidade foi um erro. “Tenho discordância da marcação do pênalti. Ela vai na direção que, acredito que a mão que o zagueiro do Athletic coloca no peito do atacante do Atlético não seja suficiente para a marcação da falta. Interpretei que o Zanovelli marcou o uso do braço pelo defensor. De fato, ele coloca a mão e o atacante cai no chão. Mas não creio que tenha se caracterizado a falta por não interpretar essa ação suficiente para ser faltosa.”
Segundo o especialista em arbitragem, que atuou como árbitro por 23 anos, mesmo errando, Zanovelli manteve coerência com outros lances do mesmo jogo marcando a penalidade. “Para ser fiel à realidade, todos que viram o jogo vão se lembrar que o árbitro marcou uma falta e deu um cartão amarelo ao zagueiro do Atlético, Igor Rabello, ainda no primeiro tempo, em uma jogada pelo uso excessivo das mãos em uma jogada no meio de campo. Marcou também outros lances de faltas durante a partida, aplicando sanções, por conta do uso excessivo das mãos e braços na disputa da bola. Então, dentro da partida, teve coerência em sua marcação. Eu discordo, porque não creio que aquela ação do defensor tenha caracterizado uma falta”, diz Quelhas.
Sem má fé
Para Álvaro, não se pode usar o lance para fazer ilações sobre a conduta do juiz-forano. “Não podemos analisar uma decisão de um árbitro de forma isolada. Nem fazer conjecturas maiores, do tipo: ‘se fosse ao contrário ele não daria’, ‘é um time de camisa grande’, ‘é um grande da capital no último minuto’. São difíceis de a gente comprovar. Com minha experiência de arbitragem, conheço bem o processo e sei que não é assim. Refuto qualquer tentativa de desqualificar o trabalho do Paulo César Zanovelli, na perspectiva de uma fragilidade ética ou moral. Rejeito qualquer tipo de ilação com relação à intenção do árbitro. Isso não nos ajuda a compreender os problemas da arbitragem brasileira”, considera.
Segundo o ex-juiz, no ponto específico do lance, há um problema de orientação aos atuais homens do apito no Brasil. “Vejo que os árbitros brasileiros estão tendo uma instrução complicada. Está provocando em campo interpretações equivocadas que não correspondem ao espírito das regras do jogo. Assim, acredito que isso tenha ocorrido com o Paulo, eles são levados ao erro pela instrução que recebem. Porque, se vocês observarem, essa questão das mãos e dos braços tem sido muito cobrada da arbitragem. Isso tem provocado em alguns momentos um excesso, simulações, qualquer encostão e o atleta simula que foi no rosto e pescoço. Os atletas não colaboram tentando ludibriar a equipe de arbitragem. Isso tudo forma um caldo que dificulta a atuação do árbitro.”
Confira a sequencia de imagens do pênalti marcado a favor do Atlético (clique para ampliar):
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos com informações do Super.FC
Imagens: reprodução/Premiere